Chapters & Scenes | Banda desenhada
Eu li algumas coisas de banda desenhada quando era criança. Eram coisas como o tio patinhas ou a turma da Mónica. A verdade é que me gostava bastante. Depois mais tarde descobri a Mafalda. Identifico-me bastante com as coisas que ela diz e principalmente com a maneira como o faz.
Creio que todos conhecem a Mafalda de Quino, uma miúda revolucionária com ideias fora da caixa e que se questiona sobre tudo. A Mafalda é preocupada com a justiça, com o estado social, com o ambiente, com a ciência, com a mentalidade humana, com o estado em que anda o mundo. Quino já escreveu a Mafalda, com todas essas características e questões, há muitos anos, e mesmo assim as grandes questões parecem continuar a ser mesmas. Será que evoluímos assim tanto na nossa mentalidade desde que a Mafalda foi criada até hoje? Imaginem o que diria a Mafalda se visse o mundo como nós o vivemos.
O que diria a Mafalda sobre o terrorismo instalado? Sobre a briga de religiões? O que diria ela sobre as agressões gratuitas, a violência doméstica? O que acharia ela da injustiça e diferença salarial entre homens e mulheres? O que acharia a Mafalda do poder político, económico e da corrupção? O que pensaria ela sobre a homofobia e o racismo? Sobre os média e os novos influenciadores digitais? Sobre o meio-ambiente? Sobre a nossa forma de viver?
Andamos a estragar o mundo com a nossa forma de pensar e viver? Ou ele, com tudo o que tem dentro é que nos estraga a nós e nos obriga a agir de certos modos? Precisamos, talvez, todos de voltar a ler a Mafalda e aprender um pouco com ela. Conseguiremos nós responder àquilo que ela pergunta?
Em 1964, quando pela primeira vez a Mafalda viu a luz do dia, ela era uma criança que tinha os porquês na boca. Ela questiona-se sobre tudo aquilo que incomoda a sua pequena alma. Ela, de uma forma humorística, explica-nos as suas dúvidas sobre a política, a ciência, relações humanas e os problemas do mundo em geral, mas também nos dá algumas lições valentes. Ela fala sobre a verdade, sobre a forma como nós agimos perante nós mesmos e os outros, sobre a forma como levamos a nossa vida. Ela dá-nos, de forma muito subtil, pela voz de uma criança, algumas armas de defesa e aprendizagem para que, além de nos divertirmos enquanto lemos, também possamos aprender e pensar melhor sobre o que andamos a fazer.
Mas qual é, para ela, o maior de todos os problemas da humanidade? Será que, recuando à nossa infância, compreenderemos a Mafalda? O maior problema dela é a mãe obrigá-la a comer sopa. Como toda a gente sabe, nenhuma criança consegue encarar pacificamente o facto de ter de comer sopa às refeições quando existem outras mil possibilidades mais saborosas no mundo. Tem calma Mafalda, depois de crescer aprendi a gostar da sopa à minha maneira. Passo todos os ingredientes e transformo-a num creme à minha medida. Nem tudo na vida é pacífico. Nem temos de fazer o que não gostamos. Mas vamos aprendendo alguns truques para lidar com os problemas e dar-lhes a volta.
Green
Muito bom e muito atual, sem dúvida nenhuma!
Maria João
Muito giro! 😀
Nunca gostei muito de banda desenhada, mas em miúda a Mafalda era a única que eu gostava de ler. Acho a personalidade dela tão mas tão gira!
Beijinhos
Maria
Words of Mary
Ana Couceiro PIres
Nunca liguei muito a banda desenhada até chegar a faculdade e começar a ver a banda desenhada não só da Mafalda mas também do Charlie Brown. 🙂 isto porque tive uma professora, de Psicologias da Personalidade, que acabava sempre as suas aulas com um pequeno excerto de banda desenhada que se relacionava em tudo com aquilo que tínhamos dado na aula! Desde aí que sou fã!!! 🙂
Mafalda Fernandes
Adoro Mafalda e todo o mundo que o Quino criou <3
E é interessante aperceber-nos que mais de 50 anos depois a personagem da Mafalda continua a ser actual e relevante.