o diário de anne frank e sopa de feijão verde

Na segunda segunda-feira de cada mês é a minha vez de publicar a receita do Páginas Salteadas. Esta frase ficou um bocado estranha para início de conversa, não ficou? Vamos ignorar e passar imediatamente ao anúncio (que já se pode ler no título) do prato que fiz e do livro deste mês. Escolhi uma sopa de feijão verde para representar “O Diário de Anne Frank”. Curiosos?

Depois de ter lido, em Janeiro, “O tatuador de Auschwitz” e de ter visitado os campos de concentração (na Alemanha e na Polónia) não preciso de dizer que o holocausto é uma parte da história que me chama muito à atenção.

Li ” O Diário de Anne Frank” pela primeira vez ainda não tinha idade para compreender a sua essência. No entanto, a ironia da coisa é que eu teria mais ou menos a mesma idade que Anne Frank tinha quando o escreveu. Estou a relê-lo agora. Tão diferente foi a minha (a nossa) infância e a dela. Tão diferente a minha (a nossa) vida e a dela. Tive oportunidade de visitar a casa de Anne Frank, em Amesterdão, o que ajuda um pouco a visualizar o livro desta vez.

A história guardada em “O diário de Anne Frank”

Penso que não é preciso fazer um resumo desta história, mas não resisto. “O diário de Anne Frank” conta a história de uma família que teve que viver escondida num anexo mínimo. Não podiam fazer barulho para não serem descobertos e tudo o que tinham vinha de ajuda exterior. Assim viveram durante dois anos.

Não cometo uma inconfidência ao dizer que Anne Frank passou por Auschwitz e acabou por falecer de tifo num campo de concentração na Alemanha, poucos meses antes da data de libertação. Otto Frank, o seu pai, foi o único sobrevivente da família e foi graças a ele que o “O diário de Anne Frank” foi um dia divulgado ao mundo e chegou às nossas mãos.

Sempre que vem cá alguém do exterior, com o vento nas roupas e o frio nas faces, apetece-me enfiar a cabeça debaixo dos cobertores para me impedir de pensar “quando é que poderemos respirar novamente ar puro?” Não posso pensar assim – pelo contrário, tenho de erguer a cabeça e fazer uma cara corajosa, mas mesmo assim os pensamentos insistem em aparecer. Não apenas uma vez, mas constantemente

Sopa de feijão verde, um conforto em tempos de guerra

Quando pensei numa receita que retratasse esta história pensei imediatamente em algo capaz de dar conforto. Podia ter sido um bolo, um doce ou um pão. Mas, neste caso, nada melhor do que uma sopa para esse efeito. Algo quente e não muito elaborado, mas suficientemente bom para acalorar o estômago.

Ingredientes:

  • Uma couve-flor pequena
  • Uma courgette
  • Quatro ou cinco cenouras
  • 500g de feijão verde
  • Alho em pó, noz moscada, sal e azeite

Desde que fiz a receita de caldo verde descomplicado com couve flor que fiquei apaixonado pela textura com que a sopa fica com este ingrediente. Assim sendo, adoptei esta técnica noutras sopas. Portanto, para esta receita a ideia é cozer a couve flor, as cenouras e a courgeTte em água com um pouco de sal. Passar depois este preparado pela varinha mágica. Num tacho à parte cozer o feijão verde já arranjado e juntar ao preparado anterior. Adicionar um fio de azeite, alho em pó e noz moscada (uso sempre nas sopas) e envolver.

E então, acham que esta receita vai ao encontro do livro? Não deixem de ver também as receitas da Catarina, da Joana e da Vânia, companheiras deste projecto.