Todos os países do mundo
Era uma vez um menino que gostava de jogar futebol e queria ser o melhor do mundo. Pediu, então, ao seu mentor para o treinar. O mentor marcou às 12h, na praia. Mas quando o menino lá chegou não havia bola. Achou estranho. Entrou no mar, conforme mandou o treinador,e sentiu-se afundar. O treinador estava empurrá-lo para baixo de água. O menino estava a ficar aflito. E o treinador disse quando quiseres ser o melhor jogador do mundo tanto quanto queres respirar, eu treino-te.
Para se realizar um sonho não basta querer. Tem que se querer muito. Tanto quanto se quer respirar. O Diogo contou-me esta história para ilustrar a sua. Queria muito conhecer todos os países do mundo. Mas como todas as pessoas não tinha tempo nem dinheiro. Dois problemas que se resolveram. Porque ele queria muito. Decidiu ir para a Europa, um mês, com um euro por dia. “Foi uma experiência de vida. Não te muda radicalmente, vai-te mudando aos poucos, com o tempo. Muda a forma como olhas para o mundo…como concretizas os teus sonhos…”
O Diogo não queria só viajar, em passeio. Queria mais. Por isso, ele distingue “viajar” de “fazer turismo”. O Diogo queria conversar com as pessoas que moram nos outros países, queria saber quem elas são e conhecer os seus hábitos, e os seus sítios, sem tempos. E se isso implicasse não subir à Torre Eiffel hoje, então subia amanhã. “Queria conhecer as culturas. As pessoas olhos nos olhos. Não queria uma viagem totalmente pensada, totalmente projectada e definida, pelo contrário, queria que fosse a viagem a controlar-me a mim”.
O Diogo tem 19 anos e estuda engenharia informática. Sem tempo nem dinheiro para avançar com o seu sonho, desenvolveu durante um semestre a ideia “Vou ali e já venho”, porque as pessoas mais velhas passavam a vida a dizer-lhe que abdicaram dos sonhos, ao longo da sua vida, por um motivo ou outro. O Diogo decidiu que isso não ia acontecer-lhe. E começou a preparar-se para a grande aventura da sua vida.
Não foi fácil, nem foi de ânimo leve. Preparou-se física e mentalmente para estar um mês fora, sozinho e com 31 euros. Começou por falar com pessoas que já tinham feito o mesmo que ele, reduziu a alimentação porque não sabia quando ia poder fazer refeições, e pesquisou sobre tudo aquilo que pudesse afectar a sua integridade física. Depois, precisou de um bocadinho mais de tempo só para convencer a mãe “Ela pensava que eu estava completamente maluco!”
E partiu. De boleia. Com uma mala cheia de sonhos e desejos por concretizar. E muita ânsia. Com uma energia positiva que acabou por contagiar toda a gente com quem falava do projecto que estava a realizar. “Em Berlim, falei do projecto a um rapaz que encontrei na rua e ele gostou tanto que se ofereceu para ajudar quando eu estivesse na Republica Checa.” No país anterior, o Diogo começava a arranjar contactos para ter lugar onde dormir no país seguinte, através de pessoas que ia conhecendo nas boleias, na rua ou no facebook. Mas como se conseguia manter, comer, dormir? No Luxemburgo trabalhou num Festival, em Paris uma senhora no metro deu-lhe dinheiro quando ele lhe falou do projecto, chegou a ajudar uma família, que lhe deu alojamento, com um problema no computador. E surpreendeu-se porque “As pessoas ajudavam sem pedir nada em troca”!
Numa altura em que tanto se fala de fazer um “gap year”, quando perguntei ao Diogo se este foi o seu “gap month”, ele disse-me: “Foi uma espécie de realidade paralela. Estava na minha vida até dia 31 de Julho depois tudo mudou e voltei no dia 1 de Setembro”
O Diogo pediu boleias. Dormiu em casa de pessoas que não conhecia. Deram-lhe comida e casa. O Diogo não conheceu só a França, o Luxemburgo, a Bélgica, a Alemanha, a República Checa, a Áustria e a Itália. Conheceu pessoas, conheceu hábitos, histórias, lugares. Fez amigos. E vai continuar, “porque ainda há tantos países”. O Diogo quer conhecer mais que o mundo, quer conhecer todos os mundos. “Temos que ser nós os realizadores do nosso próprio destino. Identificar obstáculos e dificuldades e…passar por cima deles.”, diz.
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