Anatomia de Grey

Começou ontem a 15ª temporada de Anatomia de Grey. Deve ser a série mais comprida que eu já vi. E sim, já me fartei de a ver algumas vezes, mas nunca a abandonei.

Há séries que vejo dois ou três episódios e deixo de lado. Aconteceu-me com “Code Black” ou com “American crime story: o assassinato de Giani Versace”. É fácil quando não crio uma ligação, quando não gosto da história. Mas aquelas que já vejo há anos, sou incapaz de as deixar a meio, mesmo que ache que já têm temporadas a mais e não história possível. É mais ou menos o que me acontece com os livros. Posso não gostar deles, mas não descanso enquanto não os acabo.

Não gosto quando as séries têm muitas temporadas. Acabam, muitas vezes, por perturbar a história. “Lost” foi a minha série preferida de sempre, tornou-se uma confusão, mas nunca a deixei de ver. “La Casa de papel” foi tão fantástica que não precisava de ter uma terceira temporada, eu imploro para que não tenha, mas se tiver eu sei que a vou ver. “Once Upon a Time” e “Vampire Diaries” foram perdendo o interesse, temporada após temporada, e lá estava eu a vê-las até ao fim. Vai ser sempre assim com Anatomia de Grey também. Ontem mesmo começou uma nova temporada na Fox Life, depois de terem estado a repetir a série toda.

Naturalmente que as primeiras temporadas foram as melhores. Perdi alguma vontade várias vezes e odiei sempre que apareciam personagens novas. Depois fui ganhando novo fôlego. E fui criando novos laços, Jackson foi-me conquistando e o Karev manteve-se sempre como o meu preferido. Achei algumas das mortes profundamente desnecessárias como foi o caso Sloan, Lexie e Derek. Fui reclamando com alguns romances que foram aparecendo sem sentido como Jackson e a Maggie ou a April e o Matthew, pelo amor de deus! Mas continuei sempre a ver.

Anatomia de Grey, a série mais longa que alguma vez vi

Anatomia de Grey é a série mais longa que alguma vez vi, e portanto, com todos os seus defeitos, ficam-me na memória algumas cenas. Como daquela vez em que não sabemos se o George e a Izzie morreram ou não. Ou quando a Meredith e a Cristina resolviam mais de metade dos seus problemas com tequila e uma dança meio maluca. (Confesso que já tive vontade de experimentar.) Não chorei ao ver Anatomia de Grey mas reconheço-lhe momentos dramáticos e românticos e outros divertidos e capazes de passar valores ou lições.

Have some fire. Be unstoppable. Be a force of nature. Be better than anyone here, and don’t give a damn what anyone thinks. You’re on your own be on your own.

Como naquele episódio em que eles nos dizem que quando gostamos de alguém o melhor é dizer-lhe. O amanhã pode não chegar. Hoje é que importa. E today is a good day to save lifes…lembram-se quem é que dizia isto?

Ou quando Meredith se declara a Derek, ainda nas primeiras temporadas, e lhe pede que a escolha a ela em vez de ficar com a mulher (sim, eu sei, foi para aí há mil anos antes de cristo, mas não interessa). O seu discurso deve ser uma das coisas mais míticas da televisão. Ok, pelo menos eu lembro-me:.

Okay, here it is. Your choice, it’s simple, her or me. And I’m sure she’s really great. But Derek, I love you. In a really, big really big pretend to like your taste in music, let you eat the last piece of cheesecake, hold a radio over my head outside your bedroom window, unfortunate way that makes me hate you… love you. So pick me. Choose me. Love me. I’ll be at Joe’s tonight so if you do decide to sign the papers, meet me there.

Cristina Yang, a amiga que todos queríamos ter

Cristina Yang é das melhores personagens que esta série já viu. E é autora das melhores frases, pelo menos para mim são as mais inteligentes. Sejam comentários sobre pacientes do hospital, sejam os seus pensamentos mais profundos, seja a forma como encara a sua carreira ou os conselhos que dá aos amigos.

Don’t let what he wants eclipse what you need. He’s very dreamy but he’s not the sun. You are.

A Cristina é a amiga que todos nós queremos ter como a “nossa pessoa”. Ela deu a definição perfeita de amizade. No fundo a amizade da Meredith e da Cristina é um ponto fundamental durante toda a história. É importante para mim ver a evolução desta amizade. Revejo-me naquilo que ela tem de mais importante. As suas diferenças. São as pessoas mais distintas uma da outra. Com personalidades, modos de agir e pensar diferentes. É por isso que podem ser tão amigas. Porque os opostos além de se atrair, completam-se. No amor e na amizade.

If I murdered someone, she’s the person I’d call to help me drag the corp across the living room floor. She’s my person.

A série que nos dá lições e cresce ao mesmo tempo que nós

Anatomia de Grey cresceu. Eles cresceram. Nós crescemos com eles. Eu pelo menos cresci. Ainda morava em casa dos meus pais e via episódios, uns atrás dos outros, no computador em cima da cama. Hoje já na minha própria casa continuo a ver a série dos médicos que se enrolam todos uns com os outros dentro do quarto de descanso do hospital. No fundo, eles são pessoas como qualquer um de nós.

At some point you just have to let go, move on. Because no matter how painful it is, it’s the only way we grow.