crónicas de natal

Tenho para mim que os dias que antecedem o natal são muito parecidos para toda a gente. Ora vejam lá se as minhas crónicas de natal não poderiam ser também as vossas.

Começamos logo no dia um a fazer a árvore de natal. Tiramos as caixas cheias de pó da garagem. Vamos dar com bolas de natal estragadas ou partidas. De certeza que foram os duendes porque em Janeiro, quando as arrumámos, não estavam assim. Ficamos ali indecisos sobre as cores com que fazemos encher a árvore este ano. Assim, como quem não quer a coisa ainda conseguimos comprar um ou outro adorno novo. No final, colocamos aquele boneco que diz “feliz natal” na porta da entrada para que apenas os vizinhos o vejam.

Por esta altura, já estão vocês tão fartos destas crónicas de natal e todos nós estamos cansados da catrefada de anúncios que passam na televisão. Se eu vos perguntar “quem trouxe?” vocês…das duas uma…ou me querem esmagar de nervos ou cantam alegremente que “foi o pingo doce”.

E por falar em pingo doce (que não está a patrocinar este post, mas podia) quem é que insiste em comer bolo rei mesmo não gostando das frutas cristalizadas? Eu mesma. Exatamente. Continuo a achar que bolo rainha não sabe à mesma coisa. Portanto, permaneço a esburacar fatias de bolo rei como tradição.

Além das músicas, também quero incluir nestas crónicas de natal aquela coisa de ver filmes de natal. Mas este é um gosto recente, nem sempre foi assim. A netflix muda vidas. A mesma coisa se passa com os livros de natal. Nunca li nenhum com esta temática e este mês de Dezembro decidi dedicar-me a fazê-lo.

Ah, já cá faltavam os presentes de natal (sim, se as tias dizem presentes em vez de prendas, eu também posso). E é de mim ou os brinquedos estão cada vez mais caros? Se calhar acho isso porque antigamente eu só os recebia e não tinha de os comprar. Bom, também se pode dar o caso de eu ter cada vez mais crianças na minha vida, o que é óptimo pois identifico-me com elas.

Depois há a prenda (desculpem, o presente) do amigo secreto para levar para o jantar dos amigos. Ah, esperem, pára tudo! Os jantares de natal… mas vamos mesmo falar disto? Claro que vamos. Não há, na terra, um único ser humano que consiga marcar um jantar em Dezembro à primeira. Há? Os grupos do whatsapp entram em colapso com datas. E ninguém pode no mesmo dia. Mas temos de ser compreensivos Afinal, nunca, em todo o ano, se consegue marcar uma data à primeira. Não é só em Dezembro.

Que maravilha, todos irmos em excursão, de cachecóis até ao nariz, ver as luzes a Lisboa (ou à vossa cidade) e ver que ainda há vendedores de castanhas! Este ano ainda não fui lá, nem sei se vou. Talvez as crónicas de natal fiquem incompletas. Mas já vi nas vossas redes sociais que há uma espécie de alforrecas azuis penduradas.

Com o aproximar da data festiva começamos a acumular óleo, farinha, açúcar e canela nas despensas de nossas casas (e nas ancas também). As filhoses e as bolachas de gengibre fazem-se a dia 23 para depois estarem fresquinhas no jantar do dia seguinte. E aqui começa o caos a sério. Não são os papéis dos embrulhos rasgados que me atormentam. A comida de natal sim! Há couves por todo o lado. E eu que fico tão bem com grão a acompanhar o bacalhau.

E não me digam que o pai natal não existe que já tivemos de levar com o desaparecimento da Leopoldina e isso já é dor que chegue.