Há dias…

Há dias em que somos os melhores do mundo. Em que acreditamos mesmo nisso. Há dias em que tudo o que fazemos dá certo. A motivação está ligada. A segurança aumenta. A capacidade para fazer uma e outra coisa parece infinita. Temos a certeza de que estamos no caminho certo e de que está tudo. Palmas para nós.
Há outros dias em que está tudo errado. Para lá de mal. Fazemos porcaria. O leite derrama no chão, a roupa prende na maçaneta da porta. Batemos com o mindinho na esquina da cama. O nosso trabalho foi arrasado por alguém. Não percebem o que dizemos. Discutimos. Não temos inspiração suficiente para alguma coisa. Ficou aquém. Não só não resolvemos um problema como arranjámos mais um. A criatividade deu lugar à insegurança, à incerteza e ao pensamento autodestrutivo. Olá, autosabotagem.
E é muito difícil prosseguir a partir daqui. O nosso trabalho é horrível, as pessoas não gostam de nós, não fazemos nada bem, somos embustes, fraudes! Sentimo-nos como se estivéssemos na primeira volta do Monopólio enquanto os outros já estão a comprar o Rossio. Já nada a que nos propusermos será suficiente. Aquela ideia incrível na gaveta deixa imediatamente de fazer sentido. Qualquer coisa é posta em causa e provavelmente não valerá a pena.
Basta um dia dos maus para desmerecer todos os bons. Porquê será? Também pensam nisto? Há dias que são bons e há dias que são maus. Obviamente que depois tudo passa e os dias bons voltam a imperar. Mas porque será que os dias maus têm mais força?
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