Pensei que as coisas no ginásio fossem melhorar com o tempo. Pensei que a minha relação com o ginásio pudesse um dia ser de amizade. Eu tentei estreitar laços indo la algumas vezes. Mas não. As coisas não melhoraram. Não ficamos amigos. E é mentira que eu esteja a tentar ir lá mais vezes.

Eu vou ao ginásio quando tenho aqueles estranhos ataques de “ai meu deus estou tão gorda”. Nesses dias encho-me de muita energia e determinação e vou lá dar o ar da minha graça. Mas depressa me arrependo. Mal posso esperar pela hora do duche. Normalmente meto-me dentro de uma sala de aula para ter a certeza que durante aquela meia hora não me tento escapar. Prefiro enfrentar a dor do que passar a vergonha de sair a meio.

Acontece, que no ginásio, se eu puder escolher, vou fazer tudo o que seja trabalho com as pernas. Evito sempre, até ao fim, trabalhar os braços. Detesto. Não tenho força e também não quero criar grande músculo nesta zona. Mas depois penso naquela história de estar no verão e dizer adeus a alguém na praia. E lembro-me daquela parte por baixo dos braços a abanar. O músculo do adeus. Como odeio dizer adeus a alguém. Dá-me vontade de acenar com a mãozinha cá em baixo, tipo aceno de realeza. Assim ao de leve para não abanar nada. Mas na impossibilidade de ser sempre chique, lá peguei nuns pesos. E quando cheguei ao carro tive mesmo dificuldade em lançar o meu braço para trás para apanhar o cinto de segurança. Pobre pequeno braço inanimado.