elogiar

As pessoas não praticam o elogio porquê? Acham-se inferiores por causa disso? Não percebem que é exatamente o contrário? Que são imensamente superiores quando têm a capacidade de elogiar?

Eu gosto de elogiar as pessoas. Dizer-lhes que estão bonitas, que fizeram um bom trabalho, que escreveram um texto bonito, que tiveram uma boa atitude. Não elogio se calhar tantas vezes como devia, mas elogio quando tenho vontade. Mas elogiar alguém parece ser um acto de carácter e coragem hoje em dia. Às vezes acho que as pessoas não elogiam muito porque têm medo de se inferiorizarem a si próprias quando elevam alguém. É no fundo é o precisamente o contrário. Somos muito maiores quando temos capacidade de reconhecer os outros.

Porque é que é tão difícil elogiar alguém? Já pensaram nisto? Devia ser mais simples e banal do que é, mas, atenção, sem deixar de ser verdadeiro. É importante que um elogio seja sincero. O acto de elogiar com sentido, com verdade, significa que é simples. Porque o acto do elogio não nos faz bem só a nós que o praticamos. Ser elogiado pode representar felicidade na vida de alguém. É por isso que tem que ser verdadeiro. E se assim for, não será difícil. Será altruísta.

Vi no blog As gavetas da minha casa encantada, da Andreia Morais, um texto sobre o elogio. Fiquei a pensar nisto e no dia seguinte vi outro texto sobre o mesmo assunto no blog Ainda mais feliz, escrito pela Sofia. Pedi-lhes ajuda para juntas refletirmos sobre o acto de elogiar. Para mim elogiar é mais ou menos isto. Reconhecermo-nos e reconhecer o outro.

A importância do auto elogio aliado ao optimismo

A Sofia disse-me que “o elogio, a par da gratidão, tem o poder de alterar a tendência pessimista do nosso cérebro e, consequentemente, das emoções (negativas) que daí advém. E da mesma forma que elogiamos pessoas, também podemos elogiar tudo o que nos rodeia”.

O elogios que fazemos, ou não, a nós mesmos, podem condicionar a nossa vida e a nossa atitude perante os outros. Como diz a Andreia “Se não somos capazes de apreciar, valorizar e realçar o que temos e fazemos de melhor, como é que o conseguiremos fazer em relação a terceiros?” Tenho pensado bastante nisto. Não tem que ser uma coisa egoísta pensarmos em nós nem uma coisa egocêntrica elogiarmo-nos. Podemos dizer bem de nós, bater palmas a nós mesmos se formos capazes de identificar as coisas positivas que fazemos. Se não nos reconhecermos grandes feitos nunca vamos conseguir elogiar ninguém pois estaremos demasiado desinteressados. Tenho a impressão que isto é difícil porque tendemos a confundir o auto-elogio com falta de humildade.

Saber elogiar os outros e fazê-lo de forma consciente e verdadeira

Muitas vezes não elogiamos o outro por medo de ser mal interpretados. Por medo de darmos demasiada importância. Por medo de nos expormos. A Andreia diz que “a arte de elogiar é bastante complexa. Porque exige uma demonstração íntima que se pode manifestar verbal ou gestualmente do que nos vai na alma, uma vez que nos expõe os pensamentos e as percepções que temos dos outros e dos seus desempenhos, nos mais variados domínios.”

O conselho da Sofia vai ao encontro do conceito de verdade que eu falei no início do texto “cria em ti o hábito de elogiar tudo e todos. Não te poupes nos elogios, desde que estes sejam verdadeiros e sentidos“. Também a Andreia fala sobre a importância disso para nós mesmos e para viver em sociedade: “Reforço sempre a necessidade de haver equilibrio, porque crescemos ao ter noção dos nossos erros e dos erros daqueles que nos envolvem e não devemos entrar num ritmo de louvar ao desbarato. No entanto, isso não é justificação para deixarmos de elogiar. Praticar o elogio deveria ser inato. Nessa impossibilidade, que se torne um costume cada vez mais recorrente. E para tal temos de começar de dentro para fora“.

Obrigada às duas, Andreia e Sofia, por participarem neste post. Elogio o vosso trabalho e louvo a iniciativa de falarem destes temas.