Eu li algumas coisas de banda desenhada quando era criança. Eram coisas como o tio patinhas ou a turma da Mónica. A verdade é que me gostava bastante. Depois mais tarde descobri a Mafalda. Identifico-me bastante com as coisas que ela diz e principalmente com a maneira como o faz.

Creio que todos conhecem a Mafalda de Quino, uma miúda revolucionária com ideias fora da caixa e que se questiona sobre tudo. A Mafalda é preocupada com a justiça, com o estado social, com o ambiente, com a ciência, com a mentalidade humana, com o estado em que anda o mundo. Quino já escreveu a Mafalda, com todas essas características e questões, há muitos anos, e mesmo assim as grandes questões parecem continuar a ser mesmas. Será que evoluímos assim tanto na nossa mentalidade desde que a Mafalda foi criada até hoje? Imaginem o que diria a Mafalda se visse o mundo como nós o vivemos.

O que diria a Mafalda sobre o terrorismo instalado? Sobre a briga de religiões? O que diria ela sobre as agressões gratuitas, a violência doméstica? O que acharia ela da injustiça e diferença salarial entre homens e mulheres? O que acharia a Mafalda do poder político, económico e da corrupção? O que pensaria ela sobre a homofobia e o racismo? Sobre os média e os novos influenciadores digitais? Sobre o meio-ambiente? Sobre a nossa forma de viver?

Andamos a estragar o mundo com a nossa forma de pensar e viver? Ou ele, com tudo o que tem dentro é que nos estraga a nós e nos obriga a agir de certos modos? Precisamos, talvez, todos de voltar a ler a Mafalda e aprender um pouco com ela. Conseguiremos nós responder àquilo que ela pergunta?

mafalda-andreiamoitablog

Em 1964, quando pela primeira vez a Mafalda viu a luz do dia, ela era uma criança que tinha os porquês na boca. Ela questiona-se sobre tudo aquilo que incomoda a sua pequena alma. Ela, de uma forma humorística, explica-nos as suas dúvidas sobre a política, a ciência, relações humanas e os problemas do mundo em geral, mas também nos dá algumas lições valentes. Ela fala sobre a verdade, sobre a forma como nós agimos perante nós mesmos e os outros, sobre a forma como levamos a nossa vida. Ela dá-nos, de forma muito subtil, pela voz de uma criança, algumas armas de defesa e aprendizagem para que, além de nos divertirmos enquanto lemos, também possamos aprender e pensar melhor sobre o que andamos a fazer.

mafalda-andreiamoitablog

mafalda-andreiamoitablog

Mas qual é, para ela, o maior de todos os problemas da humanidade? Será que, recuando à nossa infância, compreenderemos a Mafalda? O maior problema dela é a mãe obrigá-la a comer sopa. Como toda a gente sabe, nenhuma criança consegue encarar pacificamente o facto de ter de comer sopa às refeições quando existem outras mil possibilidades mais saborosas no mundo. Tem calma Mafalda, depois de crescer aprendi a gostar da sopa à minha maneira. Passo todos os ingredientes e transformo-a num creme à minha medida. Nem tudo na vida é pacífico. Nem temos de fazer o que não gostamos. Mas vamos aprendendo alguns truques para lidar com os problemas e dar-lhes a volta.

mafalda-andreiamoitablog

mafalda-andreiamoitablog