Dois dias sem telemóvel
Muito se tem falado sobre a necessidade de desligar, sobre desconectar e parar as redes sociais umas horas. Acho isso tudo muito bem, mas esqueçam-se, por um momento, estas questões e pensem nas outras funções de um telemóvel, tipo…sei lá… telefonar. Agora imaginem ficar sem ele uns dias.
Todas as questões sobre desligar um pouco me parecem importantes e merecem a minha atenção. Eu mesma deixo o telemóvel no quarto e vou para a sala para não estar sempre a ouvi-lo tocar e poder descansar um pouco, ou não ir às redes sociais de meia em meia hora. Mas isso é uma coisa que devemos fazer se quisermos. Se sentirmos necessidade de nos afastar. Não é uma coisa que resulte quando não o queremos fazer.
Portanto esqueçamos por um momento a dependência que sentimos do telemóvel para saber o que se passa na vida das pessoas ou mostrar o que se passa na nossa. Vamos focar-nos um pouco, antes, na necessidade do telemóvel para as coisas do dia-a-dia.
Coisas que tenho dificuldade de fazer sem telemóvel
- Excepto as pessoas queridas que nasceram… sei lá… no ano 2000, todos nós nos lembramos de combinar uma hora e um sítio e simplesmente aparecer. Bruxaria! Era básico, funcionava e ninguém se perdia. Hoje não. Hoje precisamos do telemóvel para combinar tudo. O que levamos para jantar, a que horas chegamos, se estamos atrasados e ainda mandar umas piadas no meio que nos atrasam ainda mais. Pensem. Como é que se combinam coisas sem telemóvel?
- Se nos acontecer alguma coisa como é que pedimos ajuda a alguém? Estamos a conduzir e temos um furo. Como é que se chama o reboque ou o pai e a mãe?
- Acordar. O simples facto de acordar está relacionado com o telemóvel. O meu despertador está lá, gente!
- Como é que eu chego a algum lado se não sei os caminhos desta vida e o meu gps é precisamente o meu telemóvel?
- As Passwords de coisas que nunca na vida me lembraria sequer que tinha, quanto mais da password, estão lá!
- Ver vídeos e ouvir música por toda a casa. Eu vejo a novela enquanto cozinho e ouço música enquanto tomo banho ou me visto. O que quer dizer que sim, fico sem bateria em duas horas e sim ando com o telemóvel para todas as divisões da casa.
Ou seja, o meu problema de não ter telemóvel durante dois dias não é ter medo de perder algo que se ande a passar (o tão falado FOMO) é mais o medo de não acordar a horas ou de me perder num caminho para algum lado e ir parar ao Porto. O resto recupera-se. As conversas sobre o chefe no whatsapp, o novo livro da saga Eragon, que foi anunciado, tudo isso acabamos por saber, mais tarde ou mais cedo.
Green
Tens toda a razão. Habituámos-nos de tal forma ao telemóvel e a todas as suas funcionalidades, que é difícil deixá-lo de parte.