Estava a adiar escrever este post porque tenho a cabeça muito cheia com aquilo que aconteceu no dia de domingo. Apesar de ter aprendido muitas coisas e ter muitas coisas para escrever aqui e vos contar, estava com medo de não conseguir expressar-me, da forma merecida, sobre tudo o que aconteceu. Mas uma das coisas que aprendi foi que não faz mal ter medo e então larguei o sofá e vim meter os dedos a trabalhar.

A Bless é uma empresa focada no desenvolvimento de soluções, marca pessoal e estratégia digital para mulheres. A Bless Woman Conference aconteceu na Terra dos sonhos, durante o fim-de-semana, tinha como tema “ser mulher de coragem”, e saiu totalmente das cabeças inspiradoras da Susana Rodrigues e da Margarida Pestana a quem agradeço o aconchego que nos proporcionaram.

Estive presente durante todo o dia de domingo e agradeço a todos os santinhos ter saído da minha zona de conforto este ano e me ter mandado para fora de pé quando decidi começar a ir a eventos deste género, que só fazem com que eu me sinta mais à vontade e ainda aprenda e reflita sobre coisas sobre as quais nunca tinha pensado.

Este dia tinha como objectivo ouvirmos histórias de mulheres corajosas. Eu pareço meio cabeça no ar mas presto muito atenção às coisas. Eu pareço um pedregulho da calçada por não chorar mas eu sinto muito as coisas da minha forma meio estranha, mas pronto é a minha. E penso e reflito bastante sobre tudo. Sou muito ponderada e por isso demoro muito a agir. Talvez tenha sido esse o motivo porque não cheguei a casa e escrevi logo este texto. Noutras coisas sou bastante impulsiva e falo sem pensar. Há uma dualidade dentro de mim. Então, o que é isto de ser uma mulher corajosa?

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A coragem reside dentro de nós de uma forma muito própria. Mas todos nós a temos, não me digam que não. Foram muitas as histórias que ouvi neste dia. E foram mais do que só histórias de vida. Foram histórias de pessoas com força de vontade e inspiração no coração. Histórias de pessoas que conseguiram ultrapassar provações, que a vida lhes colocou, ou que conseguiram realizar sonhos porque os perseguiram insistentemente. Estas mulheres ensinaram-me que vale a pena ir atras do que acreditamos e se tivermos dificuldades melhor ainda, pois é aí que manifestamos a nossa coragem.

A Isabel Faia mostrou-me que devemos a ter coragem de confiar na vida. Se fizermos com a vida o que fazemos com o nevoeiro será mais fácil. Dentro do nosso carro, de frente para o nevoeiro, sem ver grande coisa, andamos devagar, de cem em cem metros, mas andamos, até ver tudo limpo. Por que raio não andamos passo a passo com a vida também?

A Sara Rodi e a Lígia Silva fizeram-me ver que mesmo pessoas frenéticas e cheias de energia, como eu. precisam de tirar o seu tempo e parar, de vez em quando, para pensar na sua vida e no que querem fazer dela Parece simples, mas não é. A Joana Freire ensinou-me que às vezes temos que passar pelas piores provações na vida para percebermos e descobrirmos o quão forte e capazes somos… e isto tocou-me profundamente.

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A Évodia Graça mostrou-me que não devemos deixar-nos ir quando nos disserem que tivemos sorte, caramba, não é a sorte que nos define, a luta é que é. Devemos ter certeza que alcançamos os nossos sonhos e objectivos através do nosso esforço e trabalho. A Carolina Cruz, com a sua energia vibrante, falou bem alto e disse que para ela coragem era não sermos avestruzes, era termos consciência das escolhas que fazemos no dia a dia, a todos os níveis. A Ana Prata fez uma analogia da nossa vida com puzzles. Às vezes, na vida, as peças não se encaixam, não cabem porque não são dali. Outras vezes elas servem demasiado facilmente e depois percebemos que afinal nunca pertenceram àquele lugar. Isto fez-me mesmo muito sentido. Faz sentido para vocês também?

