De geração para geração damos conta de mudanças significativas. Lembramo-nos de coisas que outras gerações não se vão lembrar. E não nos lembramos de outras coisas que nos contam os mais velhos. Há um intervalo entre a chamada geração X e Z. É nesse meio que está a geração Y, os millennials. Mas afinal o que é isso de ser um millennial?

São considerados millennials, ou geração Y, aqueles que nasceram entre 1985 e 1995. Talvez seja um intervalo muito grande na minha opinião. Mas é a geração onde me insiro e acho que é a geração com mais sorte de todas.

Esta é a geração que viu nascer a internet mas ainda se lembra da vida sem ela. É o chamado melhor de dois mundos. Aprendemos a jogar ao jogo da glória ou do pião, aprendemos a brincar na rua como faziam os nossos pais, mas vimos nascer a era tecnológica, assistimos aos seus primórdios, com os primeiros telemóveis e e-mails. Orgulho-me de ter visto nascer o mundo tecnológico e de ter vivido ainda no tempo em que íamos buscar água à fonte. Não gostaria de ter sido privada de utilizar um telefone em que era preciso meter o dedo a dar à roda para marcar os números. A geração a seguir à minha (a geração Z) infelizmente não sabe o que isto é. E é pena.

Lembro-me de ter que escrever à máquina e aquela porcaria encravar as folhas. Lembro-me de fazer trabalhos onde a bibliografia era feita de enciclopédias e não de páginas na internet. Ao menos posso dizer que sei fazer buscas nos livros e não só no google. Lembro-me de ter de esperar para ver as fotografias das férias e ir revelar os rolos, reparando depois que afinal as fotos ficaram todas desfocadas e as selfies da altura saiam com metade da cara. Lembro-me de ter cassetes que ouvia no walkman e rebobinava com uma caneta. Lembro-me de ter de esperar pelo intervalo de um programa para ir à casa de banho e lembro-me que perder um episódio da Malhação era o fim do mundo, pois não havia como recuperá-lo. Lembro-me de ver chegar a casa o meu primeiro computador e de ele ocupar metade do quarto. E lembro-me de controlar as horas para ir à internet pois era paga ao minuto.

A Geração X (os nascidos entre os anos 60 e 80) é uma geração de pessoas maduras que preferem manter o equilíbrio e estabilidade ao invés de arriscar, apesar da busca pelos seus direitos e da preocupação com as gerações futuras. São aqueles que viram nascer a tecnologia quando já eram adultos.

A Geração Z (os nascidos depois de 1995 até hoje) nasceu já a mexer no tablet. Não conhecem a vida sem computadores e não sabem mexer em telemóveis sem touch, sabem lá o que é teclas. Só conhecem a vida digital por assim dizer. Têm o maior acesso possível a tudo o que é informação. Não acreditam em empregos para a vida e têm uma facilidade enorme de adaptação.

A geração Y está no meio destas duas precisamente por viver o melhor desses dois mundos, o antes e o depois da tecnologia e eu adoro fazer parte desta geração. Acho que beneficiamos do facto de conhecermos a história e de ter vivido algum tempo sem tecnologia sendo que fomos os primeiros a usá-la enquanto jovens.

Os millennials têm um estilo de vida saudável, procurando fazer desporto activamente. Querem viajar sem parar e conhecer tudo o que há lá fora. Trocaram os mapas pelas apps com consciência. Ficam em hostels, fazem o chamado brunch e compram online. Ficam em casa dos pais até mais tarde do que ficaram os da geração anterior e são fortes empreendedores a nível profissional que não se contentam com o primeiro trabalho que lhes aparece à frente, à semelhança do que vão fazer os da geração seguinte.

No fundo, deparo-me com o facto de que estar no meio destas gerações só nos pode fazer bem. Somos uns privilegiados. Porque não vivemos nem trabalhamos com medo da falta de estabilidade e do desconhecido, porque conhecemos o nosso passado e sabemos como era fazer pesquisas sem google. Mas também sabemos trabalhar bem com tecnologias, estamos atentos, somos preocupados com meio ambiente e com a nossa saúde. E sobretudo estamos abertos a mudanças porque afinal nascemos no meio delas.