O que é isso da criatividade? O que tem de ter uma pessoa para que seja considerada criativa? Baseando-me no livro de Elizabeth Gilbert  “A grande magia”, resolvi procurar respostas à pergunta: como ser criativo? 

Todos nós nos queixamos de alguma coisa. E normalmente é o contrário uns dos outros. Ora é porque uns têm muita paciência, ora é porque outros têm pouca. Ora é porque uns têm caracóis ora porque é liso. Mas e criativos? Será a mesma coisa? Umas pessoas reclamam que não têm criatividade nenhuma e outras andam para aí com excesso de ideias? Ora eu acho que a paciência, por exemplo, não se treina, ou se tem ou não se tem (e, assumidamente, eu não tenho.) Já a criatividade é uma coisa que se pode adquirir, que se pode trabalhar, que se pode alcançar. Penso que talvez toda a gente tenha a sua. Porque ser criativo é ter as suas próprias ideias e fazer com elas coisas para tornar a sua vida diferente da das outras pessoas. A criatividade é precisa em quase todos os aspectos da nossa vida mesmo sem nos apercebermos dela. Até mesmo para comprar um presente a alguém ou planear o que fazer para o jantar. Portanto toda a gente, em doses maiores ou mais pequenas, a tem.

As vezes até podemos pensar que já foi tudo feito, que já foi tudo inventado, que já foi tudo escrito. Quando li o livro “A grande magia”, da Elizabeth Gilbert, percebi que isto até pode ser verdade, mas isso não é impedimento para metermos a nossa cabeça a funcionar.

“E que mal há em repetirmos os mesmos temas? (…) Tudo nos lembra alguma coisa. Mas quando põe a sua expressão e a sua paixão numa ideia, essa ideia passa a ser sua. Seja como for, quanto mais envelheço, menos a originalidade me impressiona. Hoje em dia, a autenticidade comove-me muito mais.”

Para sermos criativos só precisamos de pensar fora da caixa. E não é no dia em que nos sentamos e dizemos “hoje vou ter uma ideia” que isso vai acontecer. Vai ser noutra altura. No banho, na paragem do autocarro, no banco de espera de uma consulta. É quando a mente está mais à deriva que as ideias mais brilhantes e mais criativas surgem.

Eu sou criativa. Tenho sempre muitas coisas a acontecer dentro da minha cabeça. Ideias que se atropelam. Algumas saem outras ficam. Mas assumo-me sem modéstia como criativa e em vários aspectos da minha vida. Para o blog ou para o trabalho. Para os fins-de-semana. Para mudar a decoração da casa. Para preparar um lanche diferente, para surpreender alguém. Para fazer eventos, para inventar músicas, o que for. E não faz mal assumir-me assim, e uma das minhas qualidades. Ser criativo implica ter ideias, sim, mas também implica acreditar nelas.

“Acredito que o impulso humano original para a criatividade nasceu da pura energia do malandro. Claro! A criatividade quer virar o mundo trivial de cabeça para baixo e do avesso, o que é exatamente o que um malandro sabe fazer melhor (…) O malandro é, como é óbvio, uma figura fascinante e subversiva. Mas, para mim, o mais maravilhoso num bom malandro é que ele confia.”

Guiada pelo livro da Elizabeth, decidi procurar por essa internet fora formas de sermos mais criativos. Porque até mesmo uma pessoa criativa precisa de motivação. Talvez mais do que as outras até, para acreditar nas suas ideias, muitas delas mirabolantes. Acredito que quando não temos ideias não devemos forçar. Faço muitas vezes a vontade à minha preguiça. Aprendi a respeitar os momentos em que não me apetece fazer nada. Já não tenho medo da folha em branco. O que hoje é vazio amanhã é uma avalanche.

“Então, quando é que pode começar a correr atrás de uma vida mais criativa e apaixonada? Pode começar quando decidir que está na altura.”

Como ser criativo?

Não havendo uma fórmula mágica para a criatividade, bem como não há para nada nesta vida, fui pesquisar. Nas minhas buscas, por esta internet fora, encontrei muitas dicas para ser mais criativo. Não acreditei em todas se bem as coisas funcionam de forma diferente para cada um de nós. Recolhi algumas e vou deixar aqui as que a mim me fazem mais sentido, sendo que isto não é uma ciência exata, talvez nem mesmo uma ciência sequer.

