dia dos namorados

De ano para ano venho assistindo ao processo de descrença em relação ao dia dos namorados. Parece que falar disso vem quase sempre acompanhado com aquela revirada de olhos. Parece que quando se fala disso é com um certo desdém. Mas porquê?

Se o dia dos namorados é um cliché, é muito mais cliché dizer que não se gosta ou que não se liga. Pensem lá, sempre que se fala disso há sempre alguém que vem logo dizer que não liga nenhuma. E não são só as pessoas solteiras. Não, esses comentários quase racistas para com o dia vêm mesmo de casais. Parece até haver um certo motivo de orgulho em dizer que não vão comemorar. Parece que são seres superiores por não sucumbir a essa coisa rasca que é sair para jantar no dia dos namorados.

Aproxima-se o dia e é ver os eventos no facebook para solteiros multiplicarem-se. Como que a gozar. Imagino-os assim “ai é, ai é? Vão jantar às luz das velas? Também vou à festa dos solteiros ou jantar com as minhas amigas”. Lamento que não façam festas de solteiros nos outros dias do ano. Eu às vezes janto com as minhas amigas e garanto que é bastante agradável.

Começa-se a falar disto e vêm logos os desagradáveis de serviço apregoar ao café ou à nutella. “Coffe is my valentine” ou “Nutella is my valentine”. Tenho bastante pena que não bebem café nem comam nutella o resto do ano. Eu bebo e como e ao mesmo tempo tenho namorado, uma coisa não impede a outra. Ele mesmo também costuma beber café e é maluco por nutella e continua tudo bem.

Chega esta época e começa a ver-se corações em todo o lado. E vem logo a história velha do consumismo. Que os dias da mãe, do pai, da criança, dos avós, dos namorados, do natal…são dias consumistas. Eu discordo. Só sofre o apelo ao consumismo quem quer. Pobres daqueles que só recebem ou dão presentes em dias com efemérides.

Não, não é preciso haver um dia para exprimir o amor. Não, não é preciso haver um dia para ir jantar fora. Para presentear, para viajar, para amar. Normalmente as pessoas que dizem que não precisam de “um dia” são aquelas que acabam por não fazer nada em “nenhum dia”. Eu como janto fora várias vezes, vou fazer isso mais uma vez. Não me faz confusão nenhuma que exista um dia para brindar ao amor. Mais um dia, aliás. Faz-me confusão sim quem acha que não merece a pena haver mais um dia.