Hoje é a última segunda-feira do mês e a última receita sobre o livro do mês de Julho, do projecto Páginas Salteadas, calha-me a mim. Está na hora de vos revelar qual foi a receita que o livro “Simplifica a tua vida” da Rute Caldeira me inspirou a fazer.

Este projecto é um desafio e como disse aqui, implica ler um livro por mês e com ele criar uma receita. E o primeiro livro que escolhemos foi outro desafio. Pelo menos para mim. Eu nunca tinha lido nada do género porque não acredito em livros de auto-ajuda. Parti para a leitura desconfiada e convenci-me que aquilo não era para me auto ajudar. Era para me auto-controlar um bocadinho.  Toda a gente a quem dizia que estava a ler aquele livro se ria porque sabiam que nada tinha a ver comigo e diziam-me “Simplifica a tua vida? Bem precisas!” Pois lá está. Eu aceitei este desafio precisamente porque precisava de tornar os meus pensamentos mais simples, de me mudar um bocadinho, de me controlar. E consegui encontrar um sentido naquilo que li. Os meus amigos dirão agora com voz esganiçada por terem razão na luta contra os meus cepticismos “Vês?”

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Este livro tem três coisas que quero destacar:

  • Os ensinamentos da Rute para que tenhamos uma vida mais equilibrada;
  • Histórias de pessoas que mudaram de vida por terem mudado a forma de pensar e agir;
  • Exercícios de respiração e meditação.

Eu não me sinto preparada para meditar e para fazer respirações profundas ou ioga e acho importante confessar isto desde já. Sou algo céptica e não vou estar aqui a apregoar uma coisa que não sou. Agora, atenção, eu posso nunca vir a meditar mas isso não quer dizer que me identifique menos com algumas partes deste livro. De facto, identifico-me com alguns ensinamentos que a Rute transmitiu e que podem, na minha opinião, simplificar mesmo a minha vida. Como o desapego de coisas a que estamos demasiado presos e nos danificam as relações com os outros e connosco próprios. “Tu sabes que há alguma coisa que precisas deixar ir, há algo que precisas libertar. Pode ser uma emoção, uma característica, um emprego, um medo, um bem material, uma pessoa, não importa“.

Outra coisa com a qual me identifiquei foi com o capítulo da libertação do medo e do acordar a nossa consciência. “Qualquer pessoa que entre no nosso caminho, mesmo que seja por apenas uma semana, traz consigo uma mensagem para a nossa alma“. Estas meninas, companheiras de projecto, são o exemplo disso, entraram na minha e mudaram-na nem que seja um bocadinho. E eu conseguir perceber isso é um passo à frente. A prova disso é que poderia até ter projectos com elas, mas nunca teria lido este livro, por exemplo, porque eu antes rejeitava tudo aquilo em que não acreditava e agora já me permito experimentar.

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A minha parte preferida do livro tem a ver com algo que eu tenho tentado modificar este ano e foi bastante interessante e até engraçado que aparecesse aqui. O negativismo que incutimos de forma constante em nós mesmos. A Rute diz que ao estarmos constantemente a ter pensamentos negativos e a lidar com gente com carga negativa (que existe!) estamos a enviar mensagens desse teor ao nosso cérebro repetindo esses comportamentos vezes sem conta sem nos apercebermos. “Funcionamos por repetição. Por essa razão podemos habituar o cérebro a ter pensamentos baseados no negativismo, na dificuldade e no medo, por isso muitas vezes estamos perante situações simples de resolver, mas como viciámos o cérebro para a complicação e o pessimismo tudo se vai transformar em drama e dificuldade.” Ora nada mais verdadeiro do que isto. Eu estou a perceber e a reconhecer isto e a tentar alterar este estado permanente na minha mente.

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A explicação da receita

Quando ia a meio do livro fez-se uma luz. Quando não fazia a mínima ideia do que ia cozinhar, a ideia surgiu. Foi mais um ensinamento. Não nos preocupemos demasiado. A solução surge quando menos esperamos. Este era o primeiro livro que lia do género, esta era a minha primeira receita para o meu primeiro projecto em parceria com grandes bloggers que admiro. Esta era a minha entrada num mundo de coisas novas. Tinha de cozinhar uma entrada. Simples assim!frase4

Tenho um hábito que é dar cor às coisas, às palavras. E este livro lembra-me algo verde. E coisas frescas. Queria cozinhar alguma coisa dessa cor e com esse sabor. Mas quase todos os alimentos verdes são legumes e não gosto de os comer. Não queria meter uma folha de alface num prato e dizer que foi assim que simplifiquei a as coisas. Então pensei no abacate. Um fruto que entrou na minha alimentação há pouco tempo. Mas eu queria que a minha receita representasse aquilo que eu senti enquanto li o livro. Uma misturada de coisas. Um cepticismo com uma espécie de deixar entrar novos elementos na minha personalidade. No fundo não estou pronta para meditar mas estou pronta para perceber o modo como me defendo, perceber os meus medos e hesitações. O que poderia representar esta mistura, ser verde e levar abacate? Pensei no guacamole e na forma como mistura ingredientes e no folhado pelas suas mil folhas. Quando trincarmos vamos sentir várias texturas e sabores como eu senti a ler o livro.

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Receita de Mil Folhas de Guacamole

  • 1 abacate
  • Meio limão
  • Meia cebola roxa
  • 5 tomates cherry
  • Salsa
  • Massa folhada
  • Pistáchios
  • Gengibre

Cortar a massa folhada em quadrados ou retângulos pequenos e levar ao forno até estarem lourinhos. Enquanto isso esmagar o abacate e misturar o sumo de limão. Cortar a cebola em bocadinhos bem pequenos (mesmo que isso implique chorar desalmadamente). Depois cortar os tomates e a salsa e juntar ao preparado. Por fim juntar alguns pistácios e pequenos filamentos de gengibre.

Depois podemos fazer duas coisas. Mergulhar os pedaços mais pequenos de massa folhada no guacamole e comer como se tivermos muita fome. Ou preparamos os mil folhas de forma a apresentarmos a receita de uma maneira mais elegante. Só temos de abrir, com uma faca, os pedaços de massa folhada, com muito cuidado para não esfarelar tudo em migalhas, e fazer várias camadas de massa folhada e guacamole intercalado, criando assim um mil folhas bonito.

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É preciso estarmos alerta para o modo como desperdiçamos a nossa energia com tópicos que, na verdade, estão muito longe de nos conduzir à felicidade (…) se nos apercebermos que estamos ligados a mesquinhices que geram discussões, mal estar, inquietação, pensamentos destrutivos, que nada contribuem para os nossos sorrisos.

Descubram qual será o próximo livro sobre o qual vamos cozinhar já na próxima segunda-feira no blog da Catarina, do Joan of July. E Vejam as outras receitas inspiradas neste livro “Simplifica a tua vida” nos blogs que formam o Projecto Páginas Salteadas:

Às Cavalitas do vento – Mexilhões

Joan of July – Brunch caseiro

Lolly Taste – Barras de granola vegan

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