Eu acho que ter saudades é como fazer viagens no tempo. Várias viagens a tempos passados. A tempos que sabemos que não voltam a ser como eram. Ou não voltam de todo a ser. É por isso que temos saudades.

Ter saudades é como entrar dentro de fotografias antigas. E não precisamos de ter saudades só das fotografias a preto e branco. Podemos ter saudades de um momento que eternizamos ontem mesmo. Porque ter saudades não significa que tenha de ser de uma coisa que aconteceu há muito tempo. Ter saudades significa que amamos muito. Que sorrimos muito. Que fomos muito felizes. Que recordamos algo. Que repousamos sentimentos serenos e tranquilos nos nossos corações. Não interessa se são saudades de alguma coisa, de algum momento ou de alguém.

A saudade é sempre de uma coisa que já não existe. E a melhor forma de lhe passarmos ao lado é construir memórias novas. E porque é que disse “passar ao lado” e não “por cima”? Porque não devemos passar por cima da saudade. Ela existe em nós porque construímos histórias em lugares e com pessoas. Se não passarmos por cima mas sim ao lado dela, podemos criar vivências novas que nos farão tão felizes como aquelas das quais temos saudades.

Eu por exemplo, tenho saudades dos verões a brincar de balde e pá na areia. De construir castelos ou então fazer só mesmo buracos para sentir a água nos pés. Posso fazer ainda tudo isto, a sorte é essa, mas posso ter saudades da sensação que tinha quando fazia isto com cinco anos.

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Podem também ver os meus textos para as palavras dos meses anteriores. A solidão, a resiliência (foi a minha preferida de escrever até agora), a esperança, a liberdade e a melancolia. Qual é a palavra que vos diz mais?

Este post faz parte do desafio das #palavrasquaseperfeitas da Cris Loureiro blogs.