estender a roupa

Estender a roupa. Um dos flagelos do século XXI. Este problema atinge todas as pessoas que cuidam de uma casa. E deve ser tratado com o devido respeito e com a importância que merece. Por isso é que acho essencial debruçarmo-nos sobre este tema tanto como nos debruçamos no parapeito para estender a roupa.

Não é fácil executar nenhuma tarefa doméstica. Para mim não é. Sinto que, de facto, não nasci para isto. Mas continuarei a tentar arduamente cumprir todas duras provas que esta casa me exige. Hoje venho desabafar sobre as problemáticas de estender a roupa. E nem vou referir o facto das molas terem de ser todas iguais (é a mola que calhar). Ou os pares das meias terem de ficar lado a lado (porque nem sequer os encontro). Estender a roupa já é um desafio do caraças, quanto mais estar ali a dividir por grupos. Não é isso, não é nada disso. É pior.

Na minha antiga casa tinha apenas tinha um estendal interior o que me alegrava muito porque no máximo a roupa me caía no chão. A pessoa baixava-se e apanhava e tudo eram flores. Não havia aquela história de estar ao frio de braços congelados de fora da janela. Coisa que agora acontece todos os dias da minha vida. E eu nem chego ao último arame sem me meter em cima de um banquinho humilhante.

As problemáticas de estender a roupa:

  • Sou só eu que entro em pânico quando a máquina acaba de lavar? Tiro a roupa e uma a uma estendo. Mas com as mãos a transpirar. Agarro em cada peça com força. É que eu acho que assim que meter a roupa no estendal ela vai desatar a voar. Como é que uma simples molinha tão pequena vai garantir a segurança da minha toalha de banho?
  • Demoro cerca de duas horas e meia a estender a roupa devido ao problema da alínea anterior. Cada peça que estendo é uma vitória por ela permanecer no estendal. E há uma dança da vitória final de cada vez que vejo o alguidar vazio.
  • Estendo a roupa em permanente estado de sobressalto a imaginar a vergonha que será deixar cair umas cuecas no estendal da vizinha. Quem nunca viu uma peça de roupa sua pendurada na entrada do prédio?!
  • Não consegui ainda compreender a lógica do estendal e daquela coisa de ele andar de um lado para o outro. Então passo o tempo inteiro a mudar de janela. Ora estou na da esquerda ora estou na da direita para conseguir chegar à totalidade do estendal.
  • O último problema de estender a roupa é mesmo o facto de a termos de apanhar. Olho lá para baixo e respiro que alívio por não ter caído nada entretanto. Vejo a roupa toda revoltada uma por cima da outra. Valha-me deus. Afinal as molas não me deixaram o lençol fugir. (E eu nem meti vinte sete molas em cada um). Tiro a mola com a mão direita enquanto agarro uma meia com força com a mão esquerda. Ahh, esta já não me escapa. É uma felicidade sentir esta capacidade e eficiência da minha parte e voltar a ver toda a minha roupa dentro de casa em segurança. Sou a maior. Palmas para mim.

A sério. Vocês digam-me, sou a única com medo de ver o meu pijama a esvoaçar pela cidade? Sou a única que estende a roupa em sobressalto e termina a tarefa com satisfação por não ter feito asneira?