Interrail – À volta da Europa
Faz agora dois anos que parti na maior e melhor experiência de viagem de sempre. Fazer um interrail na Europa estava na lista das coisas a fazer antes dos 25 anos. Não cumpri e só fui um mês antes de fazer 28.
As experiências vividas dentro de uma viagem como esta são diferentes dependendo da idade que temos. Quanto mais novos formos menos nos importamos de dormir no jardim ou de sair à rua com o cabelo molhado. Quanto mais jovens formos menos dinheiro temos para gastar e portanto tudo bem em comer sandes todos os dias e tudo bem em lavar duas ou três camisolas, numa casa de banho pública. Já quando vamos fazer um interrail com quase trinta anos preferimos dormir debaixo de um tecto e seja num hotel ou no comboio, qualquer coisa parecida com um colchão já começa a dar jeito às costas.
O meu interrail, com 28 anos, deu para levar roupa (muito dobradinha) diferente para todos os dias e mesmo assim estar preparada para todas as estações do ano. No entanto tive que me privar do secador de cabelo e da maquilhagem durante quinze dias. Numa viagem como esta aprendemos a relativizar e a dar menos importância a coisas sem as quais achamos que não vivemos sem.
Choveu bastante nos primeiros dias e apesar de ter muita roupa, só tinha um casaco com carapuço. Ora as fotografias desses dias eram todas iguais. E eu já não podia mais com aquilo. O truque era passar frio, durante uns segundos. para posar ou então deixar o casaco pelo meio das costas e tirar a foto pelos ombros. Vocês anotem estas dica! Escusado será dizer que nestes dois anos que passaram nunca mais vesti esse casaco! Depois, houve dias de calor intenso em que saí à rua com meias de vidro e fui a uma casa de banho tirá-las. Se há coisa que se aprende num interrail é a ser desenrascado.
Roteiro Interrail Europa: Sete países e onze cidades em quinze dias
Este género de viagem é muito vantajosa. Consegui conhecer sete países e onze cidades em quinze dias. É uma forma prática, divertida e sobretudo económica de viajar. Depois dos 25 anos o preço do bilhete sobe consideravelmente mas continua a valer tudo a pena, pois ir a cada um destes sítios separadamente não se compara em termos de preços e tempo. Os meus três conselhos maiores são: planear a viagem com tempo e paixão, ter algum dinheiro para alguma eventualidade e sobretudo levarem a companhia certa para vocês. O ideal é as pessoas que viajam juntas terem os meus objectivos. Eu fiz o meu interrail a dois.
Este é um género de viagem que nos obriga a testar os nossos limites em várias vertentes. É um teste porque não podemos levar tudo o que queremos, provavelmente vamos estar com um aspecto cansado e vamos passar muitas horas de pé e a andar para não perder nenhum local que queremos visitar antes da partida do próximo comboio. Implica uma grande capacidade de organização e conjugação de horários de viagens para que estas sejam durante a noite e assim se possa chegar ao destino pela manhã aproveitando o dia todo. E isso significa que muitas vezes vamos acordar cedo e deitar tarde. Estas não são umas férias para descansar é preciso estar ciente disso. São férias de aventura, de superação, mas sobretudo de conhecimento do mundo, da história, da arquitectura, das cidades, da gastronomia, das pessoas e de nós mesmos.
Holanda: Amesterdão
Parti de avião até Amesterdão. A cidade dos canais onde achei incrível poder passear de bicicleta com direito a semáforos e tudo. Foi precisamente nos dois primeiros dias que tive as piores dores, era o corpo a habituar-se. A nível logístico, na primeira cidade é sempre tudo fácil, comemos em qualquer lado, compramos pouca coisa porque tudo o que levarmos vai pesar nas nossas costas o resto da viagem que ainda temos pela frente.
Alemanha: Berlim
A cidade de Berlim surpreendeu pela positiva, não era nada sombria como eu imaginei. A situação mais caricata foi com a palavra “Ausgang” que eu via em todas as estações de metro. Não podia existir em todos os lados uma rua ou um sítio com aquele nome… só mais tarde percebi que queria dizer “saída”.
República Checa: Praga
Em Praga choveu imenso e tivemos de comprar um chapéu de chuva que seguiu amarrado à mala. Descobrimos lá, além de uma das mais bonitas cidades europeias, o melhor doce das férias, o trdelnik, uma espécie de bolo enroladinho.
Polónia: Cracóvia
Daqui seguimos de noite para Cracóvia. E dormimos sentados numas cadeiras não muito confortáveis. Nesta cidade polaca não íamos pernoitar e como tal não tínhamos onde deixar as tralhas. Abandonamos, então, a mala numa agência de viagens com autorização da funcionária. À confiança, ninguém rouba ninguém, acho que foi isto que ela disse, lá na língua dela. Nós que somos meio malucos preferimos correr o risco. Correu bem. Fomos aos campos de concentração de Auschwits – Birknau. Mas isso é outra experiência. Isso dá outro post.
Hungria: Budapeste
Áustria: Viena
Itália: Florença
Depois em Florença dormimos no hotel mais escondido de todo o sempre, na rua mais sombria e escura de todas, onde achei que ia ficar sem rins. Estive lá apenas um dia mas descobri que era a cidade com mais arte ao nível da escultura, mesmo como nos lembramos dos livros de história.
Itália: Pisa
Passámos umas horas em Pisa e sim a Torre está mesmo inclinada, é verdade. Tirei fotos que nem uma louca porque achava que as fotografias não estavam a corresponder à realidade. Aquilo vai d facto cair a qualquer momento.
