cabo

Esta conversa parece aquela do “o papel”. “Qual papel?” “O papel”. Parece mas não é. Porque ele não gosta de papel. Ele é mais cabos. E eu não sei nunca onde está o cabo que ele quer. E então a conversa segue outra linha completamente diferente. Querem ver?

Onde é que está aquele cabo?

Qual cabo?

O cabo.

Pronto. Completamente diferente. Não acharam?

Não percebo porque continuo a fazer isto a mim própria. É quando eu escrevo esta rubrica “conversas com um nerd” parece que é a gozar com ele, mas não. É comigo mesmo. É humilhar-me a mim própria em praça pública. É aceitar a triste realidade sobre a minha pessoa. Eu conheço-me e sei que isto é ridículo. Mas isto é a minha vida. Vamos prosseguir então. A história que se segue é verídica:

Eu: “Tu tens mil e quinhentos cabos. Nem sabes para que servem. Qual cabo?

Ele: “O cabo para ligar a máquina do cartão do cidadão”.

Eu (incrédula): “Ai, nós temos essa máquina?”

Ele: “Antes das mudanças tínhamos”

Eu: “Não sabia. Mas pronto, neste momento, pode estar em qualquer lugar. Há, até mesmo, uma forte possibilidade de… ter ido para o lixo.”

Ele: “Estava na gaveta da sala. Não me lembro de a ter arrumado”

Eu (com aquela gota de suor já a escorrer pela testa): “Fui eu.”

Ele (cheio de certezas): “Ah, então, se foste tu…sim, foi para o lixo.”

E é isto. A minha vida. Nunca sei onde está nada. Mas as mudanças estão a elevar este meu estado natural a um nível muito superior. Um dia talvez possamos encontrar o tal cabo com uma cena presa na ponta, que eu nunca vi cá em casa, mas que se ele diz que estava na gaveta da sala, que ele não arrumou, então é porque estava.

(Nota: claro que nenhum destes cabos que estão na foto é aquele do qual falamos aqui. Porque esse ainda não apareceu.)