I’m (not) running #14 – Mini Maratona de Lisboa
O que é que faz uma pessoa acordar cedo ao fim-de-semana? Por que motivo há-de uma pessoa acordar às sete da manhã num domingo? Vamos tentar entender todas as partes desta questão. Fim-de-semana. Domingo. Acordar cedo. Ok, o que é que move, exactamente, a pessoa para acordar às sete da manhã de um domingo para ir correr a Mini Maratona de Lisboa?
“Os loucos” voltaram a sair à rua. “Os que correm”. Já expliquei aqui que para mim “os que correm” a sério, são uma entidade. Só alguém com imensa loucura no corpo era capaz de se levantar cedo a um domingo. Eu não era assim. Eu não era capaz. E ontem fui. Ontem fui um pouco louca, outra vez.
Dizem os grandes atletas que conheço que correr nestas provas corre melhor que do que nos treinos. O grande dia corre sempre melhor do que os ensaios. É verdade, eles tinham razão. Fui correr a Mini Maratona de Lisboa. Sei que não é um grande feito, uns escassos seis quilómetros. Mas, depois da lesão, não tenho corrido grande coisa e ontem fui da ponte Vasco da Gama até ao Parque das Nações, a correr. Não é absolutamente fantástico nem digno de registo, mas valeu imenso a pena.
O que distingue as provas dos treinos?
O que distingue este tipo de provas das corridas que fazemos sozinhos ou com amigos é o espírito e a energia. O ambiente é tudo. O facto de estarem todos ali para…correr. Poucos ou muitos quilómetros. O que interessa àquela gente toda é a corrida. É insano, mas é incrível. A corrida é uma coisa de loucos. Já tinha dito? A Mini Maratona de Lisboa acontece ao mesmo tempo que a Meia Maratona (21km) e a Maratona (42km). Ora isto equivale a umas quantas horas a correr. Imaginem o tempo de ver um filme sossegados no sofá. Durante essas horas alguém pode estar a correr ininterruptamente. Durante horas!?!? O ser humano é incrível. E muito louco.
Fui com amigos. Cada um ao seu lugar. Só nos encontramos na meta. Cada um corre por si. E corremos o caminho todo a saber que eles estão a puxar por nós. Sei que eles também estão cansados e ainda assim estão a puxar por mim. Eu tenho uma particularidade quando corro: eu não falo. Até me queria queixar a cada quilómetro, mas não falo. Corro calada. Quem me conhece sabe que é quase impossível ficar calada. Mas tenho testemunhas que a correr não falo. Quem estiver farto de me ouvir é meter-me a correr.
Portanto, para mim é fácil correr ao lado daquela gente toda que não conheço. No final, amigos corredores (loucos, portanto) encontram-se. Com medalhas ao peito. E todos são bons. Não importa quem correu mais ou menos. Ou em mais ou menos tempo. Todos correram. Todos conseguiram o seu objectivo. É isso que eles me transmitem. É por isso que corro.
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