Reparar em cores:

Dou comigo a relacionar as coisas a cores. Não sei se alguém faz isto mas pensem em palavras aleatórias…elas têm uma cor, não têm? O Inverno para mim é azul e o Verão, por exemplo, é verde. A palavra criatividade…é cor de laranja, para mim. Se calhar isto não faz sentido na cabeça de ninguém, mas para mim, só facto de pensar nisto já revela alguma criatividade (e uma certa dose de maluquice também).

Anotar ideias:

Faço isto constantemente. Tenho um caderno na mala para qualquer eventualidade. Vai que me lembro de um tema para o blog de repente?

Fazer amizades: 

Conhecer gente com ideias diferentes ou mesmo iguais às nossas. Falar com pessoas, saber coisas, outras vivências. Fazer amizades, em qualquer idade, mas sobretudo na idade adulta, abre os nossos horizontes.

Fazer uma lista de coisas (que considera) impossíveis:

Nunca fiz isto e por isso achei interessante colocar na lista. Que tipo de coisas consideram serem impossíveis? Isto dava um bom post. Talvez o faça.

Fazer exercício:

Estive aqui a milímetros de não colocar isto aqui. Não gosto de fazer exercício. Muitas vezes, disse aqui, quando corria que só o fazia pela sensação que tinha no final. Quando era chegado momento de parar de correr, mesmo em jeito de contra senso. No entanto, a satisfação de acabar o sofrimento, de dever cumprido, de ter conseguido superar uma prova…tudo isto são sensações muitos próximas a que se têm ao ter uma ideia e concretiza-la.

Ler / Ver filmes / Ouvir música/ escrever:

As dicas mais básicas de todas. Toda a gente sabe que isto nos causa bem estar e logo maior propensão a criar.

Mudar o caminho/ quebrar rotinas:

Não faço isto muitas vezes e é péssimo. Sinto que fico demasiado agarrada à habituação. O facto de eu ser uma amante de planos definidos não me deixa muito espaço para quebras nas rotinas. E isso não contribui para o meu cérebro navegar livremente.

Experimentar uma receita:

Ora aqui está um ponto de alta criatividade. Eu normalmente invento sempre alguma coisa e sou incapaz de seguir uma receita até ao fim. Talvez isto possa ser mais uma insubordinação do que criatividade, mas paciência. No entanto, esta dica refere-se a uma receita que nunca tenhamos feito antes e aí reconheço-lhe todo um potencial criativo.

Criar um quadro de inspiração:

Fiz este exercício com a Susana, da Bless, no primeiro Bloggers Camp a que fui . É um trabalho manual que consiste em procurar, recortar e colar, algures, frases, palavras, imagens que nos definam. O objetivo é conhecermo-nos e saber aquilo que nos move, o que queremos. Ao olharmos para esse quadro nos devemos recordar quem somos, o que nos inspira, o que nos motiva.

Sair da zona de conforto:

A minha preferida da lista. Talvez a mais difícil de fazer. Já vos contei aqui as minhas experiências fora da minha zona de conforto e de como elas contribuíram para o meu desenvolvimento.

Evitar pessoas que desencorajam:

Muito se ouve falar na importância do afastamento de pessoas tóxicas da nossa vida. Não é só conversa. É mesmo verdade. Não queremos por perto pessoas que nos puxam para trás ou para baixo. Queremos pessoas que nos elevem e acreditem em nós, motivando-nos sem nos iludir.

Ver de diferentes perspectivas:

Saber identificar os dois lados da mesma questão, mas não deixar que isso seja um elemento bloqueador. Admito que é aí que falho regularmente. Avalio tanto que fico muito parada nos “e se” da vida.

Fazer brainstorming:

A troca de ideias é fundamental. Vários cérebros a funcionar em prol do mesmo objectivo. É isto que me fascina no trabalho de equipa.

E vocês consideram o acto de ser criativo uma coisa que nasce connosco ou que conseguimos adquirir em dados momentos? Quais são as vossas técnicas? Que momentos consideram mais criativos na vossa vida. Quais foram as coisas mais criativas que já fizeram?