saga Bridgerton

A minha relação com a saga Bridgerton é inesperada. Comecei por ver a série na Netflix e nem sabia ao que ia. Ao comentar o quanto gostei, no instagram, disseram que existiam livros. O que me foram dizer!

A história é sobre oito irmãos e passa-se na Inglaterra do século XIX. A primeira temporada da série centrava-se em Daphne, a quarta irmã de uma família de oito, primeira mulher em idade de casar.

Acontece que os livros são nada mais nada menos do que nove. Um para cada irmão, pela ordem dos seus romances, sendo o nono uma espécie de epílogo mas já lá vamos. Ora, uma pessoa curiosa como eu nunca na vida ia esperar até a Netflix resolver falar de cada um. Comprei todos de uma vez em formato ebook por um preço muito simbólico na altura em que os encontrei (entre 2 a 4 euros, foi o preço de cada um). O engraçado aqui é que eles vão aparecendo nas histórias uns dos outros dando uma dimensão ao livro muito interessante.

Porque gostei tanto da saga Bridgerton?

Foi precisamente com a saga Bridgerton que comecei a gostar de ler em versão digital e a achar graça a romances de época. O estilo de escrita de Julia Quinn ajudou bastante para ambas as coisas acontecem. É uma linguagem absolutamente simples, inovadora e bem disposta. Fiquei muito surpreendida por ver romances de época escritos desta forma tão divertida. Sim, são todos absolutamente clichés, se querem já saber. Mas acredito que cumprem na perfeição o propósito de entretenimento.

Os Brigderton têm o verdadeiro amor de irmãos. Aquele tipo de “ninguém diz mal da minha irmã… só eu”! São muito bem humorados, inteligentes, têm mau perder e têm um hobbie em comum: chatear os irmãos. É a relação familiar entre todos, para além do romance e do mistério (nos primeiros quatro, já falarei sobre isso) que faz esta história ser fascinante.

Li os nove livros este ano. E estou condições de dizer a minha opinião sobre cada um dos irmãos Bridgerton, enquanto personagem, e sobre cada um dos livros enquanto trama. Se me é normalmente difícil escolher preferidos, no que quer que seja, aqui foi diferente e consigo fazê-lo perfeitamente, tendo quase estipulado um top.

Os meus Bridgerton preferidos

Colin é a minha personagem preferida e por consequência o livro IV que lhe é dedicado também. A seguir gostei da história entre Anthony e Kate. Daphne e Benedith, são mornos. Tal como os seus romances. No entanto fazem parte dos que mais gostei. Estes quatro, como são mais próximos em idade formam um quadro giro (sendo que Benedict desaparece do enredo, depois de casar, mais vezes do que eu gostaria). Do lado oposto está Francesca. É a mais afastada da família, não entrando em praticamente nenhuma das dinâmicas familiares. É a que gosto menos. Eloise é bastante melhor na série do que nos livros. Surpreendi-me com Hyacinth e Gregory, os irmãos mais novos. Já com muita distância, em termos de idade dos restantes, criaram uma relação própria.

Posso, portanto, afirmar que gostei bastante mais dos primeiro quatro livros do que dos seguintes. Sendo que os dois últimos melhoram um pouco.
O meu top vai para Colin, Anthony e Hyacinth.

Review resumida de cada livro da saga Bridgerton

Importa referir, antes de passar às reviews de cada livro, que os livros não estão por ordem cronológica de idades. Estão sim, pela ordem pela qual casam, com excepção apenas para Francesca. Há algumas situações, em diferentes livros, que acontecem quase em simultâneo na cronologia, mas tudo isso se vai percebendo. Não acho que se possam ler separadamente por serem romances individuais. Porque, como já disse, para além disso, existe a história da família, a relação entre eles, o facto de irem aparecendo mais tarde já com filhos e de nos primeiros quatro existir um mistério para resolver.

Ah, e não deem demasiada importância nem aos títulos nem às capas. Claramente, não compraria por impulso se os visse numa montra.

