O spinner é a nova brincadeira. Já não ando na escola mas imagino que onde antes jogávamos ao berlinde ou saltávamos à corda hoje se jogue ao spinner. Ainda não percebi foi o que é “jogar ao spinner”, aquele objecto para mim não passa de uma coisa com aspecto de ventoinha.

As brincadeiras diferem de tempos a tempos. Eu ia dizer evoluem, mas não é a palavra adequada. Porque este tipo de brincadeiras aparecem e desaparecem como modas. Ainda aqui há uns meses pessoas de todas as idades saíam à rua para apanhar pokémons. Confesso que me chateei mesmo algumas vezes quando os bichos me fugiam. Hoje o spinner é o novo brinquedo. Qual não foi o meu espanto quando cheguei a casa no outro dia e vi o homem no sofá a brincar com um. Estava extremamente contente porque já o conseguia segurar no dedo do pé e no nariz. Nem sei o que dizer quanto a isto. Pensei em tentar também, mas quando ninguém estivesse a ver para não parecer ridícula. No fundo sei que só vou conseguir quando a moda passar e já ninguém ligar nenhuma ao meu feito, mas por enquanto a única coisa que consigo é ficar mal disposta ao ver aquilo rodar.

Há muito, muito tempo, era eu uma criança (ler cantando) e brincava aos tazos e ao berlinde. Não é que percebesse muito da técnica que devia ser usada, mas lembro-me que no jogo do guelras era suposto meter os berlindes num buraco qualquer e havia uns que davam pontos e assim…mas isso não se chama golfe agora? Enfim, quanto aos tazos (que saíam nas batatas fritas) a ideia era qualquer coisa como mandá-los uns contra os outros e destruir pirâmides. Era isso, não era? Eu preferia colecioná-los e tinha mesmo um dossier para o efeito. Cada maluco no seu lugar, está bem?

Depois surgiu também o tamagochi, que se comprava nos chineses, e era muito mais giro do que caçar pokémons. Eu tinha sempre um profundo desgosto quando o bichano morria e desisti do jogo. Os meus preferidos eram os jogos de rua, ou de recreio, como queiram. O jogo do elástico, da macaca, do macaquinho do chinês, as escondidas ou apanhada. Mas depois chegou a moda do diablo. Lembram-se? Toda a gente na escola tinha um e parecíamos pequenos malabaristas sempre a mostrar os truques novos. Enfim, brinquedos que no final do dia acabavam sempre confiscados pelos professores.

Também brinquei um bocado com o cubo mágico e esse bocado não chegou para o concluir. Assim dentro do género havia o iô-iô e o pião. Nunca consegui mais do que a primeira jogada. Destas cenas que rodam também me lembro do hula hoop que lá está… resultava muito bem na primeira rodada de anca, mas depois caía, literalmente, por terra.

Já numa fase muito mais avançada de idade (estou a gozar!) surgiu o game boy e telemóvel 33/10 com o qual passávamos o tempo inteiro a jogar à cobra e a trocar de baterias uns com os outros. Tenho saudades, no fundo era um movimento mais fácil do que andar com uma power bank na mala.

Acho óptimo que brinquem. Brinquem muito e em qualquer idade. Brincar devia ser um desporto, devia ser obrigatório. Eu por exemplo preferia estar neste momento a jogar futebol humano ou a ser o power ranger amarelo num qualquer intervalo escolar. Talvez me atreva a jogar às escondidas cá em casa da próxima vez que for dia de limpezas, quem sabe não encontro um esconderijo que me safe.