início de ano

Então, não me apeteceu escrever os preferidos do ano num texto completamente cliché. Agora que o um novo ano começou será que já estou disposta a fazer um texto como deve ser? Claro que não. Dei comigo a pensar que o início do ano pode significar coisas completamente diferentes para cada um de nós. Lanço-vos a questão: para vocês o início do ano funciona como uma motivação ou uma pressão?

Houve tempos em que escrevia aqui os meus objetivos ou resoluções ou lá como se chamam. Até definia palavras para o ano. Quase sempre acaba por sair completamente ao lado, sabem? Não sabem? Nunca vos aconteceu? Estou a ser irónica. Eu até gostava de escrever esses textos. Eles ainda aqui estão.

Houve outros tempos depois em que escrevia esta coisa dos desejos num caderno para mim. E depois veio 2020. Estou a gozar. É só porque fica bem agora dizer que 2020 abalou as nossas estruturas, planos e tudo mais. Na verdade, sim. 2020 deu cabo de nós. 2021 também. Mas somos as mesmas pessoas. Não? Talvez façamos menos planos. Embora me custe horrores. Eu adoro planear. Acho que o tenho que fazer não é não planear, mas sim aceitar (melhor) quando os planos não acontecem. Fica bonito dizer. Pior fazer. Mas acho mesmo que vivia melhor se ficasse menos histérica quando a vida foge ao planeado do que vivia sem fazer esses mesmos planos. Sou fascinada pela qualidade de vida de quem deixa fluir. Mas acho que para mim funcionava melhor aprender a gerir, porém continuar a planear de alguma maneira.

Este ano escolhi não fazer nem o texto aqui, nem o texto pessoal. Tenho ideias. E isso basta-me.

O início do ano representa uma motivação extra ou uma pressão que pode tornar-se frustrante?

A questão real deste post é a seguinte: o início do ano é uma forma e motivação ou de enorme pressão? Rimas à parte, toda a gente a desejar bom ano e a fazer imensas idealizações de projetos é mais ou menos como ver toda a gente a dizer “vai ficar tudo bem” em plena pandemia ou serve realmente de energia e força para fazer o mesmo? Ou, por outro lado, ver toda a gente mega entusiasmada (e empenhada, calculamos, porque na verdade isso já não sabemos!) em realmente realizar coisas funciona como uma grande pressão para quem não está assim tão disponível para o fazer?

Ter objetivos nunca deve ser mau, atenção. Pelo contrário. Viver sem eles deve ser no mínimo aborrecido. O mau é quando não os cumprimos e ficamos a culpabilizar-nos a nós, à falta de tempo, à falta de paciência, de dinheiro ou de outra coisa qualquer que apareceu para nos impedir. Portanto, o mau é a forma como reagimos aquilo que não fizemos. Estou para cima de Gustavo Santos hoje, não estou?

Penso que temos que estar muito seguros de nós mesmo para não nos deixarmos influenciar negativamente por quem acha que no dia 1 de Janeiro há um reset geral e começa tudo outra vez. Isto num nível extremo de pressão pode resultar mal, deixando-nos deprimidos este início de ano e frustados ao longo dos meses por não realizarmos tudo a que nos propusemos à maluca! Por outro lado há quem precise exatamente desta dose toda de energia boa para se inteirar que é capaz de fazer tudo o que quiser. Todas as segundas feiras são boas, afinal.

A motivação pode transformar-se em pressão?

Depende da maneira como encaramos as coisas. O nosso estado de espírito influencia sempre a forma como nos sentimos. Acho que estamos de acordo com esta frase tão interessante.

Adoro escrever sobre motivação. Adoro motivar pessoas. Sou melhor a motivar alguém do que a mim própria, aliás. Já a pressão é a pior coisa que pode haver. Na minha opinião, claro. Há quem adore trabalhar lado a lado com ela. Eu não gosto. Acho-a inimiga da liberdade e da criatividade. Duas coisas de que eu preciso e respeito muito.

Há dias em que estamos virados para o lado em que vemos isso e há ouros em que não. Eu às vezes gosto da segunda feira porque olho para uma agenda vazia cheia de tempos e outras vezes odeio-a porque vai começar tudo outra vez!

Ter de estar sempre motivada seria uma pressão para mim. Deixaria de ser uma coisa boa. Ser alegre é-me natural. Ser motivada, não. Ser ou estar motivada é uma coisa que me faz estar desperta, realizada e feliz. Se isso for transformado em pressão de alguma forma deixará de ter a conotação positiva que eu gosto que tenha. Portanto, não, não estamos sempre motivados. Precisamente por isso é que fantástico quando estamos para sabermos reconhecê-lo e aproveitá-lo. Estou a dizer disparates? Vocês agarrem-me…

Posto isto, de que lado desta barricada que eu criei aqui se sentem neste início de ano? Embalados na onda de motivação para fazer coisas novas ou pressionados por todos os lados para fazer essas mesmas coisas? Quem são vocês? O que dizem “bom ano” até ao fim de Janeiro energeticamente ou os que perguntam “afinal, até quando é suposto desejar bom ano?”