coisas que se ouvem na praia

Já não é novidade, para ninguém, por aqui, que eu gosto de ir à praia, de mergulhar, do calor, do sol e do verão em geral. Agora o que vocês não sabem é que eu além de dormir, ler, comer, jogar às cartas, dar mergulhos e apanhar sol, faço outras coisas na praia. “Ouvir as conversas dos outros”, por exemplo. Vai daí e reuní um best off de coisas que se ouvem na praia.

A praia é um sítio tão válido como qualquer paragem de autocarro. É um terreno tão fértil para ouvir disparates como é o metro, a mesa ao lado no restaurante ou num estádio de futebol. Calma, não ouço conversas alheias e privadas, até porque estamos na praia e não conheço as pessoas de lado nenhum, logo não teria interesse. Aqui o interessante é que as coisas que se ouvem na praia são tão triviais que qualquer um de nós pode dizê-las. Querem ver?

Então, a água está boa?

Vejamos, quantos de vocês já ouviram/disseram a típica “então, a água está boa?”. Como assim, a água está boa? Isto é só estúpido. A mesma água que vai estar boa para mim, não vai estar boa para ti. Não sei como funciona com as outras pessoas, mas para mim está sempre boa. E depois a seguir a isso vem sempre a piada fácil “epah, eu não provei, mas…” Digam lá, esta não é das coisas que se ouvem na praia mais vezes?

Cuidado que estás a levantar areia para as pessoas

Outra coisa muito comum de se ouvir por esse areal são pais a refilar com os filhos. E se não os tratarem por “você” já estamos nós muito bem. Os miúdos passam apressados com um unicórnio debaixo do braço e a bola nos pés e atrás deles areia distribuída para toda gente à volta. E a seguir vêm os pais a dizer “olha as pessoas”.

Já estás a ficar vermelha/o

Um clássico. Toda a gente sabe que só depois de se ouvir a celebre frase “já estás a ficar vermelha/o” é que se põe creme (emoji com a mão a dar uma chapada na testa). Penso que o truque não está nos avisos de raios UV mas sim naquele “já” misturado com “vermelho”. “Já estás” é o fim! Depois, a seguir a isso vem todo um rol de conversa desde os tempos antigos e ouvimos histórias terríveis sobre um tal “óleo Johnson” enquanto pegamos de imediato (e amedrontados) no protetor 50+.

Que bola foi essa?

Observar as pessoas a jogar raquetes é quase tão bom como jogar efetivamente. Poucas são as pessoas que conseguem fazer três toques seguidos (categoria na qual me insiro). E a conversa toda à volta do jogo é ainda melhor do que o jogo em si. “Vá, vai buscar”. “Corre, que ainda fazes exercício”. “Opah, eu estou aqui, não estou ali, que bola foi essa?”.

Prefiro este ventinho

Deixei esta para o fim. Das coisas que se ouvem na praia, talvez esta seja a que me irrita mais. Porque reparem, esta conversa do tempo nunca agrada a toda a gente. Nem na praia nem no elevador. Começa tudo com um “está um calor que não se pode” e acaba com alguém a achar que está demasiado vento.

E depois há a conversa sobre as calorias da bola de berlim enquanto a comem. A conversa sobre quão quente está a areia enquanto caminham aos saltinhos. Tudo coisas perfeitamente plausíveis de acontecer a qualquer um de nós. E vocês que coisas ouvem na praia?