O livro selecionado para o Páginas Salteadas de Novembro foi o “Escrito na Água” de Paula Hawkins. E a aura deste livro é muito escura, a meu ver. Portanto, quis logo fazer uma receita com algum ingrediente que remetesse para algo da cor que eu vi este livro. Não foi muito difícil chegar ao Salame de chocolate.

“Tu nunca mudaste. Eu devia saber isso. E sabia mesmo. Adoravas a casa do Moinho e a água, e estavas obcecada por aquelas mulheres, pelo que tinham feito e por quem tinham deixado atrás de si. E agora isto? Sinceramente, Nel. Levaste mesmo as coisas tão longe?” (Jules)

Nel vivia a pensar na causa da morte das mulheres naquele rio. E também ela morreu lá. A história desenrola-se quando Jules chega ao local onde a irmã, Nel, vivia com a filha adolescente, Lena. Está a decorrer o processo de investigação pela morte de Nel e Lena é uma rapariga mal resolvida, que não lida bem com a presença da tia, após a morte da mãe. O livro constrói-se através dos relatos de várias personagens que nos dão a sua visão dos acontecimentos. Além disso recorre algumas vezes à infância de Jules e da irmã, agora morta, Nel, o que nos ajuda a perceber algumas coisas acerca da sua relação conturbada.

Eu quis ler este livro porque tinha adorado o primeiro da autora “A rapariga do Comboio”, mas confesso que fiquei desiludida. Apesar de seguir a mesma lógica e modelo de escrita, que admiro e gosto muito de ler, esta história não me entusiasmou tanto. Sou apaixonada por este género de literatura porque é como se eu estivesse a jogar Cluedo, eu quero descobrir quem é que matou quem, mesmo que não haja ninguém a competir comigo.

Quando li a “Rapariga do Comboio” até houve um dia em que acordei mais cedo para saber o que acontecia no livro e tal encanto não aconteceu com este “Escrito na Água”. Mas não deixei de o ler a um ritmo muito rápido e achei que já sabia quem era o culpado ainda faltava imenso para o livro acabar. Claro que não acertei coisa nenhuma, pelo que não acho que o livro seja previsível, não, não é isso, é só menos cativante do que o anterior. Ou talvez tenha sido eu que tenha elevado muito as expectativas.

“Deitei-me na minha cama em silêncio. Nem sequer consigo ouvir música porque sinto que tudo tem um sentido diferente de que antes não me apercebia, e dói-me demasiado encará-lo agora, foda-se. Não quero estar sempre a chorar, faz-me doer o peito e a garganta, e o pior é que ninguém me vem ajudar. Não sobra ninguém para me ajudar” (Lena)

Receita de salame de chocolate

Ingredientes:

• 200g de bolacha digestiva
• Uma mão cheia de amêndoas
• 200g de cacau crú em pó
• óleo de coco
• 1 ovo

Preparação:

Partir as bolachas em pequenos pedaços. Eu meto-as dentro de um saco com fecho e uso as mãos para ficarem assim ao género grosseiro mesmo. Em seguida laminar as amêndoas e misturar com as bolachas partidas. Misturar o cacau crú em pó e o ovo. Por fim, juntar óleo de coco suficiente para que seja possível unir todos os ingredientes. Formar um rolinho do tamanho que desejarem e enrolar em papel vegetal. Deixar no frio durante algumas horas e passar depois para papel de alumínio para que este seja mais fácil de retirar na hora de comer.

Significado da receita

Como disse ao início, eu associo muito as coisas às cores e desde logo que vi este livro como algo muito escuro. Eu imaginei os cenários sempre todos de noite, por exemplo. E vai daí pensei num ingrediente que me fizesse lembrar isso mesmo e o chocolate, ou neste caso o cacau, fez todo o sentido. Foi por esta lógica que chegue ao salame de chocolate.

Para verem em que consiste este projecto podem clicar aqui e também há uma pequena reflexão sobre ele aqui. Quanto às minhas receitas anteriores aqui ficam:

• Mil folhas de guacamole com o livro da Rute Caldeira;
• Gelados de fruta com “O livro do Hygge”;
• Massa com cenoura e camarão com o livro “Pedrito, o coelho”;
• Receitas peculiares de halloween com livro “O lar da senhora Peregrine para crianças peculiares”

Não percam também as receitas das companheiras de projecto Joan of July, Às cavalitas do vento e Lolly Taste.