às cegas

Está toda a gente a ver este filme. Foram os meus “titios” que me recomendaram que visse “Às cegas” com a Sandra Bullock. Eu vi-o no primeiro dia do ano, no sossego do meu lar, depois da noite de loucura de passagem de ano.

Ainda bem que vi este filme neste dia. Porque no dia seguinte já só me apareciam à frente, nas redes sociais, aqueles memes a gozar. E reviews. E vídeos com finais alternativos. E notícias a falar da diferença entre o final do filme e do livro. E daqueles desafios parvos de pessoas a andar de olhos tapados que a Internet explora. “Às cegas” está a torna-se praticamente viral neste início de ano. E está no top da Netflix.

Eu gostei muito do enredo do filme. Da acção. Da maneira como a história está contada porque não é linear no tempo. E da interpretação de Sandra Bullock e das crianças. É certo que é um bocado fantasioso e que há coisas que nunca poderiam acontecer assim (como aquela cena do barco), mas é um filme. Não ficamos a saber tudo (não sei se podia dizer isto, mas já foi) o que é um pouco irritante, mas ao mesmo tempo faz com que fiquemos dentro da história durante mais tempo enquanto procuramos opiniões, questionamos e fazemos as nossas próprias interpretações. Foi um óptimo filme para começar o ano.

“Às cegas” ou “Bird box”

Toda a gente anda de olhos vendados ou fechados. O que interessa é que ninguém pode olhar. Para onde? Para o quê? Para quem? Não se sabe…é alguma coisa perigosa que anda por aí a fazer com que as pessoas que a olham cometam suicídio. Vemos um cenário de fazer lembrar “walking dead” (que por acaso nunca vi) em que o mundo aparece devastado. As ruas estão cheias de corpos sem vida. Não há mantimentos. E não se pode confiar em ninguém. Neste mundo de apocalipse, só os loucos não se matam e andam de olhos abertos. Literalmente.

Sempre gostei de ver Sandra Bullock nas comédias. Mas não me desiludiu neste filme em que atravessa um rio com duas crianças e de olhos vendados. “Às cegas” ou no título original “Bird Box” é um filme dramático. Quase de terror. Muitas vezes não quis ver e meti a mão na cara a tapar os olhos (que coincidência tão ridícula com o título do filme, sendo que mesmo com a mão à frente a minha curiosidade sempre falou mais alto para ver).

Acredito numa mensagem subliminar no filme, às vezes tudo o que temos que fazer é seguir os pássaros (quem viu vai entender!). Ficamos a pensar naquilo que conseguimos fazer de olhos fechados e como isso desperta todos os nossos sentidos (quase como a história de “Um ensaio sobre a cegueira” de José Saramago). Ao mesmo tempo pensamos naquilo que é mais importante para nós. E claro, no nosso instinto de sobrevivência e nas coisas que pensamos que não somos capazes de fazer, mas, quando é realmente preciso, fazemos. Ou então não é nada disto, é apenas uma história. O que acharam do filme? Já viram?