25 de Abril sempre

Sempre gostei de músicas de intervenção. De músicas do povo. Sempre gostei do movimento, da revolução, da rua. Sempre gostei do contestatário. Acho sempre que mais vale dizer, que mais vale fazer, do que ficar calado, do que ficar quieto.
Sou das que quer sempre dizer tudo o que pensa. Sou das que acha que vale a pena. Mas cautela, dizem-me sempre, que às vezes as coisas não correm bem. Às vezes perco a razão com esta mania de contrariar sempre (quase) tudo. Sou das que quer mudar o mundo, as ideias e o sistema. Mas cautela, dizem-me sempre, que mais vale um pássaro na mão do que dois a voar. Às vezes temos muito a perder. Às vezes temos medo. Às vezes baixamos os braços e assentimos.
Acho sempre que vale a pena ir. Acho que tenho o espírito livre, mas sinto que há tanta coisa ainda que o quer prender. Não gosto de sentir que é preciso ter cuidado. Cautela, dizem-me, há consequências e os bons não ganham sempre.
Bem, eles ganharam. Ganhámos todos. Há 43 anos o povo ganhou. Insurgiu-se. Manifestou-se. Revoltou-se, lutou e ganhou. Somos hoje o que somos por causa da força do povo. A partir daí foi-nos permitido fazer tanta coisa, dizer tanta coisa, sentir tanta coisa. Obrigada a quem acreditou e não se importou com o que viria depois. Afinal valeu a pena. Valeu tanto a pena.
Vamos para a rua gritar. A mim, pelo menos, é isso que me apetece fazer todos os dias sem parecer uma pequena refilona. Esta é uma das músicas preferidas da altura. Vamos que ainda é tempo.
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