séries

Este post vai ter uma dinâmica um pouco diferente do habitual porque eu gosto de sair da zona de conforto. Tendo como base três séries, vou estar à conversa com três estudantes de jornalismo. Vamos falar sobre os temas que são abordados. Aproveitar para fazer comparação com séries antigas. Falar da maneira como somos hoje consumidores deste tipo de “espetáculo”. E sobre como a nossa ligação emocional às personagens pode determinar o sucesso de uma série.

Nas minhas visitas a blogs descobri o Hemisfério. Gostei do que encontrei e descobri que é feito por três amigas, estudantes de jornalismo na mesma faculdade onde eu tirei o mesmo curso há 12 anos. (Eu disse que foi há 12 anos? Esqueçam, não vamos ter esta conversa. Este post não é sobre o avançar da idade da pessoa!)

A Inês, a Catarina e a Matilde, ao darem pela minha presença no blog delas, desafiaram-me a falar com elas sobre as minhas séries preferias. E eu, falei, claro! Podem ir saber quais são as cinco séries que eu elegi no post delas. Por aqui vou-vos contar as três que elas escolheram e aproveitar para debater para lá das histórias.

Elite

De todas a séries de que me falaram, foi esta a única que vi. Elite (já vos falei dela aqui) passa-se no colégio Las Encinas, uma escola de topo que recebe alguns alunos bolseiros. É exatamente com esta discrepância social que começa o enredo da série.

Além dos estilos de vida completamente diferentes dos estudantes do colégio, vamos assistir a um assassinato. A série vai rodar à volta da descoberta do culpado entre muitas insinuações e desconfianças.

Mas ao longo da história, vemos que é muito mais do que isso. E os “problemas” da adolescência são explorados de forma bruta. Relações familiares, relações amorosas, etnias, homossexualidade, sexo, drogas e crimes.

Acham que Elite representa de alguma forma a sociedade e geração / adolescência de hoje?

A Inês acha que sim mas de uma forma um pouco exagerada para dar mais ênfase. Considera que as séries deste género têm o papel de entreter mas também de fazer o espectador refletir sobre a sociedade em que vive. Promove o debate acerca da homossexualidade, da influência que as pressões familiares têm nas escolhas dos adolescentes e fala da diferença entre uma classe alta e uma classe baixa, que também existe na nossa sociedade.

Olhem eu concordo. Tendo a achar que Elite representa a sociedade e a geração de adolescentes de hoje mas de uma forma bastante empolada. Nem todos os adolescentes têm comportamentos excessivos e de risco. Mas sim, eles existem. e é importante que se abordem estas temáticas num produto visto exatamente por jovens, para que deixem de ser tabus e se abram caminhos para lhes dar visibilidade e se possa discutir sobre eles. (No entanto espero que sejam vistos como alertas e não como incentivos.) Estes temas são sensíveis. Qualquer opinião pode gerar discórdia e discussão. É importante saber entender pontos de vista e acrescentar valor à nossa visão da sociedade.

Eu acho que a Elite retrata uma parte da adolescência nos dias de hoje. Mesmo que às vezes seja de uma forma mais exagerada“, disse-me também a Catarina. Estas séries têm o papel de nos chamar a atenção para realidades que existem e que por vezes nos esquecemos ou para as quais estamos menos conscientes. Permite conjugar o entretenimento e a discussão visto que os temas servem de mote para o debate“, acrescenta. Opinião partilhada por Matilde que diz que nota uma maior preocupação com os temas abordados nas séries, pois tendem a refletir a sociedade, os seus problemas e a promover o debate.

Prision Break

Outra das séries de que as três amigas me falaram foi Prision Break. Lembram-se? Uma história em que um homem foi preso e condenado à morte. O seu irmão vai montar um plano para resgatá-lo e tatua o mapa da prisão no corpo. Depois, assalta um banco para ser preso também e poder ajudar o irmão.

Eu não vi esta série. Mas lembro-me muito bem de ter sido falada quando estreou, mais ou menos na época de Lost. Era uma altura em que as séries eram bastante diferentes, em termos de temas, duração e envolvimento do público. A questão é que nós mesmos mudamos a forma como vemos televisão.

A forma como consumimos séries mudou, isso afectou também a forma como elas nos são apresentadas?

Eu acho que a forma como consumimos séries mudou, mas a forma de se fazer séries também, diz Inês. Quatro temporadas de Prision Break têm entre 22 e 13 episódios cada. A última, de 2017, já só tem 9. O que demostra também que o público passou a preferir séries mais curtas, mas na mesma recheadas de drama.

O facto de vivermos numa era mais apressada faz com que sintamos a necessidade de ver séries mais curtas. Antes não existia tanta oferta, então as pessoas conseguiam desfrutar mais e ver com calma”, diz Catarina. Comparando, as séries são agora mais curtas. Mas os episódios, no geral, maiores e há uma maior preocupação com os temas abordados, acrescenta Matilde.

Concordo com elas, sabem? Eu dou por mim a procurar séries que tenham episódios pequenos. Como se não tivesse paciência para ver uma hora de série. Uma hora é quase um filme! Há uma certa urgência de ver a série rápido. Porque não temos tempo. E porque não queremos perder a próxima da qual já está toda a gente a falar. Acho que também é muito isto.

Friends

Vou começar por confessar que não vi Friends, uma das séries preferidas selecionadas pelas três amigas. Já tentei ver, mas não achei interessante. Tenho uma justificação para isto. Eu estou a tentar ver uma série no tempo errado. Há séries intemporais e que funcionarão sempre, mas esta não é uma delas. Simplesmente deixei passar o tempo e agora não consigo encontrar a mesma piada que todos vocês terão achado antes.

Na opinião da Matilde séries como Friends se fossem feitas agora não poderiam ter certas piadas ou referências. E acrescenta: A série pode ter uma história muito promissora, mas se as personagens não tiverem qualidade e não passarem emoção ao público a série não vai ter tanta qualidade.

Pode ser isso. Eu não criei ligação com as personagens porque estão fora do meu tempo. Não chegaram até mim porque não as entendo.

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Qual é a vossa opinião sobre as séries para adolescentes hoje? E quanto à forma como consumimos este tipo de cultura? Vamos usar este post para falar um bocadinho do que está para lá da história? Podem deixar as vossas séries preferidas e a vossa opinião sobre o que debatemos aqui.

(Obrigada às Matilde, à Catarina e à Inês pelo importante contributo para este post)