a star is born

“A star is born” é o novo filme querido das salas de cinema deste país. E tem motivos para isso pois consegue reunir todas as coisas que me fazem gostar de um filme. 

Sou muito exigente no que toca a filmes. Preciso que englobem uma data de características. Precisam de ser credíveis com uma certa dose de entretenimento. Precisam de passar uma mensagem que me façam pensar em alguma coisa. Precisam de ter uma dose de humor inteligente e uma banda sonora que me faça querer ouvir as músicas no dia seguinte. Precisam de ter personagens intensas, com que me identifique, e actores em quem eu confie. Os filmes têm que ser capazes de me fazer estar acordada até ao final, que é coisa que pode muito bem não acontecer. “A star is born” tem todos estes ingredientes com o bónus de tratar um tema real.

Não considero “A star is born” um musical, mas bem podia (que eu adoro). As músicas deste filme são incríveis e diferentes daquilo que se costuma ver. A meu ver ao longo do filme as músicas vão contando a história por si só. Fui só eu que reparei nisto? As músicas têm a capacidade de contar histórias sozinhas, sabem? Foi o que senti neste filme. Ouçam “Shallow” e vejam algumas partes do filme e apaixonem-se.

Além da história abordar um drama real, que é o facto dos artistas bem sucedidos se refugiarem num mundo negro, ainda consegue tocar ainda em temas bem actuais como a fama, as drogas e o sucesso. E levanta alguns temas cruciais como a beleza, o talento e autenticidade.

A beleza é sinónimo de oportunidades?

Jackson (Bradley Cooper) é um cantor bem parecido e famoso mas, infelizmente, sofre a pressão da vida artística e cai nas amarras do álcool e da toxicodependência. Ally (Lady Gaga) é uma miúda que adora cantar, mas sempre lhe disseram que era demasiado feia para isso porque tinha o nariz grande. Ela deixa que isso a bloqueie e trabalha num restaurante enquanto canta num bar, à noite, onde ninguém sabem quem ela é.

Até que ponto consideram que a beleza é um motivo para termos mais ou menos oportunidades no mundo da música, da moda, dos jornalistas, dos empregados de mesa ou qualquer outra coisa da nossa vida? A resposta é…até ponto nenhum. O nosso aspecto não diz nada sobre nós. Mas, não sejamos hipócritas, isso ainda move o mundo em que vivemos, infelizmente.

Há um talento em cada um de nós

Jackson diz a Ally que ela tem talento. Todos temos um. Está dentro de nós. Todos sabemos fazer qualquer coisa, todos temos alguma coisa para dar, alguma particularidade, alguma coisa que nos distingue e nos marca. Mas com isto não quero desvalorizar o factor sorte e muito menos todo o trabalho necessário, e duro, para chegar ao sucesso que cada um ambiciona.

Pequeno parenteses para falar de Lady Gaga neste papel. Só me lembro de a ver em figuras excêntricas e esqueci-me de apreciar a voz dela. Neste filme percebi como ela é incrível a cantar. Um talento, lá está!

O famoso Jackson acredita no talento de Ally e leva-a a um concerto seu onde dá a conhecer a voz dela ao mundo. Depois disto vamos assistindo ao crescimento da carreira de um e à queda da carreira do outro. Penso que não é muito spoiler dizer isto.

Autenticidade, a arma mais forte

Com o crescimento da carreira, Ally é obrigada a mudar a cor do cabelo, torna-se mais vistosa, aprende a dançar, veste-se de maneira diferente, aquele processo que vemos nas ditas grandes estrelas. É daí que vem o nome do filme, aliás. É neste momento que Jack lhe dá o melhor conselho que se pode dar a alguém. Para ela ser ela própria, para ser autêntica, para ser genuína. Para não deixar que a modifiquem, que a transformem numa coisa que ela não quer e sobretudo que ela não é. É o facto de nos mantermos fiéis àquilo em que acreditamos que faz de nós grandes estrelas, em qualquer área da nossa vida.

Jackson e Ally são personagens fortes, bem construídas, íntegras, corretas com estas singelas mensagens subliminares ao longo de “A star is born” para nos deixar. Não é o nosso aspecto que define o nosso talento, é a nossa autenticidade.