sair da zona de conforto

Sair da zona de conforto é simultaneamente aterrador e empolgante. Ora a explicação é lógica. Se estamos relaxados à sombra da palmeira, está tudo bem assim não mexe mais. É quando saímos dessa nossa zona de conforto (que também pode ser uma bolha) que vemos que existem não só palmeiras, como bananeiras também. E ganhamos conhecimento, crescemos e evoluímos além de ganharmos muito mais espaço na nossa cabeça. Trabalhamos a nossa criatividade, damos um passo à frente nas nossas experiências de vida e ficamos a saber mais nós próprios.

Venho-me apercebendo que sair da zona de conforto é aquilo que me mantém sã nos momentos em que acho a minha vida monótona. Ou seja, apesar de ter medo de fazer coisas novas, são essas coisas que procuro fazer. É uma mistura de sentimentos meio esquisita. A zona de conforto é a nossa zona segura. Sair dela é desafiarmo-nos a nós mesmos. É arriscar. É uma prova de superação. Por isso é que vem aliada ao medo tantas vezes. Porque sair da zona e de conforto é entrar pelo alegre mundo de oportunidades do desconhecido.

Percebi isso bastante cedo, quando decidi mudar de escola no final do nono ano, por exemplo. Com a passagem para o décimo ano decidi ir para uma escola onde nenhum dos meus amigos estivesse. Custou-me tanto saber que íamos todos escolher caminhos diferentes que preferi seguir o meu sozinha. Muitos desses amigos ficaram até hoje o que prova que fiz a escolha certa. Ao mesmo tempo fiz novos amigos, que é uma coisa muito importante ao longo da nossa vida. Curiosamente, às vezes, parece que quando somos mais novos algumas decisões são mais fáceis. E vão ficando mais difíceis de tomar à medida que crescemos.

Ao longo dos anos, muitas foram as vezes em que senti necessidade de abanar a minha vida e não o fiz. E continuo a não fazer. Porque, lá está, o medo é bloqueador e o prazer da segurança fala muito alto. Mas hoje recordo muitos momentos felizes e que me fizeram sair da zona de conforto e me mostraram que consigo ir mais longe e sair dos domínios e limites que eu própria me me dou. Sei que deixo demasiadas oportunidades passar porque estou segura na minha palmeira. Por isso é que faz bem lembrar-me das vezes em que conheci outras árvores:

Sair de casa:

A um mês de fazer vinte seis anos saí de casa dos meus pais e construí a minha casa. Já namorava há sete anos, mas foi na mesma um momento em que saí literalmente da minha zona de conforto. Já não ia para o quarto enquanto a minha mãe fazia o jantar.

Correr:

Em 2016 estava numa fase down. Não tinha energia, só me apetecia fazer sestas no sofá. Até ao dia em que decidi, num ímpeto, que ia começar a correr. Eu não gosto de desporto e não passei a gostar, e por isso é que foi uma verdadeira saída da zona de conforto. Corri durante um ano, passei por uma fisioterapia ao joelho e foi nesses dias, em que não podia, que mais queria correr. (Andreia sendo Andreia)

Bloggers Camp:

“Então e vou assim, do nada, sem conhecer ninguém?!” Foi exatamente assim. Fui à terceira edição do Bloggers Camp (podem ler mais sobre isso aqui) e passei um fim-de-semana com pessoas que não conhecia a aprender muito sobre blogs mas sobretudo sobre relações humanas. É por isso que este ano vou outra vez.

Sessão Fotográfica:

Eu sempre gostei de tirar fotografias. Mas sempre foram pessoas que eu conheço a tirar-mas. Na sessão fotográfica “Desperta a tua luz” fui maquilhada e fotografada por profissionais no meio da rua em Lisboa. E aqui é sair da minha zona de conforto na medida em que tive que expor vários lados meus, para várias fotografias diferentes.

Workshop escrita e comida:

A minha relação com a comida é de esquisitice perante os outros. Para mim eu sou normal mas para os outros sou esquista. Já a minha relação com a escrita é de total à vontade. Ir a uma espécie de prova cega com comida para depois escrever sobre sensações, foi sair da zona de conforto porque tive que expor a minha fragilidade a cada garfada. Tinha medo de não gostar da comida e ter vergonha por causa disso. Ter feito isto tornou-me mais confiante e mais forte perante mim e os outros. E além disso surpreendi-me a mim mesma porque gostei de tudo o que provei o que significa que estou muito mais aberta a experimentar. Sair da zona de conforto também e dar estas possibilidades a nós mesmos.

Comer papas de aveia:

Se alguma vez Andreia Moita ia comer papas?! Quando fui ao Brunch das Princesas, com a Catarina Beato, disse logo que não ia gostar daquilo assim que vi. E comecei a suar das mãos. Quando provei, pronto. Sabia intensamente a arroz doce e nunca mais parei de fazer e comer papas. A comida para mim é excelente para sair da zona de conforto.

Ler em inglês:

Sempre disse que não seria capaz e isso sempre me fez não tentar. Porque eu sei que não consigo – o síndrome do impostor. O auto-boicote que nos faz não acreditar em nós. (A Margarida Pestana escreveu sobre isto recentemente). Duvidava da minha capacidade de ler em inglês e portanto era mais fácil dizer que não conseguia. No início do ano um dos meus objectivos para o meu desenvolvimento pessoal era ler um livro em inglês. E caraças se não fiz a escolha mais inteligente quando escolhi o Girlboss e adorei.

Há várias situações na nossa vida em que dizemos que não vamos ser capazes. Sair da zona de conforto é contrariar isso. É dar um passo na auto-estima e na realização pessoal. Quais são os vossos momentos em que sentiram ter saído da zona de conforto? Em que é que isso vos ajudou? O que é que vos ensinou? Convido-vos a escreverem sobre isso.