um mês sem carne

Estava num jantar de amigas a comer coisas bem saudáveis quando em conversa sobre os nossos hábitos alimentares alguém insensato proferiu a frase “E se fizéssemos um mês sem carne?”

Sim, nos jantares de mulheres falamos de comida. Não é só de homens nem de afazeres domésticos. Falamos de trabalho. Comentamos os últimos escândalos. Somos bastante versáteis nos temas de conversa e neste jantar fomos parar ao tema da alimentação. Não estava era à espera de sair daquela mesa com um desafio para encarar, o de ficar um mês sem carne.

Quem me conhece, como estas miúdas que estavam a jantar comigo, sabe que eu sou péssima para comer. Tenho as minhas esquisitices, mas vivo bem com elas. E cada vez me estou a soltar mais no que toca às restrições que venho fazendo a mim mesma. Não comi, durante anos, tudo o que era verde. A alface escapava. Agrião detesto. Ervilhas nem no arroz. Couves, espinafres e nabiças não passavam de folhas para mim. Brócolos e espargos nem nunca tinha provado (até uns dias atrás). E feijão verde só na sopa passado, tipo crianças. Os meus acompanhamentos eram arroz, massa e salada. (Sendo que não gosto de batatas também.) Fazer opções centradas em comida vegetariana, como podem constatar seria muito difícil, se não mesmo impossível.

Então, por que decidi embarcar no desafio “um mês sem carne?

Porque sou uma teimosa do demónio! Para sair da zona de conforto. Para me desafiar. Para ser do contra!

Tenho vindo a modificar a forma como como. Tenho o colesterol muito elevado e este ano consultei uma nutricionista não para emagrecer, mas sim para me ajudar a fazer escolhas boas. Claro que eu tinha que estar disposta a experimentar. A inventar e a descobrir coisas.

Já conseguia comer espinafres. Experimentei espargos há umas semanas. E brócolos, mas foi assim uma coisa meio disfarçada, admito. Descobri a couve-flor (que não sendo verde ajuda bastante) e já como feijão verde a boiar na sopa como as pessoas normais. Como já estava dedicada a fazer algumas mudanças na alimentação, achei que não comer carne me iria obrigar a descobrir outro tipo de comida (que incluísse mais verdes, pelo menos) E dei tudo!

Portanto, este desafio de um mês sem carne era exatamente para me desafiar a mesma a comer melhor. Nunca pensei em tornar-me vegetariana. Esta é a verdade.

Hamburgueres de salmão.

Como correu o desafio?

Mas, vou ‘masé, deixar-me de conversas. No fundo o que vocês querem saber é se cumpri, se vacilei ou se me estampei ao comprido! Estive um mês inteiro sem comer carne. Sem falhar. E estava tão entusiasmada que no último dia do desafio comi sopa de peixe num restaurante em Almeirim quando a mesa toda comeu sopa da pedra!

Se foi difícil? Não. Juro que não! Como sabem, preparo as minhas marmitas semanais. Pesquiso as receitas e depois faço para a semana inteira pelo que tinha isso sempre garantido e estava assegurado que não teriam carne. Aos fins-de-semana quando ia comer fora também era super fácil. Há imensos restaurantes com opções vegetarianas que eu gostei de experimentar. Noutros tempos teria odiado. Agora não. Troquei, facilmente, um hamburguer de carne por um de lentinhas, no Honorato.

O que para mim seria mais complicado era, sem dúvida, ir comer a casa de alguém. Porque teria de estar a explicar, sabem? Eu, Andreia Moita, que sempre odiou verdes, estava a fazer agora um mês sem carne. Raios parta a miúda! Explicar é cansativo. Vai daí e não fui comer a casa de ninguém mesmo!

Como fiz as minhas receitas

Para cumprir este desafio pesquisei todas as semanas no blog da Vânia, o Made by Choices. Ela foi a minha grande referência. Encontrei lá as melhores receitas para cumprir o meu desafio um mês sem carne. Recomendo muito o trabalho dela.

A minha receita preferida: Esparguete com espargos (que comi pela primeira vez durante este desafio) cenoura e coentros. Para mim o principal desta receita é o molho de couve flor que envolve a esparguete. Digo-vos, é maravilhoso, Já repeti e tudo! Fiz algumas alterações, mas podem ter acesso à receita original Massa Primavera, no Made by Choices.
Arroz com lentinhas e espinafres. Fiz algumas alterações. Descobri um arroz basmati integral que adoro. Vejam a receita original da Vânia de Dahl de Lentilhas trapalhão aqui.

Contudo, não me vou tornar vegetariana…

Durante muito tempo fui dura e inflexível quanto aos regimes. Hoje já compreendo as coisas de outra forma. No entanto, não serei vegetariana. Lamento se isto é uma desilusão. Não cumpri este desafio com esse propósito. Sou sincera. Estive um mês sem carne por uma questão de saúde, para me provar a mim mesma que conseguir comer mais verdes e para aprender novas receitas e novas formas de comer bem.

Pretendo comer muito menos carne daqui para frente, isso sim, Aliás, cozinho muito pouca carne. Isso é um facto. Contudo, gente, não gosto da ideia de me prender a um regime ou a uma forma de comer. Entendem? Vegans, vegetarianos, flexitarianos, paleos, sei lá. Não me agrada definir-me pelo que como. Quero ter liberdade de escolher o melhor para mim.

Este desafio correu muito bem na medida em que reforçou a minha curiosidade pelo mundo da alimentação mais saudável. Fiz muitas receitas novas. Aprendi novos sabores e percebi que os meus estigmas quanto à comida às vezes são mesmo só isso. Consegui superar a minha prova.

Não senti falta de carne. Hoje em dia como, mas não sinto que seja uma necessidade. Mas a minha forma de vida é comer sem limitações como expliquei em cima. Reduzi a carne, reduzi o açúcar. Portanto, como mais peixe e principalmente mais legumes. As coisas que não gosto, não gosto e pronto. Não me obriguem. Nem me perguntem porquê. Agora as coisas que nunca comi, talvez seja importante experimentar! E isso é a maior mudança de todas.