Filosofia
Se há coisa que eu gosto é passear dentro de livrarias. Percorrer os corredores. Olha aquele livro, li há tanto tempo. E este li na escola. Ah este livro, há tanto tempo que o quero. Este é novo, vou levar. Pego num, leio a sinopse. Pego noutro e folheio. Analiso as capas. Passear em livrarias é como conhecer sítios novos. Cada livro é um lugar.
Estava eu numa livraria a dar as minhas voltas quando ouço umas raparigas mais novas do eu, ainda em idade escolar. Que bom estarem numa livraria. Quer dizer que eles, os mais novos, também leem. Acho sempre que é cada vez mais difícil transportar um adolescente para a leitura e acho isso deprimente. Não sabem o que estão a perder. Eu sempre li, sempre pedi aos meus pais livros. Primeiro foi a coleção da “Anita”. Depois mais tarde “A Lua de Joana” e a coleção “Uma Aventura”. Aos onze anos recebi o Harry Potter no Natal. Nunca mais parei de ler. Mesmo os livros obrigatórios na escola. Adorei “Os Maias”. E o “Amor de Perdição”. Nunca desisti de um livro, nunca deixei nenhum a meio, não consigo. E só há dois livros no mundo que eu achei muito maus: “Aparição” do Virgílio Ferreira e um qualquer do Jorge de Sena que de tão mau nunca mais me lembrei do nome.
Quando vi as raparigas achei fantástico que estivessem interessadas em livros. Mas de repente uma delas diz:
-Epah deram-me este livro no natal, achas normal?
-É sobre quê?
-Filosofia (revirada de olhos).
Tipo, dah, alguém tinha tido o desplante de oferecer à miúda um livro sobre filosofia. (Pelo menos leu o resumo para saber do que falava. Menos mal.) Meu Deus. Eu adorava filosofia e adorava livros. Será que era… Esperei que se fossem embora e fui lá ver, afinal qual era o livro péssimo que lhe tinham oferecido. Era ele. Era aquele livro. Já com uma capa muito mais moderna. Mas era. “O mundo de Sofia”. Eu li-o quando tinha a idade delas. Li em férias. Até me lembro de o levar para o parque de campismo. E adorei.
Sofia é uma rapariga normal que recebe cartas de um desconhecido. As cartas colocam questões existenciais e em forma de recados abordam as teorias de vários filosofos. O final é uma surpresa incrível, que eu não vou contar. Como em toda a filosofia, cada um entende da maneira que quiser, desde que lhe faça sentido.
Este é um dos livros que um dia mais tarde sei que vou querer reler. A filosofia é diferente em diversas fases da vida. Mas eu quero lê-lo outra vez porque sei que vou adora-lo à mesma. É uma ideia minha.
Catarina Gralha
Eu li o Mundo de Sofia quando tinha 12 anos, por minha iniciativa, e adorei cada letras! Sem dúvida que é um livro que quero ler novamente, agora com um outro olhar sobre o mundo. Os livros têm essa fantástica particularidade se parecem completamente diferentes dependendo da altura em que os lemos, não é? Em termos de idade, em termos de coisas que estamos a passar no momento… A interpretação de um livro, aquilo que ele nos transmite, é algo muito próprio, muito pessoal. Enfim, eu não acho que a “nova geração” esteja a perder interesse nos livros, acho que sempre houve uma resistência por parte de algumas pessoas, em todas as épocas. E é algo que sempre irá existir. Alguns, descobrem mais tarde na vida o prazer da leitura. Outros, coitados, nunca o irão descobrir…
Catarina Gralha
Mas fica a saber que não és a única: eu também adorei Os Maias, também li imensos livros nas férias só porque sim, também nunca desisti de um livro porque (nunca se sabe!) o final pode surpreender e fazer valer a pena todas as outras páginas menos interessantes. E de certeza que não somos só nós as duas 😉
(tive de dividir isto em dois comentários, porque o teu blog dizia-me que era uma mensagem demasiado longa… Desculpa lá, mas cada palavra era super importante 😛 )
Andreia Moita
Obrigada pelas palavras. Adoro saber que há pessoas assim como eu no que toca aos livros. Temos que trocar umas ideias! Que livros fantásticos já leste e recomendas? Às vezes acho que me faz falta ler os grandes clássicos, sabes, porque estão sempre a sair livros novos e vou-me perdendo com eles e deixando outros antigos para trás. Bjs