A história da Júlia
![A história da Júlia](https://andreiamoita.pt/wp-content/uploads/2019/05/a-história-da-júlia.jpg)
Ando com algumas saudades dos workshops de escrita criativa da Rita da Nova e portanto para recordar hoje vou contar-vos um bocadinho aquilo que é a história da Júlia, um dos meus textos preferidos que lá escrevi.
No workshop de escrita de personagens calhou-me um menina pequena, loira de olhos felizes. O objectivo, durante esse dia de escrita, era dar forma a uma personagem. Dar-lhe uma vida. Arranjar-lhe personalidade. Inventar um passado. Criar objectivos. Desenvolver de raiz uma pessoa e a sua história não é fácil, porque temos de deixar de lado tudo o que somos e ser outra pessoa.
Qual é a história da Júlia?
Chamei Júlia à minha personagem. E criei na minha cabeça a história dela. Escrevi durante todo o workshop como se fosse uma criança. É uma linguagem diferente. Uma forma de escrever, falar e pensar a que não estou habituada. O desafio era esse mesmo.
A Júlia gostava de desenhar. Era o seu passatempo preferido. Era uma miúda sossegada e extremamente inteligente, capaz de conversas bastante adultas apesar de manter na sua expressão toda a inocência e riqueza de uma criança. A história da Júlia é fácil de contar. Gosta de cor de rosa e amarelo. Chama a mãe quando precisa de ajuda para vestir e o pai quando não consegue desenhar alguma coisa. A Júlia tem muita imaginação. É focada e forte. Inventa palavras, fala muito rápido e tem um raciocínio demasiado lógico para os seus cinco anos.
Este é o diálogo entre mim e a Júlia que escrevi no workshop há uns meses atrás:
_ Então Júlia, conta-me lá, o que é que queres ser quando fores grande?
_ Eu quero desenhar as casas.
_ As casas? A tua ou a das outras pessoas?
_ Todas. Com jardim!
_ Então queres ser arquitecta, é isso?
_ Arquitetra?
_ Não é arquitetra. É arquitecta que se diz.
_ Tá bem. Posso ser isso. E tu o que queres ser?
_ Oh Júlia, eu já sou grande, Eu já tenho uma profissão.
_ Ai é? E gostas?
_ Às vezes.
_ Mas não temos de gostar da nossa profissão?
_ Seria melhor que sim. Mais fácil. Mas às vezes não gostamos.
_ Então vai fazer outra coisa. Não vais porquê? Queres pintar comigo? Eu ensino-te. Gostas de fazer desenhos, não gostas?
É fácil falar com a Júlia
Foi fácil criar a Júlia. E falar como ela. E falar por ela. E falar com ela. A Júlia é surpreendente. Será que a personagem que eu criei me pode ensinar coisas?
Gostaram deste post? Gostariam que publicasse mais textos que escrevi nos workshops de escrita criativa da Rita?
Green
Gostei imenso deste post.
Abdullah
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Regards.
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