Apercebi-me que escrevo no blog há mais de 10 anos. Achei que fazia este ano mesmo. Mas afinal são 11. (Perdeu a piada, mas enfim). Costumo dizer que o blog é egocêntrico porque é sobre mim. Não sobre a parte mais intima porque essa não sei ou não quero (d)escrever tanto. Mas mantenho o propósito até aos dias hoje: escrever coisas que vejo, faço e penso, em formato entretenimento. Depois do blog já aconteceu muita coisa, mas hoje venho fazer reflexão blog vs redes sociais.

Reparo que ao ter um blog nunca me importei muito com o número de visualizações. Bom, será hipócrita e mentiroso dizer que não quero saber. Claro que se escrevo publicamente é com o objetivo de alguém ler, caso contrário escrevia num diário fechado à chave. O que quero dizer é que do blog nunca pensei em desistir. Não mantenho a mesma relação com ele do que mantenho com outras coisas semelhantes. Eu sei que vou continuar a escrever aqui mesmo que haja zero pessoas a ler.

As redes sociais

No instagram tudo é mais imediato e passa depressa. Penso muitas vezes que se calhar se as pessoas não gostaram, comentaram ou partilharam é porque o conteúdo não é suficientemente bom. Sim, há pressão. Independentemente da forma como reagimos e do que fazemos com ela. Sim, há necessidade de reconhecimento, de interação e em ultima instância, validação. E, sim, há comparação. Lá, penso em não publicar. Penso que não vale a pena. E passado alguns dias, mordo a língua da incoerência e escolho continuar. Porque adoro fazer o que faço lá (e de alguma forma posso escudar-me com o algoritmo). De qualquer forma, é absolutamente diferente daquilo que sinto em relação ao blog.

O blog

No blog continuo por mim. Porque é efetivamente o que mais gosto de fazer, com ou sem reconhecimento. Em qualquer rede social é exatamente isso que se espera. Reputação. Os números são muito pesados por lá. Aqui não. É muito leve e fácil estar aqui. Um ambiente controlado, vá.

As diferenças entre o blog e as redes sociais

Nunca tem a ver com o trabalho que cada coisa dá. Porque se gravar um vídeo pode parecer (e é) complicado. Escrever não lhe fica nada atras. E há quem faça uma coisa e não seja capaz de fazer a outra. Eu faço ambas de forma medíocre.

Para gravar um video ou mesmo até para tirar um fotografia é preciso luz, espaço e desarrumar a casa. Um bom enquadramento. Posicionar as coisas no sitio certo ou favorável. Um bocado de criatividade. Acontece tirar a mesma foto de vários ângulos e não gostar de nenhuma. Ou repetir o mesmo movimento e voz, no caso dos videos, Saber mexer na máquina. Skills de edição. Para escrever um texto além da boa ideia é preciso tempo. Sentar confortavelmente. Conseguir apagar o que já foi feito e refazer com outra palavras. Aceitar quando a inspiração está ausente. Rever. Corrigir erros. Optimizar para os motores de busca.

A opinião dos outros

Recentemente, quando lancei o podcast disse que preferia que ninguém ouvisse do que fosse ouvido por muita gente que não gostasse. A verdade é que sim, prefiro uma coisa a outra. No entanto, o podcast também se afigura diferente quanto às expectativas. Faz-me mais confusão que ninguém o ouça do que ninguém me leia. Faço-me entender? Tal como fico mais triste que ninguém veja os meus videos no instagram do que se ninguém me ler aqui.

Não é isto um contra senso? Nunca foi fácil ser Andreia Moita. Estar dentro da minha cabeça é confuso, até para mim. Se escrever é o que mais gosto de fazer não era suposto querer que me lessem mais do que quero que me ouçam ou vejam? Vou tentar explicar. É que de todas, escrever é a única que eu não vou deixar de fazer. Não me afeta tanto que não leiam porque não vou parar. Então, é como eu se nas redes sociais precisasse de validação para continuar e aqui não. As outras coisas, se não virem ou não gostarem será mais fácil para mim aceitar, sucumbir ao fracasso e deixar de fazer (ainda que não tenha de fazer, como aliás não faço) Escrever não. Eu vou querer escrever sempre. Era preferível que lessem, mas se não lerem eu não me vou importar. Gosto mesmo de fazer isto.