Sou péssima a fazer malas. Dizem que é uma questão de hábito. Mas para mim no final o resultado é sempre o mesmo. Eu praticamente sentada em cima dela a forçar e com a clara sensação de que o fecho pode rebentar a qualquer momento.

Uma coisa essencial é fazer uma lista. Pronto até aqui tudo bem. Agora as coisas começam a piorar quando é para colocar as coisas dentro da mala seguindo a lista. Seguir a lista é fundamental. Eu nunca sigo. Eu vou acrescentando coisas, conforme encontro espaços livres. Encontro sempre coisas que de certeza vão fazer falta. Só que não. Sou impossível.

Eu levo roupa a mais, assumidamente, porque eu não sei o que me vai apetecer vestir naquele dia. É assim, eu não consigo escolher estas calças para vestir com esta camisola. Eu levo duas camisolas para depois decidir conforme me dê a vontade. E assim prossigo fazendo conjuntos com hipótese A e hipótese B. Eu sei lá se vai estar frio ou calor. Se estou bem ou mal disposta. Isso tem tudo a ver. Eu sei, trago metade da roupa sem ser usada que só foi ocupar espaço e fazer peso na mala. Não façam isto. Não sigam o meu exemplo. Isto é parvo. Mas faz-me imenso sentido.

Uma coisa é quando podemos levar uma mala gigante e estamos à larga. Outra coisa, completamente diferente, é quando vamos de avião, a viagem é por poucos dias e para poupar dinheiro levamos só mala de mão. Aí todos os truques contam. Aprendi, ao fazer a mochila para o interrail, que as meias transportam-se bem dentro dos ténis, todas bem dobradinhas, poupando espaço. Também já usei a técnica de dispor as camisolas num rolinho mas a verdade é que ficam tão amachucadas como se fossem dobradas em quatro e em termos de espaço não notei grande diferença.

A técnica de arrumar as coisas, que não são roupa, em pequenas bolsas funciona. Coisas da casa de banho e higiene pessoal numa bolsa. Coisas electrónicas, máquinas fotográficas, carregadores, cabos e auscultadores noutra bolsa. Roupa interior noutra. Livros, agendas e objectos desse género numa outra bolsa. E calçado noutra. Bikinis (se for o caso) também numa pequena bolsa.

O pior de levar mala de mão é que como as coisas vão dentro do avião (e não no porão) os líquidos têm um limite máximo. Devemos levar frascos dentro de um saco de plástico, transparente e re-selável, até um total máximo de 1 litro. Já fiz isto em várias viagens e aquele ritual de meter shampoo e gel de banho em frasquinhos irrita-me. Os homens levam bem as amostras dos hóteis mas as mulheres não vão ter shampoo e amaciador que chegue. E depois há o perfume. E a base. E o creme. E o desmaquilhante. Quer dizer acham mesmo que isso tudo cabe num total de 1 litro?  Não tenho técnica para isto gente. A minha dica é colocar um bocadinho de cada coisa nos recipientes mais pequeninos e assim poder levar um pouco de tudo sem passar o limite. Não vale a pena achar que depois, se faltar, compramos lá, porque para trazer vai ser outra vez a mesma coisa. Só 1 litro e dentro de mínimos frascos.

Fazer a mala é como construir um puzzle. Se metermos tudo no sítio certo cabe sempre mais qualquer coisa. É frequente acontecer depois na altura do regresso as coisas já não caberem da mesma maneira. Ou mesmo não caberem de todo. É normal. Não estamos tão entusiasmados a fazer a mala para voltar para casa. Além isso, levamos a viagem toda a comprar ‘recuerdos’ para a família, e para nós mesmos, logo mais coisas para trazer na mala para cá.