Visita à Herdade do Esporão

Corro o risco de tornar este texto um acto de incentivo à bebida, nomeadamente ao consumo do vinho. Não digo que não, mas vamos levar antes para vertente cultural da coisa e da aquisição de conhecimentos daquilo que o nosso país produz e tem ao nosso dispor. A visita à Herdade do Esporão inclui muito mais do que uma prova de vinhos. Leva-nos para a sua produção desde a colheita até ao copo.

Se há coisa que a idade me deu, além de três cabelos brancos (era só chamado Acácio, mas entretanto dei conta de mais dois em Agosto) foi ter começado a provar vinho. Duas coisas perfeitamente naturais, mas uma mais agradável que outra. Vou deixar a decisão sobre qual delas à vossa inteira responsabilidade.

Posto isto, para esquecer as agruras da idade passemos ao outro assunto. Porque se há coisa que não se pensa durante a visita à Herdade do Esporão, em Reguengos de Monsaraz, é na cor do cabelo.

Visita à Herdade do Esporão: aquela quantidade de vinha até perder de vista

Se é na vinha que todo o processo começa. também a visita à Herdade do Esporão tem início ai. Aqui explicam-nos que não usam químicos na produção da uva e para combater as eventuais pragas que possam contaminar a nossa saúde são usadas técnicas que recorrem à natureza, por exemplo, sabia que eles plantam favas e roseiras junto à vinha para os mosquitos bons comerem os maus?

Perguntei quantas pessoas são precisas para fazer a vindima daqueles hectares que nunca mais acabam. Além das pessoas que lá trabalham são sempre mais pessoas contratadas nesta altura do ano. E a maior curiosidade é que são sempre mulheres porque a vindima é associada à delicadeza feminina

visita à herdade do esporão

Depois de apanhada a uva…ela passa por onde?

Os enólogos provam a uva e decidem quando devem ir para a fábrica. Depois consoante aquilo que se pretende alterar ou manter as características de cada casta escolhe-se a técnica mais adequada. Pode ir para um recipiente de inox, para a adega dos lagares, para um barril de barro ou mesmo ser pisada a pé, como antigamente.

A forma como o vinho depois vai ser guardado nas adegas também não é feita à balda. Alguns ficam em barricas de madeira outros em garrafas na horizontal para a rolha estar em contacto com o vinho.

A prova de azeites e a prova de vinhos

No início da visita à Herdade do Esporão fiz uma prova de azeites que é coisa que eles também produzem. Gostei bastante da experiência. é coisa simples. Um pedaço de pão estaladiço molhado em azeite e degustar depois tentando sentir as diferenças de acidez de cada azeite. Notei, por acaso, que o azeite biológico é bastane mais ácido.

No final foi a vez da prova de vinhos. Um branco e dois tintos. E aqui a coisa começa a descambar. Começo a ouvir coisas como “abanem o copo para soltar os aromas” Ok. Esta parte consigo fazer. E a seguir cheira também me sai na perfeição. Mas quanto a sentir aroma de frutos vermelhos, maracuja, pêra… bom isso já é diferente. Não sinto absolutamente nada disso quando bebo vinho. Acontece-me uma coisa bastante básica e que se resume a gostar ou não do sabor. E pronto. Chega. Quando muito consigo perceber se é suave e macio quando me toca na língua ou se é meio espesso e seco. O que já é uma coisa altamente evoluida, para mim.

E vocês já visitaram alguma herdade destas? Têm curiosidade de conhecer a produção daquilo que bebem? Conseguem perceber os aromas dos vinhos? Contem-me tudo. Eu acho muito engraçadas estas visitas e por isso esta não é a primeira que faço, podem ver mais aqui nos posts relacionados.