Crónicas de paixões e caprichos

Daphne Bridgerton é uma miúda ingénua. Simon é um duque tão bonito quanto reservado. Ambos decidem fingir que estão interessados um no outro para que ela atraia mais olhares dos homens e ele não seja chateado por todas as mães de Londres para que conheça as suas filhas. Nem preciso dizer como esta brincadeira terminará!

Daphne representa muito bem a curiosidade feminina, o querer mais, o conhecimento, as potencialidades e sobretudo as capacidades e o poder de uma mulher na sociedade, apesar de intimamente não fazer a mínima ideia do que fazer na noite de núpcias. E Simon pretende representar o lado masculino da sociedade, com o desinteresse pelos aspectos afetivos, revela-se um bom coração de carácter nobre e um lado emocional quebrado.

Conhecemos aqui Lady Whistledown, uma coscuvilheira anónima que edita o jornal da alta sociedade. Quem viu a série, sabe logo na primeira temporada quem ela é, mas nos livros só saberemos mais para a frente.

Peripécias do coração

Neste segundo volume centramo-nos em Anthony que já tínhamos conhecido como o primeiro dos Bridgerton (é fácil, eles estão por ordem alfabética) no livro anterior. Apesar de nos ser apresentado como machista, prepotente e mulherengo ele é demasiado agarrado à família, carregando um sentimento de dever após a morte do pai. Este é um livro que mergulha mais na família ao ficarmos a saber como morrer Edmund e porque é que Anthony está decido a não casar por amor.

E se no livro anterior tivemos a fórmula do “vamos fingir que somos namorados” aqui temos um brilhante “enemies to lovers”. Anthony quer casar com Edwina mas para isso tem que conquistar primeiro a irmã para que ela aprove a relação. A determinada Kate não gosta de Anthony e o sentimento é recíproco. Já estão a ver tudo, não é!?

O ritmo de escrita é arrojado e divertido e temos a intervenção de vários irmãos neste livro. Foi aqui que decidi que o Colin era o meu preferido.

Amor e enganos

Benedict é conhecido na sociedade como o número 2, coisa que detesta! Conhece uma rapariga num baile de máscaras que teve de sair apressada deixando só uma luva para trás. Onde é que já vimos isto? É verdade. O terceiro volume recria a história da cinderela, onde vamos ver o protagonista louco à procura de uma desconhecida. Sophie vive com quem? Com as meias irmãs e com madrasta má, pois claro!

Achei este livro mais centrado neles os dois e muito na história de vida de Sophie, não havendo lugar para a dinâmica Bridgerton. Mas há um pequeno brinde. Violet, a mãe Bridgerton tem um papel fundamental e mostra a fibra de que é feita, justificando na perfeição o carácter nobre de todos os seus filhos.

A grande revelação

Identifico-me com o humor, ironia, criatividade e gosto por viagens e escrita que o Colin tem. Apesar do seu carácter alegre há nele uma falta de propósito, algo que ainda está a descobrir. Este livro é muito isto. Isto e uma fórmula mágica desta vez chamada “friends to lovers”. Penélope é apaixonada por Colin desde que nasceu, praticamente. Mas para ele é apenas a amiga da irmã Eloise, uma mais encalhada do que a outra. Já que aos 28 anos nenhuma arranjou marido! Esta história é muito engraçada pois conta a energia das irmãs Eloise e Hyacinth, que ficamos a conhecer melhor.

Penélope é mais inteligente do que bonita. Apenas não sabe ainda que esse é um grande trunfo. Apesar de insegura é decidida e sabe o que quer, ao contrário que Colin, e é exatamente ai que se encontram. Apenas não gosto que a sua devoção a Colin seja tão intensa. A mulher não precisa disso. Muitas pessoas verão Colin como ciumento ou possessivo, mas eu defendo-o porque acabou de descobrir que gosta de uma pessoa que esteve ao seu lado a vida toda.

É neste quarto livro que o mistério sobre quem é a Lady Whistledown é desfeito. Quando ela decide aposentar-se praticamente há apostas na sociedade londrina para descobrir quem é.

