Histórias das minhas viagens
Era o sítio que eu mais queria conhecer na vida. Sabem o que aconteceu? O meu BI estava caducado. Sabem quando descobri? No aeroporto, no check in. É assim que decido começar este post a que vou chamar “Histórias das minhas viagens”
Este post nasce porque em quase todas as viagens aconteceram coisas caricatas: no decorrer da viagem em si ou mesmo antes de partir. Ao longo dos anos comecei a ficar ansiosa antes de todas as viagens porque me punha a pensar o que raio ia acontecer desta vez e o pior de todos os pânicos… não ir. Nunca aconteceu, até hoje. Hoje devia estar em viagem. Mas mas devido à situação mundial de pandemia que vivemos, não fui. E é irónico porque desta vez nem tive tempo para ansiedades porque há vários dias que sei que não vou, Ou seja a única vez em que não pensei nisso foi a vez em que efetivamente não viajei.
E´óbvio que estou bastante triste de ter de cancelar esta e outra viagem, em Maio. Mais do que triste estou a pensar o que raio vou fazer aos planos que tenho daqui para a frente. Será que ainda os devo fazer? Será que ainda vamos?
As histórias das minhas viagens
A maneira que arranjei de atenuar esta sensação de vazio e de ausência de poder sobre a minha própria vida foi contar-vos algumas histórias das minhas viagens anteriores. Coisas que na altura até podem não ter tido a graça mas que hoje são histórias marcantes.
Sabem quando perguntam a vossa viagem de sonho? A minha era Paris desde muito cedo. Até é uma coisa bem modesta, deixem-me que vos diga. Havia um qualquer fascínio pela Disney que terá contribuído para esta viagem, mas o que eu queria mesmo, mesmo, mesmo ver era a Torre Eiffel. Não venham dizer que é só uma coisa de ferro, por amor de deus, que sinto a pálpebra tremer. Para mim, aquilo era a cena. Sei lá explicar. Dá-me um tum tum no coração ainda!
Paris e o BI caducado
Era 2008 a acontecer nas nossas vidas. Chegada ao aeroporto com o meu namorado (o mesmo de hoje, by the way) no momento do check in, a suar e super nervosa da emoção entrego os meus documentos. A senhora diz que o meu bilhete de identidade estava fora da validade e como tal eu não poderia embarcar. Chorei na hora. Que nem um bebé. Como assim? Ainda sem estar recomposta pensei no que havia a fazer. Ligar ao meu pai pareceu-me a melhor solução, pois claro!
A alternativa foi fazer um bilhete de identidade de urgência que estava pronto no próprio dia e seguir no voo seguinte, pagando a taxa de alteração. Chegamos já de noite. Perdemos um dia de viagem. E dinheiro, mas em contrapartida era a nossa primeira viagem e já tínhamos uma história completamente surreal para a posteridade. E de todas as histórias da minhas viagens esta é a mais marcante.
Londres esteve a uma unha negra de não acontecer
Em 2010 compramos passagem para Londres. Mas estivemos até à última hora para saber se embarcávamos ou não. Mas até à última hora…mesmo literalmente. Em Abril de 2010 um vulcão entrou em erupção na Islândia afetando todo o espaço aéreo europeu. Estão lembrados disto? Muitos voos foram cancelados nos dias anteriores ao nosso. Voámos no primeiro que saiu para Londres (assim meio à experiência, sabem?).
Quando lá chegamos o senhor do aeroporto achou que o BI do Bruno não estava em condições para o deixar entrar no pais. (De tanto andar na carteira estava danificado e o senhor implicou com aquilo.) Mas como raio é que um BI nos estava a lixar outra vez? Após ligeiro stress e olhinhos de carneiro, deixou-nos passar. Mais um susto relacionado com Bilhetes de Identidade. Dei muitas boas-vindas ao cartão do cidadão quando ele chegou às nossas vidas!
