Escolhi começar o ano com um texto sobre “Harry Potter – 20 aniversário – de volta a Hogwarts” porque sabia que me ia deixar feliz. Ver, recordar e agora escrever. Esta reunião dos actores está disponível na HBO Portugal desde o primeiro dia de 2022 e eu vi logo nessa manhã, tal era a ânsia. Ou a saudade!

Recebi o primeiro livro deste mundo mágico no Natal de 1999. Eu tinha 12 anos. Um a mais do que o Harry quando entrou em Hogwarts. Ao longo do tempo em que fui lendo não sabia como era privilegiada por estar a “viver” aquilo praticamente ao mesmo tempo do que eles.

Ler hoje é completamente diferente. Percebo tudo muito melhor e dou-lhe outro significado. Mas ler na altura foi praticamente ler em direto. Querer comprar cada livro no próprio dia em que saía e ver cada filme na estreia fazia-me sentir lá dentro.

Sabia lá eu que a Andreia do futuro, com mais de 30 anos, saberia falas de cor, iria reler os livros, ver os filmes vezes sem conta, visitar os estúdios em Londres, querer metade do merchandising que existe e reservar a manhã de dia 1 de Janeiro de 2022 para ver um documentário com actores a falar? Mas isto é normal? Bem, sim! Para mim é saudável, até!

Harry Potter – 20 aniversário – de volta a Hogwarts

Mal começam os primeiros acordes daquela música já se me arrepiam os pelos dos braços. Dá-me um arrepio. E lá vou eu outra vez. Caraças, é só uma história. É ficção. Não existe. Não há velas voadoras. Elas estavam penduradas num fio de pesca. E mesmo sabendo que é ilusão, soa a magia na mesma. Adoro acreditar.

O “Harry Potter – 20 aniversário – de volta a Hogwarts” está muito bem construído. Separado em capítulos percorremos a infância, a adolescência e a fase mais crescida dos atores principais – relacionando estas diversas etapas com o clima de cada filme.

Eles recordam como eram tratados exatamente de acordo com a fase de vida em que estavam. Eles contam que iam vivendo as mesmas fases das personagens. Por exemplo, tinham reparado que em “Harry Potter e o cálice de fogo” eles começam a despertar para os primeiros amores? Aquela parte do baile é a representação disso! Na vida real o cenário de gravações encheu-se de novos atores, por causa da chegada dos novos alunos para a participação no torneio. E tal como as personagens também os atores vivem com as emoções aos saltos. 

O que mais gostei?

Adorei quando a Emma Watson confessa que teve um pequeno crush pelo Tom Felton. Oi? Mas como assim? Esperem! Notei ali um carinho imenso na relação real entre ambos. Eles dizem que nada aconteceu entre ambos. Eu acredito… Mas fiquei a questionar-me: quão diferente (e interessante) poderia ter sido a história se a Hermione e o Draco se tivessem apaixonado! (Muitos emojis de mãos a tapar os olhos)

Uma vez pediram aos três protagonistas que escrevessem um texto sobre as personagens. O Daniel escreveu meia página e achou que estava incrível. A Emma escreveu 12 folhas inteiras. E o Rupert não fez o trabalho. Ele disse que era isso que o Ron faria. Desculpem, isto não é brilhante? É! E respondo por vocês. É como se eles fossem mesmo o Harry, a Hermione e o Ron. Eles confessam que às tantas era difícil distinguirem-se. Encontrar a sua própria pele.

Há tantas coisas giras, mas também gostei muito da recordação do primeiro beijo do Ron e da Hermione. Eles estavam tão nervosos que só se riam! O Rupert é tão tímido, não o imaginava nada assim. Achei que iria estar sempre a fazer piadas. Mas esse lugar cabe aos gémeos, sem dúvida, que mais uma vez encaixam que nem umas luvas nas personagens que interpretam. O Ron, no final de contas, era engraçado por natureza, não precisava de se esforçar para isso. Aliás ele nem queria, talvez, mas as suas expressões faciais são as melhores de sempre desde criança, até hoje, já pai de filhos e tudo. E sim, concordo com o que eles dizem…estão muito melhor na realidade do que os fizeram parecer naquele epílogo! Riam comigo!

O que gostaria de ter visto mais

Bem, eu por mim ficava a ver aquilo durante cinco horas, não sei se já perceberam. Portanto, eu incluía muito mais coisas.

Gostaria de ter visto mais aparições de J.K.Rowlling. Teve duas ou três falas. E claro, gostaria de ver os produtores, realizadores e roteiristas a falar um pouco mais sobre as mudanças que efecturam na história (só fizeram uma vez uma referência que nem se nota). Já sabemos que não há tempo para tudo, mas há mudanças estruturais importantes (a relação de Harry e Ginny perdeu força nos filmes, por exemplo), coisas que desapareceram (muita coisa sobre Voldemort, sobre Dumbledore, a história de Snape, e principalmente sobre aquele quarteto maravilhoso que eram Sirius, o Lupin, o pai do Harry e o rato do Ron) e…se não há tempo para tudo, para quê incluir coisas que não aconteceram nos livros, por exemplo? (indignada, aqui!)

Bem, em resumo, eu gostei imenso. Claro que vou ver outra vez. E recomendo a todos os fãs voltarem a sentir um bocadinho da força que esta história tem. Sabe muito bem. “Mesmo depois deste tempo todo? SEMPRE!”