Propensão para não trabalhar. Ócio. Demora ou lentidão em agir. Vagar. Evitar ou recusar um esforço. Aquele que é mandrião. Inacção.

Ser preguiçoso.

Levantei-me tarde da cama. Meti o pé no chão e caminhei de olhos cerrados até à casa de banho. Só isso já me dava trabalho que não estava disposta a ter. Dirijo-me, ainda a bocejar, a caminho da cozinha. Visto o robe, que está frio. Mas vou descalça. Perdi as pantufas e não me apetece procurar. Talvez estejam debaixo do sofá aninhadas.

Ouço um barulho. É o meu estômago. Vou comer o quê? Uma caneca de leite. A barriga já se cala. Qualquer coisa mais complicada do que abrir o microondas e aquecer leite é muito. Pelo menos hoje.

Deambulo pela casa.  Esfrego os olhos só para ter a certeza que estou já bem acordada. Tenho roupa para apanhar, mas deixo-a ficar. Não vai a lado nenhum. Fica no estendal como a caneca ficou no lavatório. Eu também não vou a lado nenhum. 

Quanto mais durmo mais sono tenho. Aquela sensação de dia perdido. Horas a passar. Que se lixe. Hoje é dia da preguiça.

Hoje teria gostado de me levantar tarde da cama. Teria gostado de deambular pela casa. Teria gostado de ficar a perder horas. Hoje é dia da preguiça e é segunda-feira. Se enfrentei estas duas fatalidades, e ainda levei com este frio, o resto da semana está perfeitamente controlado.