Tenho ouvido muitas vezes esta junção de palavras, no ginásio: descanso activo. Mas vamos lá ver uma coisa. Estas duas palavras nunca podem aparecer juntas na mesma frase. Isto é de extrema importância. Alguém tem que falar sobre isto. Isto não existe. Estou, até mesmo, a ficar um bocado enervada, enquanto falo sobre este assunto, não sei se se nota. É que com o descanso não se brinca.

Imaginem este cenário: várias pessoas aos saltos sem parar e a deitar água por cada poro da sua pele. As pessoas saltam e agacham e saltam outra vez. E fazem pranchas e flexões e viram para a esquerda e para direita. E depois saltam outra vez, e levam o joelho ao peito e fazem mais quarenta e três agachamentos e vão para a frente e para trás e fazem mais não sei quantas coisas estranhas, e complicadas, que eu nem faço questão de decorar o nome. Estão a imaginar isto? Durante uma hora? Quando, aqui, é que pode entrar a palavra “descanso”?

Estão as pessoas exauridas e possuídas pelo demónio a saltar como se tivessem pioneses presos nos pés e lhes tentassem escapar, e eles dizem para para fazer o descanso activo. Ou seja fazer isso tudo mas mais lentamente, assim só “para recuperar”. Mas desde quando é que isso é chamado de descansar? Tá tudo doido. Abrandar, mas não parar. Quer dizer, para mim descanso é uma coisa e ser activo é outra. Estar ali aos saltos ainda que lentos enquanto o coração parece que vai sair disparado pelo nariz, ou por outro lado qualquer, não é descansar nem aqui nem na China.

A minha versão de descansar é mais do tipo numa espreguiçadeira frente ao mar, no campo numa cama de rede ou mesmo estendida no meu sofá. (Sei lá tenho estas ideias parvas na minha cabeça). A verdade é que  encontro definições bem mais interessantes para a palavra “descanso” e nenhuma delas inclui a palavra “activo”. Nem a palavra “agachamento”, nem “flexão”, nem “saltar”, nem “ginásio” nem nada que inclua mexer-me sequer. Estranho.