Sabem aquele dia em que a vossa mãe vos diz para arrumar o quarto? E vocês adiam tanto, dizendo-lhe que fazem isso mais tarde e essa tarefa acaba por se tornar pior que dobrar o cabo das tormentas?Pois é, estive a arrumar o quarto de vestir cá em casa.

Como já vos expliquei aqui, eu não tenho um closet. Tenho um quarto de vestir. Que no fundo é a mesma coisa mas na versão pobre, estão a ver? Esse quarto é onde estão os armários, as sapateiras (diz-se assim? É que sapateira parece-me sempre mais agradável quando se trata do marisco, mas ok, vocês percebem, a sapateira refere-se àquilo que arruma os sapatos) e a bicicleta, a bola de pilates e os pesos para a musculação do homem. Também já vos contei que não faço a mudança da roupa de Verão para a roupa de Inverno porque tenho um armário para cada altura do ano. O que não vos expliquei foi a falta de espaço permanente que existe nesses armários.

Estavámos a precisar de mais um módulo daquela coisa para arrumar os sapatos. A culpa é dos ténis de corrida que estavam a fazer fila ali no chão. Não me apetecia ter aquilo como acessório decorativo e então decidi comprar mais espaço. Quando fui fazer as arrumações, já com o módulo novo, achei que ia ter imenso espaço, mas não. Ficou tudo cheio na mesma. Sobrou um espacinho. E lancei o veredito “Sobra um espaço, quem é que achas que vai puder comprar uns ténis novos?”

Mas se esta parte ficou cheia… o mesmo não se passou com os armários da roupa. Quando sai de casa dos meus pais, há quatro anos, fiz uma seleção de roupa que ia trazer para aqui e eis que chegou a altura de fazer isso novamente. Endoidecida pelo espírito da arrumação varri metade do armário e tirei de lá várias camisolas antigas que não usava há anos. É que não usava mesmo, tanto que fiquei surpreendida “olha esta camisola, era gira… quando eu tinha 9 anos.” Ok, estou a exagerar, mas perceberam a ideia, não é?

Entretanto tenho vindo a reparar que várias camisolas de que eu gosto bastante, por sinal, e que estão boas mas têm imensos buracos pequeninos, na parte de baixo, assim na zona na barriga. Não percebo aquilo, nem como acontece, alguém sabe? Fiquei entristecida ao perceber que tinha que as usar exclusivamente por dentro de calças ou então teria que me desfazer delas, porque a pessoa não vai andar rota na rua.

Pontos positivos nestas arrumações do demónio, que me demoraram uma tarde inteira: descobri roupa que me parece nova e da qual me tinha efetivamente esquecido. Encontrei outras tantas coisas das quais não me desfiz porque acho que posso voltar a gostar delas um dia, nunca se sabe, eu sou meio louca. Esvaziei uma gaveta que aguarda agora por roupa nova para albergar.

A parte negativa é que fiquei triste pelas roupas que estão estragadas, a pessoa afeiçoa-se às coisas e depois dá nisto. Ir às compras também pode ser considerado um ponto negativo, pelo menos, na minha conta só vão aparecer números negativos. Até lá posso verdadeiramente dar uso à expressão “não tenho nada para vestir”.