Janelas de Lisboa # 2
Há alguma coisa que me chama nas janelas de Lisboa. Quando estou em outras cidades também me atraem as janelas, as portas, os prédios e as rua, mas é diferente. Fotografar janelas tem outro significado, outro encanto, outra história quando é em Lisboa.Não há passeio que faça à capital (e eu nem moro longe) que não me vejam, de braços no ar, a fotografar janelas. “Ah mas já tiraste foto aí da outra vez!”. Não é verdade. Lisboa tem muitas cores. Tem muitos sítios e lugares. E mesmo que não tivesse. Uma fotografia nunca é igual duas vezes.
O que se passará para lá dos estores das janelas onde lhes falta o cortinado? O que estará depois dos vidros fracos, muitas vezes enfraquecidos pelo passar dos tempos? Qual é a vida que conta histórias da janela para lá?
É pelas janelas que temos o primeiro contacto matinal com o mundo. Quando lá vamos para ver o tempo. Quando as abrimos para deixar entrar o ar. Quando arredamos os cortinados amarelados e deixamos passar o sol para dentro de casa. Lá, naquelas, janelas de Lisboa, o sol põe-se no Tejo. E as cores do amanhecer devem ser diferentes. E os sons da noite também.
Como será viver no centro de Lisboa? Mais perto desta magia que só se consegue quando se vive no bairro? Quando se desce as escadas com o saco do pão enrolado à volta da mão. Quando se deixa a porta aberta sem ter medo dos vizinhos. E em Junho, meu mês mais querido de sempre, receber toda a gente nas festas da cidade que deixam dançar os santos populares. As festas são no Verão, mas ficam restos dela, durante todo o ano, pendurados nas janelas.
Nunca quis viver naquelas bairros. Porque me quero continuar a deslumbrar com as histórias que imagino que acontecem lá. Se lá vivesse o encanto seria parte do dia-a-dia e já não havia lugar ao deslumbramento de que tanto gosto. Quero ser lisboeta, mas a que visita. A que é turista na sua cidade. Quero ser a pessoa que vive nos arredores mas que sabe sempre a melhor forma de chegar a Alfama. A que passa sempre para fotografar mais uma janela. A que descobre sempre novidades. Cantos novos, mas que já lá estavam, gastos pelo tempo, percebem?
Green
Eu vivi em Lisboa num desses bairros e confesso que não gostei, não gostei de viver por lá, não gostei das pessoas nem do estágio que fiz nessa altura, para mim a capital serve para passeio e compras.
Na verdade, também nunca olhei para a cidade da forma que descreves, talvez por ter sido uma das pessoas que já viveu por detrás de uma dessas janelas.
Andreia Moita
Não sabia. Vê lá, não tinha essa ideia do espírito que se vive lá. Eu vivendo nos arredores Lisboa, sinto um fascínio pelos bairros da cidade. Mas não sei de nada do que se lá vive. Gosto de lá passear e imaginar vidas. Obrigada por partilhares uma opinião do outro lado da janela. Beijinhos.