À boleia de estranhos em Marrocos
Marrocos foi a primeira vez fora da Europa, portanto foi o primeiro choque cultural. Assim mesmo à séria. Costumo dizer que depois de Marrocos enfrento tudo em viagem (quando cheguei às ruas de Banguecoque, que são piores, por exemplo, ia mais do que preparada e não achei tão chocante.).
Aqui, além de andar em camionetas cheias de gente por estradas perigosas entre as montanhas (temo que uma roda tenha saído da estrada durante aquela viagem, mas posso ter sonhado) também andamos muito à boleia… de estranhos. Não façam isto!
Uma destas boleias (oh meu deus foram várias!) foi de um senhor que perguntou se queríamos boleia para o hotel. Dissemos que sim! Estávamos carregados pah! Durante a viagem… eu largo uma frase em português para os meus amigos, para que os senhores à frente não se aperceberem “Já deram conta que estamos dentro de um carro…com estranhos!!!”. Foi então que resolvemos não dizer a morada do hotel. Pedimos para parar perto…
Também durante a excursão ao deserto o nosso condutor para no meio da estrada. (Desta vez era um guai ao qual pagamos. Não era uma boleia, era um serviço.) Entreolhamo-nos. Ele vai à mala do carro e tira uma faca. Não. Não era uma faca, mas sim um facalhão enorme. Pensei que era o fim! Podem crer! A seguir pega numa meloa. Corta em pedaços. E diz simpaticamente “Achei que podiam ter fome e podíamos comer aqui com esta vista linda sobre a lua”. Comi e calei.
As malas (das outras pessoas) desaparecidas em Punta Cana
Na República Dominicana conhecemos um rapaz que perdeu a mala e esteve as férias todas com roupa e medicamentos emprestados. (Foi por causa dele que agora sempre que viajo meto umas mudas de roupa na mala do Bruno. Não vamos ter o azar de desaparecerem as duas, né?)
O resort onde ficamos durante uma semana não era brilhante ao nível de comida. E percebemos isso quando começamos a passar mal quase todos. Durante os dias em que lá estivemos fizemos amizades como um rapaz do staff que até foi bastante simpático e nos disse para termos cuidado com a comida. Teríamos! Se ele não nos tivesse avisado disso… no nosso último dia no hotel.
A festa da água e a câmara perdida na Tailândia
Na Tailândia tivemos uma recepção épica. Chegamos no dia de ano novo deles. E havia um festa de água por toda a cidade. Mal saímos do táxi para nos encaminharmos para o hotel ficamos encharcados. Achei alguma graça, confesso, mas quando levei com o ar condicionado do hotel na minha roupa molhada, bom…mudei de ideias.
Neste primeiro dia em Banguecoque a minha relação com a comida começou a mudar. Provei comida de rua. Daquela que disse que não ia comer. Calma, não foram gafanhotos. Era carne. (Acho eu). Enfim, experiências que ficam, não é verdade?
Em Railey Beach perdemos a Go Pro a brincar no mar. A água era super quente, até escaldava, mas não era transparente pelo que não se conseguia ver onde tinha caído. Fomos jantar e tomar banho. E voltamos lá à noite. Mas que ideia de génio! Com as luzes do telemóvel. Fizemos um perímetro de segurança da areia até ao mar. Todos alinhados. Cada um tinha que olhar para a frente. Conseguem imaginar. Era completamente impossível. E, depois, encontramos! De todas as histórias das minhas viagens, esta é a mais inacreditável, mas aconteceu mesmo, garanto! E a máquina nem era minha.
Há sempre imensas histórias sobre as nossas viagens, mas há umas que realmente só tem piada ou interesse para nós porque as vivemos, porque são private jokes, porque é o nosso contexto e os nossos amigos. São as histórias das minhas viagens. Escolhi estas para partilhar por achar que se podiam divertir com elas e, confesso, para aliviar a minha dor de ter que adiar os planos que tinha para esta altura.
E vocês querem contar-me alguma história divertida? Também já tiveram que adiar alguma viagem por causa do corona vírus?
Green
Pouco antes do vírus chegar estava eu a planear as minhas férias para este ano, felizmente não chegámos a comprar nada, e neste caso, ainda bem.