Não conheço a Helena, autora deste livro, o “Diz-lhe que não”. Conheço, sim, o trabalho dela pelo que acompanho no blog, no jornalismo e por ter assistido a uma palestra do projecto “Vive a tua beleza”. Não conheço a Helena pessoalmente mas quando li este livro senti que ela estava ao meu lado a contar-me uma história. Ou várias, vá.

Admiro o trabalho da Helena no blog The Styland. Gosto e identifico-me com o tipo de escrita dela. Parece que fala connosco em vez de escrever. Sarcástica, irónica, humorística. Sem medos de dizer palavrões ou de falar de temas controversos. Uma vez assisti a uma palestra do “Vive a tua beleza” onde ouvi a Helena falar. Sei que é uma mulher dedicada às mulheres e aos seus poderes e capacidades. Acho que a Helena jamais deixaria uma mulher dizer que não é capaz de fazer qualquer coisa.

Mas vamos ao livro. O livro tem várias histórias de relações de amor. E de amizade. Tem paixões. Tem desilusões e ilusões. Tem dor, sofrimento e tristeza e tem divertimento e sorrisos. Cada capítulo fala sobre um tipo de homem e do tipo de relacionamento que esse homem, com as suas especificidades, tem como uma mulher. Não é uma história do principio ao fim, digamos assim, embora em alguns capítulos possamos voltar a encontrar as mesmas personagens, porque, enfim, a vida está cheia de acasos, não é?

A Helena escreve straight to the point. Sabem aquilo que vocês estão ao pensar mas não dizem? É isso. Esta coisa do amor nos tempos modernos, por exemplo? O amor moderno é o que está em todas as redes sociais caso contrário nem existe, não é? Queremos deixar de falar com uma pessoa mas gostamos de saber o que ela está a fazer. Somos mais que curiosos. Já pensaram nisto? Quer dizer, já não bastava tudo se saber, porque o mundo é um bidé e há sempre alguém-que-conhece-alguém-que-viu-alguém e ainda pomos tudo nas redes sociais. Pois. Está certo.

As redes sociais são exactamente isto: pessoas do nosso passado que estão permanentemente presentes e vivem todas juntas no ecrã do nosso computador, juntamente com os seus amigos e amigos dos seus amigos. Vivemos numa teia onde ninguém se conhece efectivamente mas sabemos a vida toda uns dos outros” (Helena Magalhães, Diz-lhe que não)

Penso que a ideia é nós mulheres nos identificarmos com algumas histórias e com alguns tipos de homens que passam pela nossa vida. Bem, eu devo esclarecer que não tive grandes desilusões de amor. Não me lembro de sofrer imenso. Talvez isso seja bom, talvez seja mau, não sei. Achei por bem revelar-vos isto. E enquanto lia rezava para que algumas das histórias que ali estavam fossem ficção, porque ninguém merece! Mas a verdade é que reconheço como absolutamente possíveis de terem acontecido a alguém. Talvez eu seja cautelosa, mas ingénua é que não.

Estar numa relação é como dançar. E para podermos fluir com elegância na pista, não podemos ter uns sapatos apertados, que nos fazem doer os pés. É isso que fazemos quando carregamos o peso morto dos problemas de outras relações que nos continuam a atormentar.(Helena Magalhães, Diz-lhe que não)

Senti imenso este livro pela linguagem, como se a Helena estivesse mesmo ali ao meu lado a contar-me aquilo. Não encontrei ali frases feitas sabem? Encontrei, sim, experiências que, mais ou menos ficcionadas,  não interessa, transmitem, em última instância, lições. E não é isso que levamos de uma relação a seguir à outra? Lições?

Dei por mim tão dentro da cena, como se eu também fosse uma delas a beber chá.  E ri-me com algumas coisas. E chateei-me com outras! E pensei várias vezes “oh, se fosse comigo nunca fazia isto, isso é que era bom. Eu nunca dizia aquilo, mas o que é que ela está a fazer, vai cair na cantiga dele outra vez?”. Bah, balelas. Sei lá o que é que eu fazia ou dizia se fosse comigo! Na altura fazemos tudo ao contrário do que dizemos a sete ventos que fazemos.

Portanto este livro é para as mulheres saberem que não estão sozinhas, que já todas conheceram homens que não interessam a ninguém e que há muitos homens certos depois dos homens errados. Mas eu acho que este livro devia ser lido por homens também, nem que fosse para eles perceberem que já os topamos!

Mas quando chegamos a casa, ao final do dia, todos queremos a mesma coisa: uma pessoa para abraçar. E é por isto que o amor é outra coisa. É sentirmo-nos em casa com alguém ao lado. É sermos nós próprias com alguém ao lado. É sermos independentes com alguém ao lado. É partirmos para o mundo com alguém ao lado. É vivermos a nossa vida exatamente da forma como a queremos viver…com alguém ao lado. Alguém que a quer viver da mesma forma. Este é o amor que é realmente outra coisa(Helena Magalhães, Diz-lhe que não)