Para Sir Philip com amor

Eloise Bridgerton é uma fala barato. Daquelas que nunca fica sem resposta. Mas tenho que confessar que é das únicas personagens de quem gostei mais na série do que no livro que lhe é dedicado. Esta história acontece no decorrer da anterior. Eloise desaparece no meio da festa onde foi revelada a identidade de Lady Whistledown, para ir conhecer o homem com quem tem andado a trocar cartas.

Philiph não tem grande graça e a ação centra-se muito na sua relação com os filhos. Aqui temos uma mensagem um bocado intensa e não vemos tanto a diversão que está presente nos livros anteriores (à excepção da intervenção dos quatro irmãos que vão tentar defender a honra de Eloise!)

A bela e o vilão

Francesca é a irmã mais distante e de quem pouco ou nada sabemos até chegar aqui. Precisamos compreender que a história de Francesca começa muito antes deste livro, mas não nos foi contada no seu tempo. É que Francesca nesta ordem cronológica está viúva. Ou seja ela casou algures antes do livro 3 e 4. Mas a ação que vemos neste livro é posterior a isso e portanto faz sentido.

Aqui ela vai viver uma luta interior para compreender que pode voltar a apaixonar-se. O livro está escrito de forma intensa e gosto muito da personagem de Michael, no entanto não chegou para me convencer e fica no final da minha lista.

Aquele Beijo

Aquele beijo volta dar-me a energia de que precisava após os dois últimos de que não gostei tanto. Não sendo o meu preferido, porque lhe falta o que eu mais gosto (a presença e dinâmica dos irmão todos) consegue dar-me algum alento por ter gostado bastante da Hyacinth, a caçula dos Bridgerton. Ela é bem inteligente, irónica e consegue sempre tudo o que quer. Muitos irmãos chegam mesmo a temer o pior quando ela está por perto.

Quando conhece Gareth a ação centra-se em ambos mas de uma forma diferente. Juntos vão tentar descobrir um tesouro perdido que pertence à família dele.

A caminho do altar

Neste livro, a autora decide dar-nos algo novo e começa a história de forma diferente. O primeiro capítulo começa no meio da ação. A princípio não compreendemos o que se está a passar e vamos ter de continuar a ler sem parar para perceber tudo.

Aqui vamos ter a premissa de que o primeiro amor nem sempre é o nosso grande amor. Gregory é o penúltimo irmão e tem grande diferença de idade para os mais velhos, sendo Anthony praticamente a sua referência paterna. A sua relação mais próxima acaba por ser com Hyacinth com tem uma relação de gato e rato amorosa!

Achei este livro aborrecido durante um bocado mas achei que valeu a pena pela reviravolta final, menos previsível que os anteriores, que achei que salvou o livro.

Os Bridgerton felizes para sempre

No nono livro, Julia Quinn dá-nos pequenos contos para sabermos como estão cada um dos casais que vimos nascer em cada livro. São histórias que acontecem posteriormente ao livro ter terminado. Não é nada de especial, é uma forma de a autora responder a algumas perguntas que os fãs iam fazendo e uma maneira de matarmos saudades deles.

Tenho de confessar que gostei do epilogo da Daphne, da Francesca e da Hyacinth (sendo este o melhor). Tive pena de não saber mais de Benedict porque o capítulo não lhe foi dedicado nem a ele nem a Sophie. E também não gostei do capítulo de Eloise ter sido dedicado a Amanda (sua enteada). Vamos acabar por saber de Eloise no capítulo de Colin e Penélope.

Importa salientar que pela primeira vez sabemos a história de Violet e Edmund que foi uma bonita surpresa.

Espero ter-vos convencido com esta conversa toda. Sinto que escrutinei sem dó cada um destes livros e personagens. Desculpem o entusiasmo e o tamanho do post. Juro que ainda tentei cortar partes na hora da edição!!!

Acho que deu para perceber o meu amor. São livros de entretenimento, leves e divertidos mas que até nos vão dizendo algumas notas importantes sobre os nossos comportamentos, medos ou dúvidas com algumas noções de nobreza de carácter. E algumas noções da sociedade do século XIX. São clichés na maior parte das vezes, não vão daqui ao engano. Mas quem não adora um bom romance cliché, digam lá?

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