De todas as formas de meditar… esta é a minha
Há uns tempos fui a uma talk do “She Works” ( um projecto da minha querida Catarina, do Joan of July) sobre “Manhãs produtivas” com a Dina do “Dar o click”. Rapidamente a conversa passou dos rituais da manhã de cada um para o assunto da meditação. E aqui é que a porca torcei o rabo. Não sou por causa da minha opinião sobre o assunto mas porque há várias formas de meditar.
Às tantas, na conversa que se criou nesse dia na Academia às Nove, muita gente dizia que não conseguia estar sem pensar em nada. Enquanto isso, outras pessoas respondiam que não era isso que era suposto e que ligamos a meditação a pessoas a levitar. Mas, a verdade, é que não é isso. E há várias formas de meditar.
Meditar não é sentar de pernas à chinês e voar até bater com a cabeça no tecto (acho eu)
Possivelmente nenhuma forma será igual à outra. Eu não conseguia levantar-me com o cantar do galo e sentar-me no tapete, de pernas à chinês, com os braços por cima das pernas e o polegar unido ao indicador. Assim como o ioga não é para mim, esta forma de meditação não me pertence. Imaginem Andreia Moita já a abanar o pézinho de ansiedade e com um olho a tremer de nervos.
Eu não me concentro assim. E sei isso porque já experimentei, porque apesar de céptica sou curiosa. E vi que não era para mim. Não tem problema. A meditação não pretende que eu finja que estou muito esclarecida, muito saudável, de mente limpa e plena quando não estou.
Se meditar não é não pensar em nada mas sim deixar os pensamentos soltarem-se, de um lado para outro, e não agarrar nenhum, então talvez o faça. Penso em muitas coisas. Sem ligação entre si. Coisas do presente, coisas do passado e do futuro. Tudo misturado. Penso em sonhos da noite passada, imagino cenários. Tenho ideias. Escrevo textos inteiros na minha cabeça. Tenho diálogos internos. Comigo e com pessoas que não estão ali de momento. Se meditar é ser assim meio louca. Então talvez medite.
Há várias formas de meditar e a minha forma de “meditar” não é igual à tua. Ainda bem.
Deixo os meus pensamentos livres. Agora vem este e depois outro, como quando contamos carneiros para adormecer. Acho que faço muito isto quando estou a apanhar na sol na minha toalha de praia. Vêm-me mil ideias à cabeça. Não ligo a nenhuma. Só quero apanhar sol neste momento e é como se aquela ideia me viesse fazer sombra.
Às vezes faço isto sem sequer estar de olhos fechados. Quando corria. Agora quando caminho. Deixo que as ideias me passem pela cabeça e vão embora. Estou no momento presente quando só sei que me doem as pernas. Quando danço ou faço uma aula no ginásio e tenho que prestar atenção aos movimentos para não ir para a esquerda quando todos estão a ir para direita. Quando cozinho e não posso deixar queimar. Quando leio um livro e me vem uma lembrança, faço-a esfumar-se para não ter que reler o paragrafo anterior, para não me distrair. Ah e quando apanho a roupa do estendal, para não deixar cair as cuecas.
Eu não faço de propósito para “meditar”, não faz parte de mim, mas talvez aconteça. Não sei.
Há várias formas de meditar e certamente que a minha não é igual à tua. Deve haver trinta mil possibilidades de o fazer. E ainda bem. O que seria de nós se fossemos um rebanho a seguir-nos uns aos outros? Não procuro isso. Por isso não posso falar aqui de benefícios, nem este texto tem esse objectivo.
Anda meio mundo à procura da fórmula perfeita para meditar. Para estar em silêncio. Para estar consigo próprio. Eu não concordo que devemos fazer tudo o que os outros fazem. Muito menos ser o que não somos. E eu não sou de meditar. Mas concordo que é urgente saber o que nos faz bem. Eu não tenho o propósito de “meditar”, não tem a ver comigo, mas talvez o faça de forma menos consciente. Temos todos muitas verdades, mas muito poucas certezas.
O que pensas deste assunto? Meditas? Qual é a tua forma de meditar? O que acreditas que isso faz de melhor contigo?
Green
Confesso que nunca experimentei a sério, o mais perto que chego disso é nos minutos finais das aulas de body balance, em que temos sempre um momento de relaxamento, e confesso que normalmente aí ou quase adormeço ou penso em mil coisas ao mesmo tempo.