caldo verde

No princípio quis ler o “Descomplica”, da Sofia Castro Fernandes, muito devagar. Quis ter tempo para o degustar como ao meu caldo verde. Quis ler uma página por dia, para levar o seu ensinamento. Mas não o fiz. A minha essência não é essa. Li avidamente. Li tudo muito rápido. Página após página. Mais houvesse mais teria lido. Essa sou eu e foi assim que me fez sentido.

A Sofia é a cara por trás do às nove no meu blog que já leio há muito tempo. Conheci-a no dia do Blogging for a cause, que co-organizei, em Novembro passado. E as palavras dela são enebriantes. Ouvi numa entrevista que ela deu que o objectivo, ao lançar este livro, era despoletar nas pessoas aquele poder que têm mas não deixam sair. Eu acho que este livro é como se fosse um pionés que a Sofia nos vai espetando de modo a levar-nos à ação e não nos deixarmos cair na quietude. Que imagem bonita. É a forma que ela tem de nos mandar calar aquela voz chata que nos diz baixinho ao ouvido que não vamos conseguir.

O “Descomplica”, além de ser muito bonito esteticamente, é composto por onze verbos. E é através deles que ela nos deixa mensagens positivas com o objectivo de nos fazer pensar e em seguida agir. Eu não quero dizer quais são esses verbos porque eu também não gostaria de saber antes de ler. Vou optar então por deixar algumas ideias básicas do livro para que o no final a decisão de o ler seja vossa.

caldo verde

10 ideias do livro “Descomplica”

  • O que fazer àquela voz que nos sussurra “tu não sabes”, “tu não podes fazer”, “tu não vais conseguir”?
  • Vemos em nós todos os problemas do mundo e vivemos num sítio chamado “vitimolândia”. Como contornar este obstáculo? Gostando mais de nós e assumindo os nossos pontos fortes.
  • Reclamar menos e aceitar mais tal como duvidar menos e confiar mais. Difícil. Eu sei. A mais difícil a meu ver. Mas aquela que poderá ser o princípio de tudo.
  • “Acorda todos os dias para ser feliz”, “Acorda todos os dias para ser valente”. Acreditar, no fundo.
  • “Há céus que só percebes que existem quando perdes o tecto”. Esta foi uma das que me ficou a marinar no cérebro depois de terminar o livro.
  • Sossegar, abrandar, acalmar e silenciar.
  • Deixar passar o que nos faz mal.
  • Coragem, persistência e resiliência. Mas ter sempre em mente que desistir não é uma fraqueza.
  • Fazer do “obrigada” um ritual. Mas é preciso sentir e ser verdadeiro quando o fazemos. A prática do agradecimento é uma das coisas sobre as quais mais tenho ouvido falar.
  • Desapego. Tal como o agradecimento o desapego é uma arte e uma libertação.

Receita de caldo verde descomplicado

Ingredientes:

  •  couve-flor
  • 2 courgettes
  • 3 dentes de alho
  • Couve previamente cortada em farripas para o caldo verde
  • sal q.b.

Descascar as courgettes e partir em pequenos pedaços. Partir as pequenas árvores brancas da couve-flor e lavar bem. Colocar numa panela com os dentes de alho e encher de água até tapar os legumes. Enquanto isto coze, meter outra panela com água a ferver e cozinhar lá as couves. Quando tudo estiver bem, passar com a varinha mágica o primeiro preparado e juntar lá as couves que ficarão a boiar. Adicionar um pequeno fio de azeite e mexer tudo com um garfo para separar as farripas de couve umas das outras.

A minha explicação da receita. Porque a fiz?

Eu não sou uma pessoa de sopas. Mas tenho tentado ser pelo seu lado prático e pelo facto de me permitir comer legumes que de outra forma não comeria. As minhas sopas nunca saem iguais. Ou ficam muito líquidas ou muito grossas. Eu não tenho jeito para fazer sopas. É só esta que me saí bem. O caldo verde descomplicado. E em receita vencedora não se mexe. Nem sequer nunca experimentei fazer o caldo verde na sua forma original (com batata). Devemos aproveitar-nos daquilo que sabemos fazer muito bem.

Era óbvio que se a ideia deste livro era descomplicar eu não me ia meter a fazer uma comida gourmet em cama de coiso, com caldo de alguma cena e redução de não sei do quê. Às vezes o óbvio pode ser o melhor caminho a seguir. Precisamente porque pode ser mais simples. Se com este livro aprendemos a descomplicar a vida estamos perfeitamente capazes de fazer uma sopa que não dê muito trabalho. Devo dizer que ao mesmo tempo que consegui descomplicar uma receita que não demora nada, consegui também acrescentar um alimento novo à minha alimentação. Eu nunca tinha comido couve-flor antes. Depois desta receita ainda não parei de a comer. Experimentar também implica descomplicar.

caldo verde

Acompanhem o nosso projecto Páginas Salteadas e as receitas das Catarina, da Joana e da Vânia, nos blogs delas:

Joan of July

Às cavalitas do vento

Lolly Taste