Itália: Veneza
Seguimos para Veneza onde comemos a melhor carbonara de toda uma vida (e mais cara também). Veneza foi uma enorme surpresa, ninguém está preparado para uma cidade sem estradas, é incrível.
Itália: Roma
Roma foi o último destino e um dos que eu mais queria conhecer. Fiquei maravilhada. Decididamente Itália é um país extraordinário e consegue o feito de eu gostar de toda a comida. Foi em Roma que nos permitimos ceder aos quilómetros que se acumulavam nas pernas. Um dia adormecemos ao final da tarde depois do banho e nem saímos para jantar.
Messy Jessy Blog
Que experiência tão boa!
Eu no ano passado fiz, também a dois, um Intrarail por Itália, 7 cidades já visitadas e cada uma mais maravilhosa que a outra.
Andreia Moita
Por Itália? Isso é mega. Tenho tantas cidades de Itália na minha lista, além daquelas que conheci no interrail, que essa ideia agrada-me bastante mesmo!
Catarina Gralha
Olha só as coincidências: também fiz interrail em 2015, também foi a dois, também comecei por Amesterdão, e segui para Berlim, Praga, Cracóvia, Viena e Budapeste. Mas depois vocês foram para Itália e nós derivámos para Belgrado, Sófia, Salónica e Atenas. Os meus não foram 15, foram 30 dias. Trinta dias como dizes: a apanhar comboios nocturnos, a dormir pouco, a andar quilómetros e quilómetros todos os dias. Mas é a forma que mais gosto de viajar, e não a trocaria por nenhuma outra. Tendo 25 (como tinha na altura) ou tendo quase 30 (estou a caminho dos 28, vá) continuo a dormir onde calha e a levar (muito) pouca roupa 😛 E sim, quem faz um interrail quer fazer outro e outro.
Andreia Moita
Que coincidência mesmo! Eu adorei tanto tudo, meu deus, viajar é a melhor coisa da vida!
Classe Cappuccino
Que experiência mais enriquecedora
Melhor Amiga
Algo que nunca fiz e adorava ter feito…
Pelos fotos deve ter sido mesmo excelente 🙂
Patrícia Gonçalves
Experiência para a vida!
Daniela Soares
Deve ter sido incrível! Eu estive em Erasmus em Budapeste e sem dúvida é uma das cidades da minha vida. Enquanto lá estive aproveitei para visitar Viena e também Bratislava, e tenho pena de não ter aproveitado mais. Quanto a Roma visitei no ano passado e amei! Viajar é sem dúvida uma das melhores coisas da vida, e se for em boa companhia ainda melhor!:D
Another Lovely Blog!, http://letrad.blogspot.pt/
Catarina Oliveira
Ando a planear um interrail com o meu namorado para abril/maio deste ano. Serão 15 dias e tens algumas cidades que também estão na minha lista. 🙂 Ler histórias como esta são ótimas para quem – como eu – está um bocadinho receosa. Mas tudo irá correr bem!
Andreia Moita
Vai correr tudo bem e vai ser absolutamente espetacular. Uma experiência que ficará para sempre, tenho a certeza. Vai com tudo!
Estela andre
Boa tarde, ando a planear um interail com os meus filhos e gostaria de lhe perguntar como fizeram no regresso? Ou seja, a partir de Roma, como fizeram?
Andreia Moita
Boa tarde. O regresso foi feito de avião de Roma para Lisboa. Tal como a partida de Lisboa para Amesterdão. Portanto o início e o fim foi de avião, marcado com antecedência. Espero que seja um viagem memóravel e se precisar de mais alguma dica é só dizer!
Estela andre
Acho que vou aproveitar para lhe perguntar se acha exequível este roteiro?
Lisboa\paris\amesterdao\berlim\praga\cracovia\viena\roma\florenca\pisa\genova\nice\cannes\marselha\carcassone\san sebastian\lisboa
Para ficar de noite tinha pensado amesterdao, Berlim, praga,cracovia,roma e Florença. O resto seria de passagem…ah, isto em 15 dias, acha possível?
Andreia Moita
Olá! Na minha opinião sincera parecem-me demasiadas cidades para quinze dias. E justifico porquê: O tempo de deslocação entre algumas delas é demasiado grande e pode ser preciso mudar de comboio. Isso obrigou-me a fazer alterações de itinerário, procurando sempre as viagens mais curtas ou tentando fazer as de maior duração durante a noite. Por exemplo, a viagem de Viena até Roma demora cerca de 12 horas. Convém ver se o tempo que se vai estar em cada cidade compensa o tempo que se vai passar dentro do comboio. Vou deixar aqui um link onde pode planear as rotas, ver os horários dos comboios e sobretudo o tempo de viagem: https://www.interrail.eu/en/plan-your-trip/interrail-timetable . Este site é muito útil.
O passe do interrail não é válido no país de residência por isso as minhas viagens de início e fim foram feitas de avião (http://interrail-portugal.blogspot.com/2011/01/perguntas-frequentes-faq.html)
Espero ter ajudado! 🙂
Iris Guedes
Boa tarde, incrível sua experiência! Tenho imensa vontade de fazer um interrail mas tenho receio por causa do meu inglês que é quase nenhum. Acha que seria possível essa viagem sem um bom nível de inglês?
Andreia Moita
Olá, eu acho que não deve deixar de ir por causa disso porque até pode ser uma boa forma de aprender e se sentir mais confortável e à vontade com a língua. Há sempre forma de conseguir comunicar. Há alguns países em que as pessoas facilitam mais do que outras, mas isso é como em tudo, depende das pessoas e não do país. Um beijinho
Avelino Lopes
será que fazer lo em auto caravana será possível da mesma forma