A Helena Magalhães falou sobre as vezes em que devíamos “dizer que não” a determinadas coisas e não conseguimos. Temos que perceber que os nossos fracassos serão sucessos mais tarde e que “dizer que não” a umas coisas significa dizer que sim a outras. Às vezes olhamos para trás e pensamos que se fosse hoje não tínhamos tido coragem de fazer certas coisas. Mas temos sempre, sabem porquê? Porque no momento em que precisamos de ter força, nós temos. Quando ouvi a Helena lembrei-me logo deste texto, que escrevi há uns tempos. Continuo a acreditar que é assim.

Neste dia, tivemos tempo para conversas sobre a nossa maneira de vestir, sobre a nossa alimentação, sobre o nosso corpo, sobre o nosso bem estar, sobre a nossa sexualidade, sobre a nossa singularidade que, segundo a minha querida Vânia Duarte, é o que nos temos de mais bonito.

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Depois do almoço onde o mulherio esteve em amena cavaqueira, ouvimos as histórias das próprias mentoras da conferência, a Susana e a Margarida. Elas falaram-nos do poder da nossa voz e quem nós somos com ela. Onde é que nossa voz nos pode levar? Onde é que somos nós próprios? O que é que sabemos fazer melhor? Quais são as áreas da nossa vida em que conseguimos passar a nossa mensagem?

Tremi quando a Margarida pediu para escrevermos num papel qual é o nosso propósito e quais são as áreas da nossa vida onde consiguimos expressar o poder da nossa voz. A minha primeira reação é sempre “e agora?” mas depois desenrasco-me sempre. Felizmente não tive que o dizer em público mas aqui posso dizer. Eu acho que o meu propósito é fazer sorrir alguém. Se fizer gargalhar ainda melhor. Normalmente faço isso através de disparates que desconfio ser o que eu sei fazer melhor. E sei isso porque me sinto realmente feliz quando consigo fazer alguém feliz também.

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Estive durante parte do dia a pensar que eu não tenho uma história, para contar, como estas mulheres. E foi por isso que quando a Susana pediu para que, através de uma dança silenciosa, contássemos a nossa história, eu fiquei sem saber o que fazer. Lá está “e agora o que é que eu faço?”. Enquanto toda a gente se revelava bastante emocionada com este exercício eu dancei um samba. (A sério Andreia? Não consegues fazer uma coisa a sério pois não?) Senti-me até um pouco insensível. Mas agitei-me de um lado para o outro mostrando todo o meu lado energético, contando à mulher que estava à minha frente quanta boa disposição eu tenho dentro de mim e como isso faz parte da minha história e da minha maneira de ser. Dançar é uma forma de expressão e foi por isso que adorei o workshop de yoga e samba da Lucia Borraccino.

A Susana deu um abraço apertado a todas as participantes no final do seu discurso. E no final do dia também eu recebi um. Ela diz que quando falamos com a verdade a nossa voz tem mais poder. E disse uma coisa que me ficou a fazer eco dentro do coração. Ela disse que não faz mal não ter uma história como aquelas que ouvimos ali. E eu fiquei menos preocupada. Não gosto de me definir como uma pessoa normal, nunca gostei, porque eu sou tudo menos normal. Afinal, o normal não existe. Todos temos as nossas particularidades que nos fazem ser anormalmente interessantes. Estão a ver? A forma como ultrapasso as piores situações é esquecendo-me delas, abandonando-as nos confins da minha mente. Ainda não sei se é a maneira certa ou errada de agir mas por enquanto é a minha. Eu acho que sou uma controladora das minhas emoções, sim é verdade, que devia deixa-las mais à vontade, mas ela disse que cada um se expressa à sua maneira e a minha é esta. E isso também me define. Também faz parte minha história. Afinal, eu estava enganada, eu tenho uma história.

Ser mulher de coragem para mim é conseguir falar e ouvir. É conseguir sentir e expressar. É escrever e dançar com o coração. É conhecer alguém e deixar que nos conheçam a nós. É cantar alto quando não está ninguém em casa a ouvir, mas continuar se entrar alguém. É andar de saltos altos. É correr mas saber descansar. É procurar, é descobrir, é aprender. É sair para fora da caixa e dar tudo de braços o ar. É nadar no mar ou dar saltos no ar. É lutar pelo que se acredita mas lutar ainda mais pelo que não é justo. É não calar. É aceitar, mas tentar mudar. Ser mulher de coragem não é não ter medo, é saber livrar-se dele. Ser mulher de coragem é fazermos nós mesmas a nossa história.

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