“Os livros que devoraram o meu pai” e uma receita com noz moscada

“Os livros que devoraram o meu pai” foi o primeiro, e por agora o único, livro de Afonso Cruz que li. É um livro bem curtinho mas que diz muito, ou pelo menos o suficiente para ficar a saber que já quero ler mais obras deste autor, e por isso é ele o escolhido para a receita do Páginas Salteadas do mês de abril cujo ingrediente é noz moscada.
Elias Bonfim não descansa enquanto não descobrir o que aconteceu ao pai que morreu enquanto lia. Nem que para isso tenha que ler todos os livros que ele leu e entrar em todas as histórias que ele entrou.
Review “Os livros que devoraram o meu pai” – um livro sobre livros
Este é um livro sobre livros. Damos conta de uma data deles que acabam por se interligar. Mas é ainda mais. É Sobre a forma como o leitor entra nas histórias e as imagina, tanto que chega a viver aquelas vidas como se estivesse dentro daquelas páginas. Quantas vezes já me aconteceu ficar a pensar em determinada coisa que alguém da ficção fez? Imensas. Mesmo depois do livro acabar, a história não morre na nossa cabeça.
Este livro é ainda sobre uma herança. Sobre a passagem de testemunho, no caso o amor aos livros, de pai para filho. Eu nunca quis ler os livros que a minha mãe tinha lá. Mas sempre quis que ela me comprasse livros. Os que eu escolhia. Nunca gostei da imposição para ler, nem para coisa nenhuma. Hoje eu já leria aquelas coleções de Eça de Queirós e Julio Verne, que a minha mãe tanto me queria impingir. Porque seria eu a decidir.
E depois noutro plano, o plano real, ou pelo menos foi assim que o percepcionei, fala da relação entre os jovens (a quem o livro claramente se destina) das maldades inconscientes e do mal que provocam chegando mesmo a deixar-me estupefacta com o final que o autor lhe quis dar. O plano real afasta toda a leveza do plano surreal – aquele dos livros, que vos falava – e mistura ressentimento com culpa, aceitação e a nossa compreensão do passado. Diz ele que consoante as fases da nossa vida o nosso passada ganha diferentes interpretações. É capaz de ser verdade. Como quando lemos o mesmo livro várias vezes em momentos diferentes da vida.
Não sei se foi a cor do livro. Se foi a mãe do Elias sempre a chamá-lo para jantar, mas desde logo decidi que “Os livros que devoraram o meu pai” iria acompanhar a receita do mês de abril com o ingrediente estrela noz moscada.
Ingredientes
- Wraps pré feitos
- Cebola
- Tomate em pedaços e polpa de tomate
- Manjericão
- Noz moscada
- Carne picada
- Queijo ralado
Numa frigideira refogar a cebola e adicionar a carne, o tomate e a polpa, o manjericão e a noz moscada. Quando estiver cozinhado, retirar o excesso de líquido e colocar uma porção em cima de um wrap. Juntar o queijo ralado em cima do preparado para que derreta com a carne ainda quente. Fechar o wrap como se fosse um embrulho e prensar numa tostadeira (este passo faz a diferença!). Está pronto!
Green
Para já, esses wraps parecem-me muito bem, e o livro parece ser bastante interessante, sem dúvida.
Andreia Moita
fiz estes wraps pela primeira vez e agora já vai ser um prato repetido cá em casa!