Saudades de andar de avião… e de aeroportos… e de viajar…
Tenho muitas saudades de andar de avião. Ao contrário de muita gente, eu adoro andar de avião.
O avião
Gosto do ambiente dentro da máquina. Dos lugares apertados. Do ar seco. De tirar os sapatos quando me sento. Da sensação ao deslocar, quando me agarro à cadeira, não com medo mas sim cheia de entusiasmo. E depois gosto da sensação de planar. Gosto de ver a vista lá de cima. De passar por cima das nuvens vendo a espuma branca perfeitamente desenhada. Gosto de estar lá em cima.
Gosto de me entreter a ver filmes. A ler. A ver o percurso. Por onde estamos a passar, a que velocidade vamos e quantos graus estão do lado de fora. E gosto de dormir. Durmo sempre e muito bem. Uma vez até me deitei ao comprido porque havia lugares a mais. Nunca fiquei sem nada para fazer num avião. Nem nas viagens de dez horas. Passa-se muito desse tempo a comer, também. Não que seja absolutamente espetacular. Mas serve. Gosto de me distrair a olhar para os lugares do lado. Há sempre quem vem e quem vai. Mas confesso, que me sabe melhor ir do que de vir ou ficar.
A viagem
Gosto de viagens longas. Das próprias em termos de dias de férias, sim. Mas referia-me a viagens de avião que demoram muito. Das que nunca mais chegamos. Daquelas em que vamos para longe. Gosto de mudar de hora. De encarar o fuso horário e de sentir o dessaranjo biológico. De ir para o outro lado do mundo. Mas também gosto das pequenas. Nunca nego uma viagem. Gosto das diferenças culturais e elas às vezes estão aqui bem perto.
Tenho saudades das experiências. Das coisas que se veem pela primeira vez e nunca mais saem da nossa cabeça. Das memórias que se criam em sítios bonitos. Até tenho saudades dos lugares que não corresponderam às expetativas, mas que merecem um pensamento especial. Das comidas que nunca teria experimentado se não fosse ali. Da simpatia das pessoas. E das histórias engraçadas que surgem. E mesmo dos sustos que já apanhei em boleias com desconhecidos.
O aeroporto
Também gosto do aeroporto. Gosto da azafáma das horas que não passam e da ansiedade que a espera provoca. Gosto de ver os destinos possíveis, mas para os quais não vou (desta vez). Gosto de procurar lugares para me sentar à espera. É o único sítio onde é um prazer esperar. (Fora este não estou a ver mais nenhum que mereça a minha paciência). Gosto de olhar para as malas, enquanto faço uma mini dança da chuva para que não se percam e nos voltemos a ver em breve. Gosto muito das histórias que existem num aeroporto, das despedidas aos reencontros, acontecem tantas coisas. Gosto tanto de chegar com a minha mochila e olhar à volta. Saber que aquele é o ponto de partida para alguma coisa. O aeroporto é sempre o início de alguma coisa. Cá e lá.
Tenho saudades de andar de avião. E de passear no aeroporto. Gosto de sentir que aquele é o meio para chegar ao que é novo. Sinto falta disso. Felizmente tenho tido a sorte de fazer viagens todos os anos. Maiores ou mais pequenas. Este ano já tinha algumas marcadas e outras planeadas. Não foi possível fazer nenhuma delas, pelo motivo que todos sabemos. Terei de esperar. Há dias que custam mais do que outros. Mas esperarei. Continuo é com saudades. Mas quem sabe viajar não e sentir saudades também?
Ana Rita Cortez
Hello 🙂
Li este post e não podia estar mais de acordo… Que saudades da azáfama de uma viagem.
Rezando para conseguir viajar em dezembro, como acabei de partilhar no instagram.
Beijinho*
Andreia Moita
As viagens, da maneira como eu as entendo, são sempre importantes, mas a tua tem um motivo nobre e maior. Espero mesmo que consigas. Um beijinho.
Green
Nem me digas nada, só de pensar que no próximo ano pode não ser possível ainda voltar a viajar, até me dá um aperto no peito.
Andreia Moita
Pois é. Vamos esperar que o próximo ano seja melhor a esse nível. 🙂