Conheci o trabalho da Clarice Falcão como atriz no “Porta dos Fundos”. Houve uma altura em que eu era muito fã dos sckechers de humor deste grupo brasileiro e ela era a minha preferida. Há passagens que eu sou capaz de saber de cor porque acho o humor uma arma extremamente poderosa e uma maneira muito forte de passar uma mensagem. Acho que gostava de fazer humor, na verdade, sinto uma enorme felicidade quando faço rir alguém.

A Clarice fazia-me rir muito. Para já ela é brasileira e os brasileiros têm outra forma de levar a vida. Parece que a sambar as coisas rolam mais facilmente. Eu sambo, às vezes, quando acho que preciso dar uma agitada na situação. Eu penso que para se fazer humor é preciso ser um bocadinho louco e acreditar um pouco, se não totalmente, naquilo que estamos a dizer. Por isso é que eu gostava de fazer humor. Sou bem louca e acredito bastante nos disparates que digo.

Descobri, uns tempos depois de andar a ver o Porta dos Fundos, que a Clarice também cantava. E ouvi durante séculos as músicas dela em modo repetição. Sou assim quando gosto de uma coisa. As letras são do género balada mas em que me rio do princípio ao fim. Além de contarem uma história, as músicas rimam e têm um sentido de humor brilhante. Eu nem apreciava muito a melodia, que é muito calma, mas fiquei a gostar imenso e até já ouço outros cantores com o mesmo género melódico.

Esta é a minha preferida. Em que ela diz que escolheu o seu par porque a loucura dele se parece um pouco com a dela. “De todos os loucos do mundo eu quis você, porque eu estava cansada de ser louca assim sozinha”, podia ser eu a cantar isto. E portanto, gosto muito.

E o que dizer de uma canção romântica de Clarice, em parceria com o Moska, em que ela diz que o conheceu de manhã e ele diz que foi à tarde. Em que ela diz que se lembra bem que foi numa terça-feira de Setembro e ele sabe perfeitamente que foi numa quinta-feira de Dezembro que tudo começou entre eles. Eles lembram-se bem de todos os pormenores da roupa que vestiam, do prato que comeram e do acharam um do outro. Porque o amor é mesmo assim. Sabemos sempre as coisas importantes acerca do dia mágico em que conhecemos a nossa alma gémea, não é assim?

O estilo de música dela é como o meu género de humor. Irónico. Que é o melhor de todos. Ter a capacidade de ironizar, de brincar com palavras, de fazer trocadilhos. Vejam bem o que diz esta música. Ela faz uma música para dizer ao seu amado que o esqueceu. Porque ele merece saber, através de uma música, só para ele, que ela já não pensa nada nele, nunca, jamais… estão a ver? E se por acaso “lhe ligar a meio da noite…é engano” ou se os olhares deles se cruzarem é porque ele “estava no caminho”.

Eu consigo encontrar em todo o álbum dela uma novela. Porque vejamos: primeiro eles conheceram-se e as suas loucuras combinavam. Vivem um amor bonito, sabiam tudo um do outro. Depois acabaram, ela esqueceu-o para sempre e como consequência desgraçou o figado e cantou a música “O que eu bebi por você”.

Mas entretanto eles voltaram. Quando se ama é assim mesmo, por mais voltas que se dê, volta-se ao mesmo lugar. E então é necessário contar isso a toda a gente. Pára tudo que “agente voltou”.

A Clarice Falcão esteve por estes dias em Portugal para espetáculos, eu não consegui ir e então decidi fazer esta pequena brincadeira porque gosto realmente do humor dela, da música dela e dela na verdade! Estas músicas são do primeiro álbum dela, o “Monomania” que eu já ouvi muito. Prometo estudar com toda a atenção o álbum mais recente que tem como nome “Problema meu”.

E, vocês já conheciam o belo trabalho desta artista brasileira? Identificam-se ou não acham piada nenhuma a isto?