O regresso de Julie Blue

“O regresso de Julie Blue” é um título enigmático. E eu adoro relacionar a história com o título. Comecei por ler uma história de suspense e mistério, depois passei para um young adult genialmente escrito. Houve momentos de ação e tensão. Passei por partes de romance contemporâneo e vislumbrei cenas de um policial para descobrir quem está por trás de algumas coisas que acontecem na trama. Como veem, este livro destaca-se, a meu ver, por ser e ter muitas coisas dentro.

“O regresso de Julie Blue”

A Júlia é uma jovem rebelde com o carácter todo no sítio, mesmo depois de se perder de si própria, após um desastre que lhe levou as pessoas de quem mais gostava. É o João, um jovem do bairro, com valores semelhantes aos dela, mas de um mundo completamente diferente, que a vai tirar do vazio em que vive, curando-se também um bocadinho a si próprio.

Uma história cheia de pequenas mentiras inocentes, enganos que custam demasiado caro, mistérios por desvendar e culpas que ainda não foram resolvidas. Interessante, envolvente, cativante, com ritmo e realismo. Afinal, porque é que a Júlia fugiu da aldeia piscatória que a viu crescer? E porque é que agora voltou?

As personagens

Tenho que destacar a belíssima construção de personagens desde a sua génese à sua evolução.

Olhem, nem lhes vou chamar personagens. A Júlia e o João são pessoas que não se esquecem. E, gente, é assim, a Iris Bravo é um génio a criar mulheres fortes, mas caraças, é exímia a dar-nos homens de olhos bonitos (misericórdia!) Como eu gosto de um homem que se expõe, sabem? Que se assume como bad boy e caí de amores, à primeira, por um sorriso. Ou por uma madeixa azul, no caso (estou a piscar-vos o olho, para irem ler!)

Fiquei completamente envolvida e rendida à história destes dois. Vacilei entre vários sentimentos ao longo da leitura. Ora estava enternecida, ora devastada. Passei por uma enorme tristeza. Dancei numa alegria desmedida. Sorri como se fosse eu a ouvir os primeiros acordes daquela música (que não posso dizer qual é). E ri-me, descaradamente, de alguma coisa que eles disseram um ao outro, várias vezes.

Os diálogos

O dom de escrever e descrever de forma simples, como realmente falamos, facilita a conexão do leitor com a história. Senti muita proximidade à realidade tanto na personalidade das personagens como nos diálogos.

Isto é um aparte, mas vejo muitas vezes romances em que os diálogos são desconexos, sem sentido, forçados ou totalmente irreais (em que as personagens dizem coisas que sinceramente ninguém diz ou de uma maneira que ninguém fala o que se torna constrangedor). A Iris Bravo tem a facilidade de construir cenários, situações e principalmente conversas absolutamente possíveis e reais. Já o tinha feito com “A terceira Índia” e com a “A nova Índia“. Volta a mostrar esta sensibilidade em “O regresso de Julie Blue”. Eu sinto que estou a ouvir aquelas pessoas. Soa-me a verdade.

A história

Por ter adorado o romance destes dois e estar focada em vivê-lo, diretamente do meu sofá (tipo, mas que idade é que eu tenho! Isto é ficção Andreia Moita!), não fiquei com tempo para descobrir afinal o que é que se passava no enredo. Depois de a Júlia ter voltado ao sítio onde já tinha sido feliz, fui surpreendida com algumas revelações, coisa que eu adorei.

Além de romance, “O regresso de Julie Blue” tem um certo suspense e coisas por explicar e resolver. Isto faz com que seja quase impossível parar de o ler. Este é daqueles livros que eu queria continuar a ler porque me sabia mesmo bem. E ao mesmo tempo queria saber o que se passava.

Agora que já sei, ficava lá só mais um bocadinho. Tomava na boa mais uma bebida no The One de 1998 ou (se tivesse mesmo de ser) um daqueles batidos saudáveis no de 2013. Julie Blue, ainda bem que voltaste.

 

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