A minha história com a massa é uma relação de amor-amor. Eu cá por mim comia massa todos os dias (e virava uma pequena lontra) de todas as maneiras e feitios. Portanto acho que as massas merecem totalmente um dia só para elas. Até mais, podia haver um dia para o macarrão, outro para a tagliatelle, outro para a esparguete, um para a massa verde, outro para a preta, enfim, para todas!

Esquisita que sou, se me derem massa estou safa. Ir a um restaurante italiano é um regalo. Ir a Itália, então, foi o melhor de sempre. O único país do mundo onde eu gostava de toda a ementa. A melhor massa à carbonara que comi na vida foi em Veneza. Nunca me vou esquecer dela.

É mesmo pena aquele assunto dos hidrato:  “Não se pode comer hidratos à noite”. Não se pode? Vem lá alguém atrás para me impedir? O fiscal dos hidratos. Ele existe, na minha cabeça. Se não fosse ele podem crer que eu pesava o triplo! Não comer massa é um tormento dos grandes. Porque, vamos lá ver, massa é vida.

A minha história com as massas é antiga. Como diz a canção, há muito, muito tempo, era eu uma criança e pedia massa a todas as refeições. Conta a minha avó, repetidas vezes, que sempre que me perguntava o que eu queria para acompanhamento eu respondia massa. Mas (tinha que haver um mas) era massa praticamente crua. Eu gosto da massa muito pouco cozida, quaisquer cinco minutos ao lume me bastam. Ficar ali na água a engrossar é que não, porque fica toda mole e eu odeio coisas moles.

A minha mãe diz que não sabe para que é que eu meto a massa na água a ferver. “Porque é que não comes logo diretamente do pacote?”, diz-me ela. Sempre que havia massa para jantar lá ia eu ao tacho tirar a minha parte antes que estivesse “pronta”. Depois comia a massa, super satisfeita, e sozinha, porque ainda não era altura de virem para mesa. E comia assim mesmo sem nada, só com manteiga (isso, gordurinha da boa ali ao jantar). Depois disso, quando a minha mãe, o meu pai e a minha irmã se sentavam à mesa, eu já só tinha bife. A massa já tinha ido, porque se eu esperasse ela já não ia ter o mesmo sabor.

Cada maluco com a sua pancada. Mas tenho algo a dizer em minha defesa. A culpa não é minha. Diz a lenda familiar que eu aprendi isto com o meu tio. E família é família.

(E massa é massa.)