Não sei vocês são do team mapa ou do team gps. Claramente há um hiato entre as pessoas de cada team. Sabem os jogos dos solteiros contra casados? É quase a mesma coisa. A pessoa que gosta de mapas não trabalha com gps e a pessoa vítima da tecnologia máxima abomina mapas e aquela coisa demodé que é pedir informações.

Acontece o seguinte. Eu não sou de team nenhum. Posso ir à baliza ou quanto muito ser o árbitro. Sei lá. Estas coisas dos caminhos é esquisita. Não me oriento. Eu mal sei onde deixo o carro no parque de estacionamento, e tenho que recorrer à técnica de abrir e fechar o carro para ver as luzinhas a piscar, quanto mais o caminho para o restaurante xpto para lá do sol posto.

Quando era miúda (tipo, ontem) participava sempre nos jogos de orientação da escola. Daqueles em que nos davam um mapa e uma bússola (a sério?) e tínhamos de encontrar as balizas e furar o papel como prova de que lá tínhamos estado. Tudo muito bonito e no meio do nada, normalmente. Graças a todos os santos o jogo era em dupla e a minha função era normalmente picar o papel enquanto o meu par ia analisando mapas e vendo os caminhos para onde devíamos ir. Também era frequente ser eu a encontrar bons spots para descansar um bocadinho, uma vez que aquilo tinha que ser feito tudo a correr, para sermos os primeiros a chegar. Como vêem eu ficava com as partes mais duras do jogo, não é?

Estas atividades juvenis não me ajudaram muito na vida e hoje não sei o caminho para lado nenhum. Portanto para andar na cidade costumo usar gps no telemóvel. Mas ele engana-me. Não estou a brincar. O meu gps já me mandou virar à direita no meio da ponte 25 de abril. Também já me disse que o meu destino era ali à frente, só que não. O meu gps (queriduxo da dona) gosta sempre de me dar o caminho mais rápido, mas esse caminho implica passar em caminhos de cabras por onde ninguém passa vai para anos, talvez sejam mesmo proibidos. Além disto tudo, o gps fala com desdém e diz para eu virar à esquerda na rua não sei das quantas, mas eu não sei os nomes das ruas caso contrário não precisava dele para nada. Eu imagino sempre a altura em que ele se vai passar da cabeça, por eu andar às voltas, e vai começar a dizer “Sua estupida, eu disse que era para virares à esquerda, não ouviste?”. O pior é que imagino isto em várias línguas “Sua vagabunda eu não falei pra você virar à esquerda, não ouviu não, sua anta?”.

Quando eu digo a alguém que “sim senhora eu vou lá ter, tenho gps”, isso não quer dizer que vá correr particularmente bem. Portanto isto não vai lá com gps, muito menos vai com mapas onde eu não sei sequer ver qual é a estrada principal. Só tenho mapas de outros países que gosto de trazer, não sei bem para quê até porque nunca ficam bem dobrados conforme estavam no início. Tentar dobrar mapas para mim é como fazer o cubo de rubik dar certo.

Portanto, aguardo a invenção de uma tecnologia nova qualquer que me ajude a visualizar a luz nas ruas destas cidades. Um chip que se introduza na pele. A nuvem mágica do Son Goku. Talvez teletransporte como faziam os Power Rangers.